Imagine essa situação: você passou a maior parte da sua vida de forma normal, sem enfrentar nenhum problema de saúde. Mas, com o tempo, perde a visão e ainda se vê em uma situação de conflito familiar, vivendo uma situação de violação de direitos.
Foi o que aconteceu com um idoso de 72 anos, que por viver em situação de risco não será identificado nesta reportagem. Com a perda da visão e a falta de suporte para se adaptar ao novo desafio, ele passou a viver de forma isolada.
Uma boa parte desse período de reclusão foi acompanhado pelo Henrique Tavares, que é instrutor de oficinas de Vitória e, por meio das artes visuais, atende pessoas que passam por alguma situação de violação de direitos.
Foi através da arte que o idoso passou a ter novas experiências e entender que poderia viver explorando outros sentidos.
“Quando comecei a acompanhar a rotina dessa família percebi que o idoso já não tinha mais vontade de viver. Pra ele, perder a visão foi dolorido. Por isso o objetivo era mostrar como os outros sentidos poderiam ajudá-lo a voltar a ter boas experiências”, contou Henrique Tavares.
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Pouco a pouco, o idoso foi se adaptando aos novos desafios e encarando a arte como aliada na nova fase. Passou a conhecer novas texturas e objetos.
O trabalho foi todo adaptado para que ele pudesse explorar todas as atividades possíveis. E assim ele conheceu a pintura, o artesanato e até atividades com argila.
O mesmo trabalho se estende a outras famílias de Vitória que são acompanhadas pelo Serviço Especializado de Atendimento Domiciliar ao Idoso e Pessoas com Deficiência, o Sead, da Secretária de Assistência Social da Capital.
São pessoas que vivem – ou já vivenciaram – em situação de violação de direitos e passaram a contar com profissionais de diversas áreas pra ter o suporte social necessário.
“O acolhimento a essas famílias é dado de diversas formas, desde o trabalho com assistentes sociais e cuidadores socias, passando por orientações com assessores jurídicos, até chegar a essa forma mais lúdica com instrutores de oficinas”, explicou Cintya Schulz, secretaria de Assistência Social de Vitória.
As oficinas de artes são realizadas na casa de cada família, e o primeiro desafio do instrutor é identificar o que cada pessoa gosta de fazer, e a partir disso desenvolver as atividades.
Em alguns casos, os materiais usados passam por adaptações para que os assistidos possam aproveitar ao máximo cada experiência. E assim, novos talentos também vão aparecendo a cada visita.
“Nós trabalhamos com inclusão. Por isso, tentamos sempre acabar com qualquer dificuldade que possa impedir a pessoa de fazer as atividades. Temos assistidos com limitações físicas, visuais… Mas queremos que eles tenham autonomia, e fazemos de tudo pra que isso aconteça”, reforçou o instrutor Henrique Tavares.
O acesso ao Sead acontece por meio dos Centros de Referência Especializado e Assistência Social de Vitória, o Creas.
São três unidades espalhadas pela capital capixaba. Além disso qualquer denúncia de casos de violação de direitos podem ser feitas pelo 156 ou Disque 100.
CONFIRA OS ENDEREÇOS
Creas Região Bento Ferreira – Avenida Carlos Moreira Lima, 451, Bento Ferreira.
Creas Região Centro – Rua Aristides Freire, 36, Centro.
Creas Região Maruípe – Rua Dom Pedro I, 43, Maruípe.