O valor do reajuste da tarifa do Transcol, que será definido em janeiro de 2022, vai levar em conta uma série de fatores. Um deles será a decisão do governo do Estado de manter ou não o subsídio do combustível utilizado pela frota.
O setor de ônibus vem acumulando prejuízos desde o início da pandemia. Para evitar demissões e manter os coletivos nas ruas, o governo está pagando pelo combustível dos veículos desde maio do ano passado. Mas a ajuda financeira ao setor ainda não foi confirmada pelo governo.
Porém, o secretário de Mobilidade e Infraestrutura (Semobi), Fábio Damasceno, já sinalizou para o grande aumento do preço do diesel neste ano e que isso poderá influenciar no cálculo do reajuste da passagem.
Damasceno enumerou que 2021 terminou com alta de preços e aumento de custos em todos os itens que compõem o valor da passagem. Portanto, pode ser que o próximo reajuste seja maior que o de janeiro deste ano, que foi de 2,56%, quando a passagem custava R$ 3,90.
Atualmente, o passageiro desembolsa R$ 4 de segunda a sábado no sistema de transporte coletivo na Grande Vitória. A tarifa com desconto no domingo é de R$ 3,50 e o Bike GV é de R$ 2,00.
“O custo do ano de 2021 foi bastante significativo. Só o do diesel, estamos falando de 80% de aumento“, apontou, durante anúncio da renovação da frota do Transcol, no Palácio Anchieta, em Vitória, nesta quarta-feira (22).
De acordo com a Semobi, a aquisição de combustível, utilizado pela frota, representa cerca de 25%dos custos operacionais. Além do combustível, a pasta mantém o pagamento do subsídio do valor da tarifa. A despesa mensal do governo com o financiamento de parte da passagem era, em média, de R$ 15 milhões antes da pandemia do coronavírus.
No primeiro semestre deste ano, as empresas de transporte público de passageiros que operam na Grande Vitória contabilizaram um prejuízo de R$ 30 milhões relacionados aos 16 dias em que a frota ficou fora das ruas. Tudo aconteceu em razão do período de fechamento total determinado pelo governo do Estado para conter a transmissão do novo coronavírus. A informação é do Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBus).
De 28 de março a 12 de abril, os coletivos atenderam somente aos trabalhadores da Saúde. Segundo o GVBus, a redução na receita do sistema Transcol foi de 98%.
Reajuste da passagem: mudança no salário dos motoristas e cobradores vai entrar no cálculo
Damasceno também citou que o cálculo da nova passagem levará em conta o salário de motoristas e cobradores. Ele lembrou que em novembro deste ano, a categoria dos rodoviários obteve um reajuste salarial.
“Em relação à própria mão de obra, houve um acordo. Muita gente não nota, mas não tivemos a greve do sistema porque houve um acordo envolvendo o Sindirodoviários e o próprio GVBus e que trouxe um reajuste de mais de 11% para o salário de motorista e cobrador”, pontuou.
O secretário disse que está fazendo a avaliação com a equipe econômica do Estado e com o GVBus antes da reunião do Conselho Tarifário em janeiro.
“Essa avaliação será para tomarmos uma decisão no início de janeiro de 2022. Aí, iremos apresentar ao conselho que vai decidir a questão do aumento tarifário.”
O contrato de concessão do sistema, assinado em 2014, prevê reajustes anuais no mês de janeiro.
No contrato está definido que os reajustes da tarifa são anuais e obedecem a uma fórmula de cálculo que leva em consideração custos como mão de obra, combustível e veículos.
A fórmula é constituída de um conjunto de índices de variações de preços dos principais insumos utilizados na produção e prestação dos serviços do Transcol, distribuídos da seguinte forma:
– 25% da variação do preço do litro de óleo diesel;
– 16% da variação dos veículos;
– 54% da variação dos salários de motoristas e cobradores;
– 10% da variação do IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna) calculado e publicado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
“A soma das variações desse conjunto de índices de preços, ponderado pelo peso de cada tipo de insumo, resulta no índice de variação do valor da tarifa que é parcialmente paga pelos usuários e parcialmente paga por meio de subsídios do Governo do Estado”, explica a Ceturb.