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Pesquisadores investigam nova espécie de raia gigante no litoral capixaba

O projeto busca evidências da existência de uma possível nova espécie do gênero "Manta" em águas do Espírito Santo e de outros lugares do Brasil

No litoral capixaba foram observados animais que apresentam uma coloração incomum no dorso e no ventre Foto: Divulgação/Mantas do Brasil

Um grupo de pesquisadores do Projeto Mantas do Brasil vai realizar um estudo inédito. Com o objetivo de mapear a presença de raias gigantes na costa brasileira, inclusive no Espírito Santo, o projeto busca evidências da existência de uma possível nova espécie do gênero “Manta” em águas brasileiras.

No litoral capixaba foram observados animais que apresentam uma coloração incomum no dorso e no ventre. Esses animais têm a cara branca e o dorso negro com manchas arredondadas, podem atingir até quatro metros de envergadura e também foram observados em águas do Rio de Janeiro, Bahia e no arquipélago de Fernando de Noronha (PE).

Já as raias encontradas no litoral de São Paulo são as popularmente conhecidas como “jamantas” e apresentam características da espécie Manta birostris, única registrada no Brasil. Ao contrário da outra espécie, estas possuem cara e dorso negros com manchas brancas e podem ultrapassar os cinco metros de envergadura.

“Nosso trabalho consistirá na ampliação de equipe e de esforços por meio de parcerias nas regiões de interesse, visando coletas e análises do material genético da população com características distintas daquelas já descritas em estudos científicos e, com isso, determinaremos a qual espécie pertencem”, explica o biólogo Leo Francini, coordenador de pesquisas do Projeto Mantas do Brasil.

Mesmo pertencendo à espécie Manta birostris, a coloração diferente das raias podem pode resultar na redescrição das características da espécie, tal qual as que já são conhecidas.

Ameaça

A mergulhadora e coordenadora geral do projeto, Ana Paula Balboni Coelho, explica que o gênero Manta possui duas espécies já descritas no mundo: a Manta birostris e a Manta alfredi. a existência de uma terceira espécie está sob investigação no Golfo do México pela Dra. Andrea Marshall.

“Uma das hipóteses com que trabalhamos é que animais dessa possível nova espécie que está sendo estudada no Golfo do México esteja presente também em águas brasileiras. Lá já foi comprovado que a jamanta e a raia daquela região são geneticamente diferentes”, explica a pesquisadora. Ela afirma que, caso seja comprovada sua existência, a nova espécie será considerada ameaçada de extinção, assim como já acontece com as outras mantas.

A pesquisa receberá apoio financeiro da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Segundo Malu Nunes, diretora executiva da fundação, a ameaça às mantas reforça a importância de ações em prol do ecossistema marinho-costeiro brasileiro, que é rico em diversidade de espécies, mas ainda pouco conhecido e protegido. “Os oceanos têm sofrido no Brasil e no mundo com a pesca excessiva e a poluição, sendo desafio para todos os setores garantir a conservação desses ambientes”, complementa.

Como forma de contribuir para a conservação das espécies-alvo dos estudos, o Projeto Mantas do Brasil capacita mergulhadores e ainda subsidia entidades governamentais com informações que auxiliam o estabelecimento de políticas públicas. Por exemplo, um dos resultados anteriores foi a proibição em 2013 da pesca de Mobulídeos (mantas e móbulas) em águas brasileiras.