Há quase cinco anos, moradores de outro prédio de luxo também foram vítimas de um desabamento no condomínio em que moravam, na Enseada do Suá, em Vitória. Na madrugada do dia 19 de julho de 2016, parte da área de lazer do edifício Grand Parc Residencial Resort desabou e soterrou os carros que estavam na garagem.
O porteiro Dejair das Neves, na época com 49 anos, ficou desaparecido e foi encontrado morto cerca de 15 horas depois. Além dele, pelo menos outras cinco pessoas ficaram feridas: o síndico e quatro funcionários do prédio.
Na época, a filha do síndico contou que um dos porteiros ligou dizendo que estava ouvindo ‘estalos’ na área da piscina. Segundo ela, o pai desceu para ver o que estava acontecendo, quando as lajes desabaram e o síndico acabou ferido. José Fernando Leite Marques passou por uma cirurgia para a fixação de uma fratura no fêmur e recebeu alta dias depois.
Com o desabamento, pelo menos 50 carros foram destruídos. O então Coordenador da Defesa Civil de Vitória, Jonathan Jantorno, informou que toda a área de lazer do prédio havia sido comprometida.
O retorno
Em 2019, três anos após o desabamento, mais de 160 famílias retornar para o edifício Grand Parc. Em abril daquele ano, a construtora Cyrela, responsável pelo empreendimento, anunciou a previsão de retorno dos moradores para setembro.
Ao todo, 166 famílias tiveram de deixar o condomínio, por medida de segurança. A construtora conseguiu chegar a um acordo com 161 famílias. De acordo com a construtora, a família do porteiro Dejair das Neves, que morreu no desabamento, também recebeu indenização, mas o valor não foi divulgado.
Uma das famílias que retornou ao condomínio foi a do empresário Eliezer Machado e da médica pediatra Fernanda Zuccolotto. Segundo Fernanda, apesar do cansaço, os dois estavam felizes com o retorno. “Foram três anos de muita dedicação da empresa, da incorporadora, e nossa também, de estar acompanhando todo esse processo. Não foi fácil viver fora da casa da gente, com as coisas que não são nossas. Então está dando uma sensação de alívio agora,” afirmou na época.
O empresário contou que foram três anos de angústia e espera para retornar ao lar, mas que o casal pode retomar o sonho interrompido.
“Quem vê o que a gente passou, até se assusta de a gente estar voltando. Mas nós acompanhamos passo a passo. Desde o primeiro dia, a gente teve suporte e acompanhamos passo a passo a obra. Então isso dá total segurança para a gente retornar agora para a nossa casa. Quando a gente comprou aqui, isso aqui era um sonho. Por um tempo, esse sonho ficou distante. E agora voltar, realmente é magnífico”, destacou. “E agora a gente tem um filho”, emendou Fernanda.
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Reforço
Para que os moradores pudessem retornar, o prédio precisou ser todo vistoriado e recebeu reforço na estrutura. “O reforço se deu lá na fundação e em toda essa laje nova, que foi a laje que colapsou. E as torres tiveram também, por segurança, um revestimento em concreto e aço até o último andar, onde se fez praticamente uma nova viga, só que uma viga parede, que abraça o prédio”, explicou o conselheiro do condomínio, Alexandre Lima.
Acidentes com caixas d’água
Moradores de outros dois condomínios localizados na Grande Vitória sofreram com desabamento de caixas d’água. No bairro Padre Gabriel, em Cariacica, dois blocos do condomínio popular São Roque precisaram ser interditados pela Defesa Civil após o desabamento de duas caixas de 15 metros desabarem no dia 30 de dezembro do ano passado.
O dono de uma empresa de prestação de serviços que estava internado após o acidente não resistiu aos ferimentos e morreu no dia 31 de dezembro de 2020. A empresa Cobra Engenharia confirmou a informação em um comunicado, em que disse que prestava assistência à família de Jucelino Roncon.
Na Serra, a estrutura da caixa d’água do Condomínio Top Life Edifício Cancún apresentou um amassado na parte lateral no dia 16 de fevereiro deste ano. De acordo com o síndico do condomínio, foi uma moradora de um prédio vizinho que percebeu e comunicou o fato.
Após tomar conhecimento, Luiz Cláudio disse que entrou em contato com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES), Defesa Civil e Corpo de Bombeiros.
Luiz Cláudio contou ainda que a construtora MRV, empresa responsável pela obra, foi comunicada, em janeiro de 2020, sobre possíveis corrosões no reservatório de água. No entanto, segundo ele, a construtora respondeu, alegando que a estrutura não estava mais na garantia. A obra foi entregue aos moradores em agosto de 2015.
A MRV informou que foi contratado um perito para orientar o condomínio quanto aos possíveis reparos. Por meio de nota, a empresa disse que a manutenção que estava sendo realizada no castelo d’agua do empreendimento foi solicitado pelo condomínio e não foi realizada pela construtora. A MRV acrescentou que o empreendimento foi entregue há cinco anos e, nesse período, não houve acionamentos de assistência técnica pelo condomínio sobre a estrutura do castelo de água.
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