As pessoas que procuraram atendimento nas unidades básicas de saúde de Vitória nesta quarta-feira (21) encontraram os serviços paralisados. Os enfermeiros e técnicos de enfermagem aderiram à paralisação nacional da categoria. Os profissionais são contra a suspensão do piso salarial da Enfermagem.
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Duas mulheres que levaram os filhos para se vacinar na Unidade de Saúde Dr. José Moysés, no bairro Santa Luzia, não conseguiram atendimento. Elas, no entanto, disseram ser a favor do movimento realizado pela Enfermagem.
“Concordo 100%, 1000% com eles. Eu vim vacinar a minha filha, mas eu volto amanhã com tranquilidade”, disse Luiza Voigt, uma das mulheres que buscou atendimento na unidade.
No local, além das salas de vacinação, os serviços de triagem e aferição de pressão não foram realizados nesta quarta. Na Capital, outras unidades básicas de saúde, como a do Forte São João e a Unidade de Pronto Atendimento de São Pedro, também tiveram o funcionamento alterado.
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A convocação para a paralisação nacional foi realizada pela Federação Nacional dos Enfermeiros e aderida pelos profissionais que integram o Sindicato dos Enfermeiros do Espírito Santo (Sindienfermeiros-ES).
A técnica de enfermagem Irene Novaes, que atua na unidade de Santa Luzia, aderiu à paralisação. Ela destacou, no entanto, que caso algum paciente com quadro de dor grave procure o local, o atendimento não será negado.
“É muita indignação e revolta. A gente sente a classe muito desvalorizada. Algumas pessoas acham que para o pessoal da saúde basta agradecer, aplaudir, mas a gente não vive só disso. Temos família. A maioria tem que ter dois empregos para ter um nível melhor de vida”, destacou.
Apesar das manifestações, os profissionais garantem que os atendimentos de urgência e emergência estão sendo realizados na Grande Vitória.
Em nota, a Secretaria de Saúde da Capital informou que os atendimentos que não foram realizados nesta quarta-feira (21) serão remarcados com prioridade. As unidades de saúde entrarão em contato com os moradores informando sobre a nova data do agendamento.
Veja como ficou o atendimento em outras cidades da Grande Vitória
VILA VELHA
Em nota, a Secretaria de Saúde de Vila Velha informou que os serviços de saúde estão funcionando dentro da normalidade. As pessoas que chegam nas unidades de saúde ou nos prontos atendimentos são acolhidas e terão o atendimento.
CARIACICA
A Secretaria de Saúde de Cariacica também afirmou que os atendimentos nas unidades do município estão mantidos sem prejuízo à população.
SERRA
A Secretaria de Saúde da Serra disse que, até o momento, o atendimento está normal nas unidades de saúde, nas unidades de pronto atendimento, no Ambulatório Municipal de Especialidades (Ames) e no Hospital Municipal Materno Infantil.
VIANA
Procurada pelo Folha Vitória, a Secretaria de Viana não informou como ficou o atendimento em suas unidades de saúde até a publicação desta reportagem. O texto será atualizado quando recebermos as informações solicitadas.
UNIDADES ESTADUAIS
A Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) disse, por meio de nota, que possui planos de contingência organizados em todos os hospitais estaduais para mitigar eventuais prejuízos no desempenho das atividades assistenciais.
Ainda segundo a Sesa, não foi necessário adotar as medidas nesta quarta-feira (21) porque as escalas de trabalho nos hospitais gerenciados pelo Estado estão completas e os serviços dos hospitais funcionam normalmente.
Entenda a polêmica sobre o piso da Enfermagem
Pela lei aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, o piso nacional da Enfermagem seria de:
– R$ 4.750 para os enfermeiros;
– R$ 3.325 para os técnicos de enfermagem;
– R$ 2.375 para os auxiliares de enfermagem e parteiras.
A lei, no entanto, é questionada pela Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos e Serviços. Segundo a entidade, o estabelecimento destes valores pode provocar um impacto de até R$ 10,5 bilhões, o que poderia acarretar cortes de programas da área e demissão de funcionários do setor.
Em 4 de setembro, uma liminar do ministro Luís Roberto Barroso determinou a suspensão do piso nacional da Enfermagem até que sejam esclarecidos por parte do governo e do Congresso os impactos da medida nas contas dos Estados e municípios. O prazo para que eles se manifestem é de 60 dias.
Durante sessão virtual da última quinta-feira (15), a Corte do STF formou maioria para manter a suspensão. Barroso, relator do processo, foi acompanhado por outros seis ministros: Ricardo Lewandowski, Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e Luiz Fux.
Votaram por manter o piso da categoria os ministros Kassio Nunes Marques, André Mendonça, Edson Fachin e Rosa Weber.
*Texto de Danilo Luca, aluno de Jornalismo da 1ª Residência da Rede Vitória, sob supervisão de Daniella Zanotti