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Padre “advogado” de Anchieta fala detalhes sobre processo de canonização

Missa de devotos do agora santo, José de Anchieta Foto: TV Vitória

Quase 500 anos após sua morte, José de Anchieta foi celebrado por católicos de todo o país pela canonização do então beato. Foi a conclusão de um trabalho da chamada Companhia de Jesus, que entregou ao Vaticano um documento com registros de 35 paróquias dedicadas ao religioso e 1154 divulgadores, que rezam e propagam a fé por meio de grupos de oração.

“A canonização de Anchieta é muito importante para o Brasil e para o Espírito Santo. O trabalho missionário dele dá mais visibilidade para o país e para o Estado, principalmente no turismo religioso, que é uma consequência da canonização”, diz o padre jesuíta César Augusto dos Santos, vice postulador, espécie de advogado da causa da canonização de José de Anchieta.

O padre foi canonizado em Roma pelo Papa Francisco que assinou um decreto após pedido da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Para a iniciativa, o Papa Francisco dispensou a comprovação de um milagre, para a canonização do padre Anchieta. “Na história da Igreja, houve muitos casos semelhantes. Mesmo porque a exigência de comprovação de milagres é relativamente recente”, explica o padre César Augusto.

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Durante o trabalho de levantar informações que comprovassem a santidade de Anchieta, o padre César Augusto buscou apoio científico, fazendo mestrado em História do Brasil Colonial, além de viajar algumas vezes às Ilhas Canárias, Coimbra, Roma e cidade de Anchieta (ES). Ele também realizou várias visitas à biblioteca do Pateo do Collegio, em São Paulo.

Anúncio de santificação surpreendeu fiéis

O anúncio da santificação de Anchieta, realizado em fevereiro pelo arcebispo de Aparecida (SP) e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNNBB), o cardeal Raymundo Damasceno Assis, surpreendeu os fiéis, uma vez que a canonização por decreto, forma de santificação de José de Anchieta, foi uma decisão pessoal do papa Francisco. A Santidade dispensou a aprovação de um milagre, um dos requisitos que impedia a canonização do padre.

Canonização de Anchieta aumentará em 70% o número de andarilhos no ES

O número de andarilhos que percorre os caminhos do Padre José de Anchieta, em terras capixabas, deve aumentar em 70% por conta da canonização do beato. A expectativa é referente às caminhadas fora de época.

Na caminhada oficial dos Passos de Anchieta, que acontece anualmente durante o feriado de Corpus Christi, esse número dever chegar a 50%. Atualmente, 5 mil pessoas realizam a caminhada que vai de Vitória a Anchieta, em um total de 100 km.

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Beato foi declarado santo no dia 2 de abril Foto: Divulgação

A vida e canonização de Anchieta

1597: José de Anchieta morre, aos 63 anos, em Reritiba, Espírito Santo.
1617: os jesuítas brasileiros oficializam junto à Companhia de Jesus, em Roma, o pedido de canonização do padre.
1634: as regras de canonização são mudadas pelo papa Urbano VIII (1623-1644). passa a ser necessário esperar 50 anos da morte do candidato a santo para o Vaticano começar a examinar os processos.
1649: o episcopado brasileiro retoma os pedidos de canonização – 52 anos após a morte de Anchieta.
1652: Anchieta é declarado servo de Deus pelo papa Inocêncio X (1644-1655).
1668: a causa é interrompida pela Companhia de Jesus, por falta de recursos.
1736: Anchieta teve declaradas as Virtudes Heroicas pelo papa Clemente XII (1730-1740).
1773: processo de canonização é interrompido, após o papa Clemente XIV (1769-1774) decretar a supressão da Companhia de Jesus.
1980: Anchieta é beatificado pelo papa João Paulo II (1978-2005) – a última etapa que antecede a canonização.
2013: a CNBB pede ao papa Francisco a canonização de Anchieta.
2014: o Vaticano confirma que Anchieta será declarado santo, mesmo sem a comprovação de um milagre.

Fonte: Santuário Nacional São Jose de Anchieta