O índice de mortalidade de tartarugas da espécie verde tem aumentado na Grande Vitória e as redes de pesca são apontadas como as principais vilãs. De acordo com informações do Projeto Tamar de Vitória, somente neste ano, 50 tartarugas foram encontradas mortas nas praias da Grande Vitória.
Segundo a bióloga Jordana Borini Freire, que trabalha no Tamar há um ano e meio. as redes de pesca, de uso proibido em Vitória, são a principal causa da morte dessas tartarugas. “A interação com a pesca é a maior ameaça à tartaruga. Como a rede é transparente, a tartaruga não consegue enxergá-la. O animal nada e acaba se enrolando na rede. Com o tempo, não consegue subir para a superfície para respirar e morre afogado”, explica.
Na última terça-feira (13), duas tartarugas da espécie verde foram encontradas mortas na praia de Camburi, em Vitória. A bióloga acredita que os animais tenham ingerido pedaços de plástico. “Na fase juvenil, a tartaruga verde vai para a costa para se alimentar de algas. Muitas vezes, ela confunde o plástico jogado no mar com as folhas e acaba comendo pequenos pedaços e isso pode levá-la a morte”, afirma.
Em 2013, pelo menos 169 tartarugas da espécie verde foram encontradas mortas na Grande Vitória, segundo levantamento do Projeto Tamar.
Tartaruga verde está menos ameaçada
As cinco espécies de tartarugas marinhas encontradas no Brasil continuam ameaçadas de extinção, segundo critérios das listas brasileira e mundial de espécies ameaçadas. Das cinco, quatro desovam no litoral – e, por estarem mais expostas, são as mais ameaçadas: cabeçuda (Caretta caretta), de pente (Eretmochelys imbricata), oliva (Lepidochelys olivacea) e de couro (Dermochelys coriacea).
A tartaruga verde (Chelonia mydas) está menos exposta, pois desova principalmente nas ilhas oceânicas (Atol das Rocas, Fernando de Noronha e Trindade), onde a ação predatória do homem é mais controlada, o que contribui com a estabilidade da sua população.
De cada mil filhotes que nascem, somente um ou dois conseguem atingir a maturidade. Além dos predadores naturais, as ações do homem estão entre as principais ameaças às populações de tartarugas marinhas, destacando-se as seguintes: a pesca incidental, ao longo de toda a costa, com redes de espera, e em alto mar, com anzóis e redes de deriva; a fotopoluição; o trânsito de veículos nas praias de desova; a destruição do habitat para desova pela ocupação desordenada do litoral; a poluição dos oceanos e o aquecimento global.
Conscientização
Com o objetivo de envolver a sociedade nas questões ambientais, conscientizando os cidadãos de forma prazerosa sobre um assunto sério, em 2012 foi instalado, em Vitória, o Centro de Visitantes do Projeto Tamar.
Dois aquários para a observação de tartarugas marinhas e palestras sobre sua vida, reprodução e preservação são atrações do Centro de Visitação localizado na ilha do Papagaio, uma área adjacente à Praça do Papa, em Vitória. Os tanques têm dois e 30 mil litros e abrigam filhotes e espécies adultas de tartarugas verdes (Chelonia mydas), cabeçuda (Caretta caretta) e oliva (Lepidochelys olivacea).
Os visitantes também recebem informações sobre a Ilha de Trindade, o maior sítio reprodutivo da tartaruga verde no país e área de alimentação da tartaruga de pente. Há registros de animais marcados em Trindade recapturados no Ceará, Pernambuco, Bahia e Senegal, na África. Outro atrativo do Centro é a bela paisagem do entorno: uma vista panorâmica da baía de Vitória e da cidade de Vila Velha.
Segundo o Tamar, cada atividade tem seu dia e horário. O visitante faz sua escolha, guiando-se por um painel com o cronograma. Para tirar dúvidas, há monitores nos pontos de saída das visitas orientadas e em toda a área do Centro de Visitação. Visitas direcionadas para escolas, universidades e grupos organizados, com agendamento prévio, têm duração aproximada de uma hora e meia.
O Centro de Visitação do Projeto Tamar funciona de terça a domingo, das 8h30 às 17 horas. Moradores da comunidade de pescadores do entorno e alunos da rede municipal de Vitória têm atividades guiadas e palestras gratuitas. Para os outros visitantes, a entrada é R$ 5 (inteira) e R$ 2,50 (meia).