Com um ano e seis meses de pesquisas para ser elaborado pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o Plano Estadual de Resíduos Sólidos, que identifica os principais problemas relacionados ao descarte de lixo no estado, foi entregue na tarde desta quinta-feira (19) ao governo. O trabalho, com mais de 800 páginas, envolveu audiências públicas durante sua confecção com o objetivo de dar voz à população, além de visitas de campo.
De nove setores que foram estudados, como indústria, mineração e transportes, dois trouxeram preocupação: o agroindustrial e da saúde. A intenção do plano, que cria caminhos para o surgimento de soluções diferentes das que já existem no estado para o tratamento e reciclagem de resíduos é atrair a iniciativa privada e incentivar o empreendedorismo no ramo, gerando por consequência emprego e renda.
Segundo a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama), no estado, existem hoje cinco aterros sanitários licenciados. Mas 10 municípios capixabas ainda fazem a destinação dos resíduos gerados em seus territórios para lixões.
A expectativa é que dentro de 20 anos os lixões sejam erradicados do Espírito Santo, já que este é o prazo para o cumprimento das metas do Plano Estadual, agora em fase de implementação. E que estruturas como esta, do Centro de Tratamento de Resíduos de Vila Velha (CTRVV), no Xuri, que garantem proteção ambiental e sanitária sejam implementadas.
A Secretaria de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano (Sedurb) informou que o Espírito Santo tem atualmente 10 lixões, localizados em Iúna, Barra de São Francisco, Ecoporanga, Boa Esperança, Pinheiros, Mucurici, Ponto Belo, Nova Venécia e dois em Conceição da Barra. Quanto aos aterros, são quatro aterros privados, nos municípios de Vila Velha, Cariacica, Aracruz e Cachoeiro de Itapemirim, e um aterro público em Colatina.
A quantidade de lixo recolhida em 2018 foi de 35.746.355 toneladas, incluindo todos os tipos de lixo. Desse total, 1.015.684 toneladas foram de resíduo sólido urbano.
O CTRVV recebe, diariamente, 1 mil toneladas de rejeitos de seis municípios: Vila Velha, Guarapari, Anchieta, Piúma, Alfredo Chaves e Iconha. O material passa por procedimentos onde poluentes como o gás e o chorume são separados. O líquido é retido em um reservatório e, depois, submetido a uma estação de tratamento. Já o gás é queimado.
Nenhum desses processos contamina o solo ou o lençol freático. Nos 20 anos de funcionamento do local, dos mais de um milhão e 1,5 milhão de m² de área, 250 mil foram usados para aterrar o lixo durante o período.
O Plano Estadual de Resíduos Sólidos é estabelecido pela lei federal que instituiu a política nacional de resíduos sólidos. Entre as ações previstas pelo programa está a redução, reutilização, reciclagem, tratamento e não geração de resíduos sólidos, assim como a adoção de padrões mais sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços.