Para reduzir a emissão de pó preto no ar da Grande Vitória, a Vale entregou nesta quinta-feira (25) a conclusão da cobertura de uma usina da mineradora no Complexo de Tubarão, em Vitória, onde os materiais siderúrgicos, como o minério de ferro, são movimentados. A estrutura evita que parte da poeira suba e vá para a atmosfera.
A obra, na Usina 8, faz parte de um conjunto de 160 projetos do Plano Diretor Ambiental da Vale para reduzir a poluição do ar. As medidas foram recomendadas pela Companhia Ambiental de São Paulo (Cetesb), Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) e Ministérios Públicos Estadual e Federal em um Termo de Compromisso Ambiental (TAC), assinado pelas empresas Vale e Arcelor, em 2018.
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Desses projetos, a mineradora informou que já concluiu 49% das obras. A expectativa da empresa era de que, neste ano, 77% dessas intervenções já estivessem concluídas, mas, por causa da pandemia, houve um atraso no cronograma de ações.
A obra entregue nesta quinta-feira foi a cobertura de estocagem temporária de pelotas da Usina 8, onde são movimentadas aproximadamente 200 mil toneladas de pelotas de minério de ferro por ano.
A estrutura construída evita que a poeira gerada na movimentação desse material suba e vá para atmosfera. O pátio de insumos da mesma usina já tinha sido fechado em 2019.
O técnico de Meio Ambiente da Vale, Romildo Fracalossi, explicou que desde que as medidas começaram a ser adotadas, em 2018, o percentual de emissão de poluentes pela empresa está caindo.
“Quando nós lançamos o nosso plano diretor ambiental, nossa emissão referência de 2010 era entorno de 297 kg/h. Agora, em 2021, as nossas medições internas internas apontam que chegamos a 42 kg/h de emissões de poeiras de fontes difusas, como pátios, pilhas e píer. Esperamos chegar até o fim de 2023 com 21 kg/h, uma redução de 93% em referência a 2010”, explicou.
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De acordo com o monitoramento feito pelo Iema, a qualidade do ar na Grande Vitória é considerada boa em todos os 12 pontos acompanhados. Segundo o Instituto, a quantidade de pó preto na atmosfera está dentro do limite que a legislação tolera, que é de 14g/m 2 por 30 dias. O último dado é de março deste ano.
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), disse que as ações da Vale estão dentro do esperado e que o governo acompanha todas as metas estabelecidas para a empresa.
“Até 2023, a gente espera ter os resultados estabelecidos na meta. O Governo do Estado acompanha, junto com o Ministério Público, esta implantação porque faz parte do Termo de Compromisso Ambiental e vamos acompanhando meta a meta”, destacou.
O chefe do executivo informou que foi enviado para a Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) um projeto de lei que cria a Política Estadual de Qualidade do Ar no Espírito Santo. O projeto ainda não foi votado.
Vale prevê cobertura de outros dois pátios para diminuir poluição do ar
Durante o anúncio, a mineradora informou que outras áreas também serão fechadas. Entre as novas obras previstas estão as coberturas dos pátios de estocagem de outras três usinas; cobertura dos cinco viradores de vagões que recebem o minério de ferro que vem de Minas Gerais; e o fechamento da principal correia transportadora – responsável pela alimentação dos píeres por onde são exportados todo o minério e pelotas produzidas pela Vale no Espírito Santo.
A Vale também vai começar a instalar quatro novas barreiras de vento, que reduzem a velocidade do vento nos pátios de estocagem. Elas terão extensão total de 6 quilômetros de telas. Dessa forma, a empresa passará a contar com 10 pátios cercados com 16 km de extensão de telas.
Além da cobertura, a mineradora disse que vai instalar novos canhões de névoa. Eles lançam microbolhas de água sobre as pilhas de pelotas e reduzem a quantidade de partículas de minério transportadas para o ar.
O TAC também foi firmado com a ArcelorMittal, que também precisa cumprir metas e diretrizes visando a redução do pó preto. Segundo a empresa, atualmente, estão em execução na empresa projetos da ordem de R$ 1,8 bilhão em investimentos até 2023. Veja na íntegra o que a empresa diz que já está executando:
• Instalação de wind fences nos pátios de Carvão, Heat Recovery, Minério e Coprodutos, com mais de 8,4 km de extensão e 20 metros de altura;
• Ainda na Coqueria Heat Recovery, que já possui wind fences em seus pátios, a empresa instalou um novo sistema de descarregamento de carvão telescópico, ainda mais moderno e eficiente em termos de controle ambiental;
• Despoeiramento da casa de corrida e topo do Alto-Forno 1, Sinterização e Aciaria;
• Aquisição de um terceiro carro de carregamento de carvão, fabricado na Espanha e que, em breve, chegará já montado à unidade de Tubarão.
Além disso, segundo a ArcelorMittal, alguns dos investimentos já foram finalizados. São eles:
• Instalação de 4.000 novas coberturas nas correias transportadoras de matérias-primas;
• Instalação de um novo sistema de despoeiramento (filtro de mangas) no pátio de beneficiamento de coprodutos;
• Instalação de uma quarta bateria na Coqueria, com 49 fornos de coque;
• Otimização na armazenagem de matérias-primas que resultou na eliminação de 8 (oito) pátios de armazenamento de materiais;
• Obrigatoriedade do lonamento de caminhões de transporte de materiais;
• Implementação de novos lava-rodas nas saídas dos pátios para evitar arrastes de materiais (total 18 lava-rodas);
• Cobertura de três pátios de armazenagem de coque com galpões lonados;
• Utilização de equipamentos de última geração (hipsômetro e GPS) para medir com precisão os tamanhos das pilhas de materiais.
* Com informações do repórter Rodrigo Schereder, da TV Vitória/Record TV.