Setembro é o mês em que a doação de órgãos ganha ainda mais destaque e várias ações são realizadas para conscientizar as pessoas sobre a importância de se tornar um doador.
No último domingo (3), um helicóptero da Polícia Militar (PM) que transportava órgãos, pousou em um hospital, em Campo Grande, no município de Cariacica no início da tarde. Durante a madrugada, a equipe médica já trabalhava para realizar o transporte. A aeronave saiu de Cachoeiro de Itapemirim levando coração e fígado de um doador de 22 anos, que morreu por conta de uma queda no interior do Estado.
Emocionados, familiares de um dos pacientes que aguardavam pelo transplante acompanharam a chegada dos médicos e enfermeiros.
Eduardo Ambrósio é professor, e aguardava por um fígado. Há quase dois anos, ele descobriu um câncer grave e desde então, passou dias aguardando o órgão. “A gente fica um pouco indeciso, porque a tomada de decisão é muito importante nesse momento para a tranquilidade dos médicos. Espero ter uma vida nova, paz e saúde”.
De acordo com o médico Gustavo Peixoto, um fígado pode ficar até 14 horas fora do corpo, mas quanto mais rápido for a cirurgia, maior a possibilidade de dar certo. “A gente tenta trabalhar com um ‘time’ de até 8 horas. Como esse fígado veio do interior do Estado, a gente tem uma questão logística de umas 2 horas, além do tempo de retirada. Ficamos bem em cima do tempo.”
Na recepção do hospital estava a família de Maria da Penha, que soube pelo telefone que receberia um novo coração. Maria sofreu um infarto e passou a viver com apenas 20% da capacidade cardíaca. “Ele começou a chorar, ajoelhou no chão e a família inteira começou a chorar junto. Nesses dois meses foi uma luta constante”, contou a irmã de Maria, Alice Manforte.
Dessa vez, um único doador vai poder salvar quatro vidas. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), a maior dificuldade ainda é convencer os familiares após a morte do ente querido. “A gente entende que é um momento de muita dor para a família, mas aproveitamos para agradecer a essa família doadora”, disse Raquel Matiello, coordenadora da central de transplantes do Estado.
Os transplantes realizados no fim de semana foram os primeiros do mês de setembro. Segundo o médico, a imunização contra a febre amarela, esse ano, influenciou na redução dos números de doações de alguns órgãos no estado. “Tivemos uma queda no número de transplantes por conta da febre amarela, onde o Estado todo foi vacinado. Ficamos 30 dias sem poder receber doação”, informou Peixoto.