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Perisfera: alunos de periferia criam ideias inovadoras e ganham aprendizado para o mercado

Parceria entre a Azys e a Junior Achievement ES capacitou adolescentes da rede pública por meio de mentorias com empresas e startups capixabas

Foto: Divulgação | Perisfera

O projeto Perisfera, que nasceu com a missão de levar o ecossistema de inovação e empreendedorismo para jovens das periferias da Grande Vitória, chega na reta final com 14 alunos de escolas da rede pública – entre os mais de 100 selecionados inicialmente – que conseguiram idealizar e desenvolver projetos inovadores.

Todos esses projetos dos adolescentes do Perisfera, que ocorre numa parceria entre a Junior Achievement Espírito Santo, a Be Water e a Azys Inovação, passaram pela validação do problema e solução, com a orientação de mentores que acompanharam todo o processo.

O motivo principal da grande ação, que também conta com o apoio da Rede Vitória, foi de capacitar adolescentes de escolas públicas para o mercado de trabalho do futuro. 

Segundo Denis Ferrari, da Azys, empresa considerada uma aceleradora de startups, a conexão com a Jr. Achievement se deu justamente porque a periferia é um espaço de muito potencial e grandes talentos e que, apesar disso, não era observada pelo ecossistema da inovação.

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“Abra sua mente para novos caminhos”

Para Maria Gabrielli Curto Fernandes, de 16 anos, uma das participantes do projeto, ficou o aprendizado de que é fundamental ter comprometimento com as atividades, além de que é preciso sair da zona de conforto e abrir a mente para novos caminhos.

“Devemos manter a disciplina para tirar a ideia do papel, mesmo que nem acreditemos tanto nela. Nenhuma ideia é besta, é possível transformá-la em um grande projeto. Aprendi que toda boa ideia vem de uma necessidade, ouvi esta frase uma vez e ficará comigo para sempre. Além disso, que é possível transformar projetos que consigam ajudar outras pessoas.

Segundo a estudante, foi perceptível o quanto é possível colocar planos em prática. 

“Basta pegar caneta, papel, escrever, entender os pontos fortes e fracos, o que dá para melhorar, quem são os concorrentes, quem teve essa ideia antes e deu errado, o que fez para que também não falhemos. A Perisfera me mostrou que é possível ter várias portas abertas se você conseguir se abrir a um projeto de corpo e alma. E que as pessoas interessadas mesmo conseguem chegar em qualquer lugar”, destacou.

Como funciona o projeto que conecta estudantes com empresas e startups

O projeto Perisfera tem como diferencial o nascimento com a essência de trazer o ecossistema de inovação para a atmosfera periférica, apresentando conceitos de empreendedorismo, ferramentas e hacks úteis na criação de modelos de negócios inovadores.

No outro lado da equação, foi apresentada também a realidade destes jovens para o ecossistema de inovação, por meio dos mentores que acompanharam o desenvolvimento dos projetos com os alunos. Ao todo foram 136 alunos inscritos, 11 ideias geradas, chegando a cinco ideias finalistas e 14 alunos.

Segundo Tiarlen Natan Ferreira, da Azys, coordenador do projeto, a proposta começou em agosto do ano passado.

“Entre agosto e setembro começamos a captar recursos financeiros. Como é um projeto sem fins lucrativos, de cunho social, a gente levantou alguns mantenedores e abrimos um crowdfunding”, disse.

Ferreira também afirmou que as dez escolas participantes são de Vitória, Vila Velha, Cariacica, Viana e Serra.

“Foi feita toda uma movimentação nas escolas, com sensibilização para que esses alunos se inscrevessem. Ao decorrer do projeto, houve quatro mentorias, com mentores voluntários das próprias empresas mantenedoras, que se reuniram em um período de 15 em 15 ou 20 em 20 dias, para ajudar os alunos a levantarem o problema”, acrescentou.

Após o levantamento, segundo Tiarlen, os estudantes passaram por uma fase de desenvolver uma solução.

“Então testaram, que é o que chamamos de validação, que consiste em colocar a solução para funcionar, e fizeram a gravação do pitch (uma espécie de discurso de convencimento sobre a ideia), com duração de 3 a 4 minutos, para poder apresentar para uma pré-banca que aconteceu no final de janeiro”, pontuou.

Experiência superou as expectativas, afirmam mentores  

Para uma das mentoras, Janaina Carvalho Betzel, a experiência, sem dúvidas, foi maravilhosa. 

“Poder colaborar com os objetivos e sonhos de outras pessoas é muito bom, quanto mais de jovens tão empolgados com seus projetos. Acredito que os participantes também curtiram muito a experiência, vendo que suas ideias podem sair da cabeça ir para a realidade. Aprenderam a trabalhar em conjunto, a compartilhar ideias, a serem contrariados e a assumir riscos”, comentou.

Da mesma forma, Felipe Cardozo explicou que foi uma experiência que, de várias formas, superou as expectativas. 

“Diante de outras oportunidades que já tive de apoiar iniciativas que fomentam inovação e empreendedorismo, o Perisfera se destacou por me permitir ver como jovens ainda na faixa dos 16 anos, tendo acesso à capacitação e orientação, conseguiram desenvolver uma mentalidade inovadora e uma atitude empreendedora”, declarou.

Ainda mais surpreendente foi observar, segundo ele, que isto foi possível mesmo em se tratando de pessoas lidam com a falta de recursos básicos, como, por exemplo, o acesso facilitado à internet.

“E para os jovens que participaram; além de terem experimentado na prática todo o processo de identificar oportunidades e desenvolver soluções, acredito que tão importante quanto todo o conhecimento que levam desta experiência é a confiança de que eles são sim capazes de criar soluções inovadoras e através disso mudar as vidas deles, de suas famílias e quem sabe até de todos nós”, disse.

Novas perspectivas para os jovens

Além do conhecimento e relacionamento com os mentores, a ideia do projeto foi de promover os jovens, por meio de relacionamento com as empresas mantenedoras, visando possíveis participações em programas de estágios ou até mesmo como empreendedores, caso algumas destas empresas se interessem pelas soluções apresentadas.

Por enquanto ainda não há uma data para a próxima edição, mas é certo, segundo os organizadores, que irá acontecer, já que houve uma alta demanda de parceiros interessados em atuar no projeto, tanto como mantenedores como com apoio na execução. 

A próxima edição deverá vir ainda mais robusta, considerando os diversos aprendizados na primeira edição e aos novos parceiros.