Em reunião com veículos da comunicação do Espírito Santo nesta quinta-feira (30), o Secretário Estadual de Saúde, Nésio Fernandes falou sobre a condução dos trabalhos de enfrentamento à covid-19 no Estado. Para ele, os capixabas precisam entender a importância de ficar em casa para que a força-tarefa criada para evitar a propagação do vírus seja, de fato, efetiva.
“As pessoas precisam acreditar no diagnóstico clínico da doença. Afirmo o seguinte: para 80% a 90% dos pacientes simples, não está clara a importância de ficar em casa em um quarto durante 14 dias. Eu fiquei três dias em isolamento por conta de uma suspeita. É difícil, mas tem que ser feito”, disse.
Nésio também comentou sobre o que tem visto nas ruas e lamentou constatar que o capixaba afrouxou as medidas contra o isolamento social, o que indica alto risco para transmissão da doença.
“O que eu vi essa semana onde eu moro, em Jardim Camburi, um dos locais com mais contaminados, é desesperador. A quantidade de pessoas na rua, aglomeradas, com um grau de risco absurdo. E de fato, se a gente não conseguir distanciar as pessoas do contato direto, nós não vamos conseguir romper com a cadeia de transmissão. Nós vamos viver nas próximas semanas dias difíceis, a gente caminha para ter um situação muito tensa. O problema é que um virus muito danado, quando ele chega em uma UPA ou em um PA ele desorganiza a gente”, disse.
O secretário pontuou ainda sobre a forma como o governo federal vem conduzindo os trabalhos de enfrentamento a pandemia no Brasil. Para ele, a não uniformidade institucional entre Estados e Brasília, agrava o processo e prejudica a ajuda aos pacientes e de todos da população, que são afetados de diversas formas pela doença.
“Nesse momento nós temos uma situação em que o país, tem uma acefalia na condução necessária para o enfrentamento da covid. A guerra de narrativa e a não uniformidade institucional do país para condução da pandemia, estabelece um agravante gigantesco para o processo. A responsabilidade que caiu sobre governadores, prefeitos e sobre a sociedade é desproporcional ao poder delegado a essas autoridades. Quem tem o poder de interferir diretamente na economia, na sociedade, colocar as forças armadas nas ruas, de intervir na indústria, fazer grandes acordos nacionais é a presidência da república. Quem tem condições de poder usar as reservas nacionais, fazer medidas gigantescas, salvar o povo que está na miséria e sem trabalho é a União”, afirmou.
“É terrível enfrentar uma pandemia onde o governo federal não tem um propaganda pedindo para lavar as mãos, você não tem uma propaganda do governo federal falando que pelo menos exista uma pandemia”, completou.