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Praça do Povo: jovem que perdeu movimento das pernas precisa fazer exame de R$ 3 mil

O repositor Gabriel Costa perdeu o movimento das pernas em apenas 10 dias e até hoje não possuí um diagnóstico da doença

Foto: Reprodução TV Vitória

Há oito meses, o repositor Gabriel Moreira Costa, de 26 anos, passa por uma luta diária: perdeu os movimentos das pernas em apenas dez dias. Desde então, depende da ajuda de familiares para tudo. O diagnóstico da doença continua incerto.

Para resolver o seu problema, Gabriel procurou a ajuda da Praça do Povo, quadro do Balanço Geral, da TV Vitória/Record TV, que contou a história dele nesta semana. 

Gabriel passa os dias deitado na cama. Para se distrair, ele brinca com a filha Alexandra. Segundo o jovem, uma doença neurológica fez com que ele perdesse sua sensibilidade das pernas para baixo em pouco mais de uma semana. 

“Acordei com dor muscular da cintura pra baixo. Um dia depois, a dor foi aumentando e, no segundo dia, ficou insuportável. Fui ao médico, ele me receitou um remédio e quando tomei, a dor cessou. Só que eu comecei a perder o movimento das pernas e atrofiar os meus nervos”, contou.

Em um primeiro momento, Gabriel foi diagnosticado com esquistossomose, doença que costuma atacar os órgãos do abdômen. Mas, no seu caso, a área comprometida foi a medula óssea. Agora, a suspeita é que o repositor tenha outra enfermidade: a síndrome de devic. Doença inflamatória autoimune na qual o próprio sistema imunológico ataca os nervos ópticos e a medula espinhal.   

“Quando a doença começou a atacar meus braços, voltei à médica. Ela pediu uma ressonância e foi constatado que a inflamação estava chegando quase na altura do cérebro. Foi solicitada uma internação de urgência no Hucam, onde constataram que eu já fui curado da esquistossomose. Porém, outra doença muito mais agressiva está atacando meu corpo”, explica Gabriel. 

De acordo com o neurologista Sérgio Werner, a síndrome de devic é uma doença autoimune, na qual o corpo produz anticorpos contra um pedaço de si mesma. Esse pedaço se trata de uma proteína em células do sistema nervoso central, que acabam sendo destruídas. 

“É como se a medula fosse a intermediária entre o cérebro e o resto do corpo. Então a pessoa pode ficar paralítica e sem sensibilidade. Como por exemplo, quando ocorre um traumatismo e a medula é rompida”, disse o neurologista.

Para receber o diagnóstico e tratamento adequados, Gabriel precisa fazer um exame de R$ 3 mil, não fornecido pelo Governo, que ele não tem condições de custear. O teste se chama Anti-MOG, usado para detectar o anticorpo anti-MOG no sangue, que se manifesta quando o paciente tem a síndrome de devic. 

Apesar de não ter cura, é possível melhorar a qualidade de vida do paciente diagnosticado com. a síndrome. “É possível fazer tratamentos para reduzir a produção de anticorpos e para limpar o corpo desses anticorpos ruins. São aplicadas altas doses de corticosteroides para chegar a essa redução, ou outros remédios cumprem essa função. E até mesmo a plasmaférese, que é como se fosse uma filtragem do sangue”, afirma o médico.

Gabriel, que sempre foi ativo, trabalhava, saía e ajudava com os afazeres do dia a dia, precisou interromper a construção de sua casa. Com as pernas paralisadas, ele fica o dia todo em cima de uma cama que não é o ideal para sua condição. São dois colchões, um em cima do outro, o que oferece uma certa instabilidade para quem deita. O jovem, inclusive, já escorregou e caiu da cama por conta disso.  

Afastado pelo INSS, Gabriel é pai de uma menina e sua esposa acabou de dar à luz a um menino, o Gabriel Junior. Com a mulher de licença maternidade, quem o ajuda são os cunhados. Pela Justiça, ele conseguiu receber um total de fraldas estimulado para três meses; mas, na prática, a quantidade enviada vai dar para apenas um mês e meio, no máximo dois meses.

Hoje, suas maiores necessidades além do exame são fraldas, remédios e cadeira de rodas. A que ele usa é emprestada e, dentro de casa, precisa ser carregado para se deslocar.

A mãe de Gabriel já procurou a Defensoria Pública e a Promotoria, e conseguiu as doações d fraldas. Mas, até o momento, não conseguiram o “Mão na Roda” (ônibus de deslocamento para cadeirantes na Grande Vitória). Cada vez que vai ao médico, devido à distância, são gastos cerca de 50 reais.

Para tentar arrecadar o dinheiro para o exame, a família de Gabriel fez uma rifa. Cada uma custa R$ 2,00. O vencedor ganha R$ 100 como prêmio, tirado de parte do valor arrecadado da rifa.

No último dia de participação na Praça do Povo, Gabriel recebeu a doação de uma cadeira de banho. Além disso, várias pessoas fizeram contato com a produção da TV Vitória/Record TV para fazer doações de produtos e dinheiro. 

Com informações da repórter Talita Carvalho, da TV Vitória/Record TV.