O número de pessoas desaparecidas por conta da chuva que atingiu Petrópolis, na Região Serrana do Rio, na última terça-feira, 15, aumentou para 218 nesta sexta-feira, 18. Até quinta-feira, 17, o número estava em 116.
A lista é divulgada pela secretaria estadual de Polícia Civil. Segundo a assessoria da pasta, a atualização ocorreu pela própria evolução do serviço dos agentes da Delegacia de Descoberta de Paradeiros, que estão indo aos abrigos para ouvir pessoas atingidas pela chuva e registrar eventuais desaparecidos.
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Quem quer registrar o desaparecimento de alguém também pode ir à Polícia Civil, mas, diante das dificuldades de locomoção que permanecem em Petrópolis e da própria situação emocional das pessoas, muitas vezes é mais fácil os policiais irem ao encontro delas.
A tempestade causou a morte de pelo menos 122 pessoas. Outras 24 pessoas foram resgatadas com vida, mas ainda há buscas na região e alerta climatológico.
Festival de rock e plataforma de ajuda humanitária recebem doações para Petrópolis
Em decorrência da tragédia em Petrópolis, a equipe do festival local de música Rock the Mountain e a Volunter Vacations (VV) – plataforma social de ajuda humanitária – iniciaram uma campanha de arrecadação mínima de R$ 10 para ajudar as vítimas. O objetivo é atrair o público do evento a socorrer a região. A edição 2022 da festa está mantida para abril.
Dividida em três eixos de ajudas – Emergencial, Estruturante e Animais – a participação dos colaboradores é inteiramente digital e pode ser feita por meio do site https://www.vvolunteer.com.br/ajudartm. Por lá, a pessoa realizará doações entre R$ 10, R$ 50, R$ 100, R$ 500, R$ 1.000 e R$ 10.000.
O pagamento é por boleto bancário, PagSeguro ou PayPal. Através das redes sociais, as organizações informaram que a campanha arrecadou mais de R$ 50 mil em menos de 24 horas.
Recursos destinados para a Ajuda Emergencial contará com o suporte do capitão licenciado do Corpo de Bombeiros de Belo Horizonte, em Minas Gerais, Léo Farah, que está no município atingido.
As doações serão utilizadas para equipamento de resgate, atendimentos emergenciais e compra de água potável. Mestre em desastres, ele também atuou nos resgates após rompimento da barragem em Mariana há seis anos.
“Cada real importa”, agradeceu Farah ao compartilhar uma transferência de R$ 10.000 da feita pela VV.
No eixo Estruturante, o dinheiro será direcionado para tratamento de resgatados e recuperação da região. Até o momento, de acordo com última atualização, mas de 100 pessoas seguem desaparecidas.
O terceiro campo de atuação da iniciativa será uma ajuda destinada à ONG local Dogs Heaven, que está cuidando de animais domésticos atingidos pela tragédia. Em seu perfil do Instagram, a instituição tem pedido auxílio com rações, remédios e lares temporários para os animais.
O Rock the Mountain é um festival que acontece em Itaipava, Petrópolis. A proposta é reunir sustentabilidade, gastronomia e música. Apesar da recente tragédia, a edição de 2022 segue confirmada para os dias 16 e 17, 23 e 24 de abril. Atrações como Caetano Veloso, Gal Costa, Criolo e Silva estão confirmadas. Os ingressos do passaporte inteira para cada final de semana custa R$ 770.
Governos falham em aplicar verba para evitar tragédia em Petrópolis
Onze anos após o temporal que deixou 918 mortos, a Região Serrana do Rio ainda não recebeu parte do dinheiro prometido para prevenção a novas tragédias dos governos federal e estadual.
Para as obras de contenção de encostas, do valor empenhado de R$ 60,2 milhões do Ministério do Desenvolvimento Regional, um total de R$ 41,4 milhões foi pago aos municípios. Em nota, a pasta ressaltou que “os repasses ocorrem de acordo com a execução da obra, cuja responsabilidade é dos entes proponentes”.
Já o governo do Estado – em balanço realizado no ano passado, nos dez anos da tragédia – reconheceu que um terço da verba (cerca de R$ 500 milhões) destinada à construção de moradias, contenção de encostas e limpeza do leito dos principais rios ainda não havia sido ainda aplicado.
Pelas contas do governo, mais de R$ 1 bilhão havia sido investido na entrega de mais de 4 mil casas, no reassentamento de 2,9 mil famílias, em 93 obras de contenção de encostas, na reconstrução de 24 pontes e na limpeza de leitos de 8 rios. Mesmo assim, faltavam cerca de mil moradias e dez contenções.
Segundo Cláudia Renata Ramos, representante de Petrópolis na Comissão das Vítimas da Tragédia da Região Serrana, o município deveria ter recebido 3.250 unidades habitacionais e apenas 1.025 foram entregues. Pelo menos 700 pessoas recebem o aluguel social há 11 anos.