A ocupação de leitos de UTI por pacientes que lutam contra outras doenças, diferentes do coronavírus, é baixa no Espírito Santo. Segundo especialistas, isso acontece por conta de menos carros nas ruas, menos acidentes e menos vítimas que precisam ocupar as unidades de terapia intensiva no Estado.
Para o médico intensivista, Vitor Dalla, a rotina pode ser dividida em antes e durante a pandemia. “Antes da pandemia, se atendia a infartos, acidentes vasculares cerebrais, infecção generalizada e traumatismos. Mas hoje em dia, grande parte das UTI’s tanto da rede pública, como da rede privada, são mais direcionadas a pacientes de covid-19”, explicou.
A situação apresentada pelo médico também foi confirmada pelo Secretário de Saúde do Estado, Nésio Fernandes, na última quarta-feira (17), em uma entrevista à Pan News Vitória. O secretário afirmou que a ocupação de leitos de UTI para pacientes que não estão com coronavírus está baixa. Segundo ele, há alguns dias não há nenhum paciente das áreas ortopédica e cardiovascular nas unidades de terapia intensiva do Estado.
“Esse comportamento diferente das demais doenças no Estado tem também retirado uma pressão assistencial, que era constante no sistema, permitindo que ele se equilibre nessa oferta”, disse Nésio.
Mesmo com os números relativamente baixos, vale ressaltar que as outras doenças não deixaram de existir. O fato é que o isolamento social reduz as chances de acidentes de trânsito, grandes causadoras de traumas, que levam os pacientes para a UTI.
Segundo o coordenador, Paulo Gouvêa, do Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus do Conselho Regional de Medicina, outro fator que colabora com a baixa ocupação nos leitos, por conta de outras doenças, está no adiamento de cirurgias em pacientes que podem esperar. “A baixa ocupação dos leitos de não covid-19 deve ao distanciamento social, com a redução dos leitos pelos traumas. Outro motivo para a redução, a suspensão das cirurgias de grande porte, como neurocirurgias, ortopédicas, cardíacas, entre outras”, disse.
Ao observar os números do Batalhão de Trânsito, no Estado em abril de 2019, foram 1563 acidentes. Já em abril deste ano, foram 662, menos da metade. O número de vítimas também caiu, se comparado os dois períodos, de 548 para 313.
No entanto, o afrouxamento das medidas de isolamento social preocupa, já que as vítimas de traumas pode voltar a pressionar o o sistema único de saúde, provocando uma concorrência ao leitos de UTI. Mas outra preocupação é com a demanda reprimida, pacientes que estão adiando cirurgias podem ter doenças as agravadas.
De acordo com Paulo Gouvêa, as cirurgias eletivas ficam a cargo do julgamento do médico, da possibilidade de postegar ou não o procedimento, sobre o risco de agravamento.
A equipe da Rede Vitória questionou a Secretaria de Saúde do Estado sobre o número de leitos ocupados por pacientes que lutam contra outras doenças, mas não recebeu retorno.
*Com informações da Andressa Missio da TV Vitória / Record TV