Kelly Helena é empreendedora no ramo de alimentação. Ela vende produtos congelados. Antes disso, trabalhava com carteira assinada. No entanto, quando ficou grávida da primeira filha, percebeu uma mudança no comportamento de colegas.
“Sofri uma perseguição quando fiquei grávida e no decorrer de toda a gravidez. Logo depois que passou o tempo da licença-maternidade, eu fui dispensada. Foi um momento difícil: eu com um bebê novo e sem saber o que fazer”, relembra.
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O preconceito vivido pela empresária é um dos milhões de exemplos que podem ser encontrados no dia a dia pelo país. Uma pesquisa da Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que, no Brasil, 84,5% das pessoas têm pelo menos um tipo de preconceito contra as mulheres, seja no mercado de trabalho, seja na convivência social.
Entre os homens, 75,5% têm preconceito e, entre as próprias mulheres, o índice chega a 75,8%. O estudo também mostra que o sexismo feminino interfere na decisão das mulheres em serem mães e em qual áreas vão atuar profissionalmente.
A socióloga Maria Ângela Rosa explica que o preconceito contra o sexo feminino também é cometido pelas próprias mulheres devido a um reflexo da formação a que são submetidas numa sociedade patriarcal.
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“As mulheres são socializadas desde criança para serem desunidas, para competir entre si. Desunidas somos frágeis. Se fôssemos unidas seríamos mais fortes”, avalia.
A pesquisa da ONU foi feito em 80 países e também aborda a área da política. A política é um dos setores influenciados por esse preconceito. No estudo, 39,91% das pessoas revelaram acreditar que mulheres não são tão boas políticas quanto os homens.
No Espírito Santo, por exemplo, apenas uma mulher está entre os 10 deputados federais eleitos em 2022 – Jackeline Rocha (PT). Dos 30 eleitos para deputados estaduais, somente quatro são mulheres – Raquel Lessa (PP), Iriny Lopes (PT), Camila Valadão (Psol) e Janete de Sá (PSB).
“Segundo estudos, se tudo continuar no ritmo que está a transformação, daqui a 230 anos haverá essa possibilidade. Antes disso, vamos mudando com um passo para a frente e dois para trás. Sem desconstruir a cultura patriarcal, milenarmente construída, alimentada e retroalimentada pelos valores sociais (mantidos por famílias, religiões, Estado, Direito e demais instituições) não temos como desmontar. Esse desmonte é um processo longo”, critica a socióloga.
Com informações do repórter Paulo Rogério, da TV Vitória/RecordTV