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Otan rejeita zona de exclusão aérea e alerta para agravamento em ofensiva russa na Ucrânia

Os 30 países membros da aliança mantiveram, nesta sexta-feira, a decisão de não entrar em território ucraniano por receio de uma escalada da violência

Foto: Serviço de Estado da Ucrânia para Emergências

Após reunião dos países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o secretário-geral da aliança militar, Jens Stoltenberg, afirmou nesta sexta-feira (4) que os 30 países membros mantêm a decisão de não entrar em território ucraniano por receio de uma escalada da violência. 

A Otan vem apoiando a Ucrânia desde 2014, com treinamento militar e fornecimento de armamentos, mas, como o país não faz parte do bloco, a decisão é de que a aliança militar não participe ativamente na guerra.

“Nós já deixamos claro que não vamos entrar na Ucrânia, nem no espaço aéreo, nem em solo. Se nós fizéssemos uma zona de exclusão aérea, teríamos que mandar aviões nossos e derrubar aviões russos. Nós entendemos o desespero [da Ucrânia] mas também acreditamos que se fizéssemos isso, levaríamos a uma guerra total na Europa, envolvendo muito mais países e causando muito mais sofrimento. É muito dolorosa essa decisão. Nós impusemos sanções severas e aumentamos o apoio, mas não podemos participar diretamente do conflito”, explicou Stoltenberg.

A posição da organização também foi defendida pelo chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, nesta sexta. “Juntos, estamos garantindo que ninguém ataque o território da Otan”, disse ele a repórteres, observando que a aliança posicionou tropas adicionais em seus Estados membros do leste para esse fim.

A Ucrânia cobrou da Otan, nos últimos dias, uma zona de exclusão aérea onde aviões de outros países pudessem ajudar o exército ucraniano na defesa do país, mas os membros da aliança militar temem que essa medida possa gerar uma guerra nuclear. “Não devemos ter aviões no espaço aéreo nem tropas na Ucrânia”, disse Stoltenberg.

O artigo 5º da Carta da Otan afirma que, se um país da aliança for atacado, todos os outros países se envolverão na resposta. Stoltenberg afirmou que a Otan precisa ser pragmática e que o princípio da aliança é de defesa. “A Otan só agirá para se proteger”, disse, lembrando que 1 bilhão de cidadãos vivem nos países do bloco.

Stoltenberg ressaltou que a Otan defende uma solução pacífica e diplomática e reforçou os pedidos para que o presidente russo, Vladimir Putin, aceite conversar para reduzir as tensões e encontrar uma saída para o conflito.

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Agravamento em ofensiva russa na Ucrânia

Jens Stoltenberg disse ainda que os próximos dias “provavelmente serão piores” na guerra da Ucrânia, à medida que o aumento da ofensiva militar russa provoca “mais mortes, mais sofrimento e mais destruição”.

Foto: Divulgação
Stoltenberg afirmou que os próximos dias “provavelmente serão piores” na guerra da Ucrânia

O secretário-geral da Otan destacou que essa é a pior agressão militar em quatro décadas. “Temos cidades sitiadas, escolas, residências atacadas, um ataque contra uma usina nuclear e muitos civis feridos ou mortos. Os dias a seguir, provavelmente, serão piores, com mais mortes, mais sofrimento e mais destruição”.

Ainda segundo Stoltenberg, Moscou está pagando um “alto preço” pela invasão, mas a Otan está disposta a manter abertos os canais diplomáticos com o Kremlin.

Zelensky faz apelo a líderes globais após ataque a usina nuclear

Também nesta sexta-feira, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, fez um apelo emocionado aos líderes globais, para que pressionem a Rússia pelo fim dos ataques ao país. O discurso ocorreu após a usina nuclear de Zaporizhzhia ter sido bombardeada e pegar fogo.

Zelensky lembrou que a radiação não conhece fronteiras e não sabe onde acaba a Ucrânia e onde começa a Rússia. “Se acontecer alguma coisa, o problema é da Europa toda”, disse o mandatário ucraniano, alertando para o perigo de um acidente nuclear, após o ataque russo.

O secretário de segurança dos Estados Unidos, Anthony Blinken, que foi a Bruxelas participar da reunião da Otan, reforçou que a aliança é de defesa e não buscará o conflito. “Se o conflito vier até nós, estamos prontos para defender cada centímetro do território da Otan”, reforçou.

* Com informações da Agência Brasil e Estadão Conteúdo