
Durante pronunciamento realizado na tarde desta sexta-feira (19), o governador Renato Casagrande anunciou um pacote de medidas de auxílio ao setor econômico do Espírito Santo chamado de “Plano Espírito Santo – Convivência Consciente” que vai injetar R$ 1,8 bilhão na economia.
Apesar do anúncio, micro empresários, empreendedores e especialistas não ficaram empolgados com o anúncio e afirmam que as medidas não vão resolvem e nem minimizar a crise financeira que atravessam.
De ambulantes a lojistas, quem depende do comércio como fonte de renda tem sentido no bolso os prejuízos durante a pandemia e, agora, durante o fechamento total das atividades não essenciais. Os empreendedores que a reportagem entrevistou dizem que o plano econômico não trazem segurança.
O vendedor ambulante Johnson Apolinário vende bombons nas ruas de Cariacica. Clauzira Monteiro também é vendedora ambulante e trabalha no Centro de Vitória. César Saad tem uma loja na Praia do Canto, em Vitória. Os três contaram que sobrem com os impactos provocados com a redução drástica nas vendas.
As medidas adotadas pelo governo capixaba incluem prorrogações de prazos para a quitação de débitos e de impostos, além da abertura de um programa específico para manutenção de empregos.
Para o ambulante Johnson, que possui CNPJ de Microempreendedor Individual, a possibilidade de empréstimo sem juros e com carência de seis meses é uma opção a ser pensada a curto e médio prazo. Enquanto isso, ele segue na tentativa de melhorar as vendas em postos de combustíveis, padarias e outros estabelecimentos comerciais considerados essenciais, que não estão proibidos de funcionar, apesar das limitações de horários.
“Eu não posso me dar ao luxo de não ir para a rua, lógico que eu vou com todas as precauções possíveis, porém não tem como eu ficar em casa esperando as coisas acontecerem, até mesmo porque eu tenho família, tenho filhos e eu acredito que essa também é a realidade de muitos trabalhadores hoje”, disse o vendedor ambulante.
Clauzira Monteiro que vende lanches no centro de Vitória teve que se adaptar. Sem poder contratar motoboys que possam executar o serviço de delivery, ela mesma está fazendo as entregas.
“Com essa nova restrição, eu estou trabalhando da seguinte forma: entro em contato com os meus clientes mais frequentes através do whatsApp. Passo para eles um cardápio e eles escolhem o que vão querer. Depois eu marco um horário e faço as entregas. Em 20 ou 30 minutos no máximo eu volto para casa para não desobedecer a ordem da restrição”, explicou.
Na Praia do Canto, a loja de César está cumprindo o decreto estadual e funciona apenas com delivery. Sobre as medidas anunciadas, ele acredita que poucas pessoas vão se aventurar nos empréstimos pois muitos já estão endividados. O vendedor defende algo mais robusto como a isenção de impostos para os comerciantes.
“Nós precisamos que alguns impostos deixem de ser cobrados e com isso, a gente ganha um fôlego a mais. Esses empréstimos precisam ser pagos. Esse recurso vai ser, basicamente, para pagar os empréstimos do ano passado, porque o movimento que tivemos em 2020 não deu nem para pagar os empréstimos”, contou.
De acordo com o economista Wallace Millis, o pacote econômico anunciado pode dar um fôlego a curto prazo, mas está longe de ser uma solução definitiva para pequenos e médios empresários. Millis reforça que para microempreendedores e trabalhadores informais a solução seria uma ajuda financeira direta, como o auxílio emergencial.
“Postergar pagamento e liberar crédito para essas pessoas, significa prolongar o sofrimento no futuro. O que resolve mesmo é a injeção de recurso, dinheiro novo na economia”, afirmou.
* Com informações do repórter Alex Pandini, da TV Vitória/Record TV.