Grandes empresas de segmentos do consumo e volume elevado de embalagens associados aos seus produtos começaram uma campanha para reforçar a conscientização sobre a necessidade da reciclagem. O primeiro passo: o dicionário.
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A palavra lixo passou a ter uma nova definição no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa e no serviço Amazon Alexa: sai “objeto sem valor ou utilidade, que se joga fora” e entra “qualquer material que ainda não pode ser reciclado, reutilizado ou compostado”.
Segundo informações apuradas pelo Estadão, essa é a primeira ação do movimento “Juntos pela Reciclagem”, liderada por empresas como Nestlé, Pepsico, Cargill, Unilever e iFood ao lado da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), a ABIPLA (Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profissional (ABIPLA) e também à Associação Nacional dos Catadores (ANCAT) e às empresas Menos 1 Lixo e Yattó, para despertar um novo olhar para o valor do resíduo.
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Para a bióloga embaixadora pelo Instituto Lixo Zero Brasil no Espírito Santo, Grazielli Pirovani, apesar deste novo conceito não ser novidade para grupos que atuam com reciclagem e sustentabilidade, esse é um primeiro passo para uma mudança de pensamento na sociedade.
“Fica mais fácil a associação do novo conceito aos resíduos gerados por cada um, surgindo aí uma tentativa de mudar a imagem que a população tem do lixo, porque a imagem que vem à mente quando se trata da palavra nem sempre é boa”, afirmou.
Também atuante na educação ambiental, Grazielli acredita que essa mudança possa surtir efeito, também, para pessoas que dependem da reciclagem como fonte de renda.
“E aí o que é descartado por um, pode vir a ser renda e oportunidade para muitas famílias, trazendo benefícios, como as associações de catadores de materiais recicláveis”, acrescentou a embaixadora.
“A língua é viva”, diz professor sobre mudança em dicionário
Sobre a mudança do significado da palavra “lixo” no dicionário, o professor de Língua Portuguesa Lúcio Manga enxerga como um ponto positivo, considerando que a língua é um componente “vivo” e que pode ser moldado conforme as gerações, especificamente sobre este caso, gerações que se preocupam com a sustentabilidade.
“A língua é viva porque as gerações vão construindo uma linguagem própria, adaptando termos e concebendo explicações para que essa mudança atenda essa necessidade do século XXI que está muito ligada à ideia de sustentabilidade e de preservação ao meio ambiente”, explicou.
O especialista ainda acrescenta que a mudança no conceito também serve para mudar a leitura de mundo das pessoas.
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Ao analisar um cenário futuro, Manga afirma que o trabalho da atualidade possa surtir efeitos positivos para as próximas gerações que já carregarão um novo conceito sobre algo que impacta negativamente o meio ambiente.
Imagine as gerações futuras quando os professores passarem um trabalho com essa discussão e elas pesquisarem o significado no dicionário. Automaticamente ele vai ter um conceito de um novo tempo, de um olhar diferente sobre um elemento que, dentro da sociedade, impacta negativamente o meio ambiente”, disse.
Falando em impacto, segundo dados do Estadão, em todo o Brasil, mais de 800 mil catadores vivem da reciclagem. Porém, apenas 4% dos resíduos gerados são reaproveitados, o que representa um enorme potencial.
* Com informações do Estadão.