A pobreza menstrual ainda atinge uma parcela significativa da população. Um dado levantado pelo Fundo das Nações Unidas (Unicef) ouviu 1200 pessoas, 19% delas relataram já ter enfrentado dificuldades por não ter dinheiro para comprar absorvente.
Outros 37% alegaram dificuldade de encontrar problemas para encontrar itens de higiene em escolas e outros locais públicos. A cada 10 pessoas, 6 já disseram que faltaram à escola ou ao trabalho por conta da menstruação e da falta de absorvente.
Segundo a socióloga Maria Ângela Rosa, o problema é reforçado pela desigualdade. Essa diferença não é apenas financeira, mas também social e educacional.
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“Tem a ver com a desigualdade social nos países e essa desigualdade vem de um fundamento econômico, mas ela não é só uma questão econômica, é um problema social, de educação, e um problema de saúde. É um problema multidisciplinar, digamos, não é apenas focada no dinheiro em si”, disse.
Para a socióloga, as soluções passam por educação e pela quebra de tabus, em conversas sobre a desigualdade e a pobreza menstrual, que deve acontecer em casa e nas escolas.
Segundo ela, os meninos também precisam ser educados sobre o tema, para que possa haver naturalidade no debate e na busca por soluções produtivas.
“A educação precisa trabalhar essa questão, inclusive orientar pais, mães, adolescentes. As escolas precisam estar preparadas para isso, não só em seus espaços físicos, dar condições adequadas, como para dar formação, para que todos entendam que é um processo normal, que problemas acontecem, inclusive os meninos”, afirmou.
O problema afeta mais jovens e mulheres em situação de vulnerabilidade. Estas pessoas, desde que inscritas Cadastro Único para Programas Sociais (Cadùnico), podem ter acesso a produtos de higiene menstrual pelo programa Farmácia Popular.
No Espírito Santo, são atendidas 458 mil pessoas e os municípios capixabas têm adotado medidas para atender a população de baixa renda.
Em Vitória, os absorventes são distribuídos em escolas de ensino fundamental e médio. Já em Vila Velha, a distribuição é feita por meio da Secretaria de Assistência Social.
Para quem já sentiu na pele os efeitos da desigualdade, a educação se mostra uma urgência. A dona de casa Mariza Lopes, relata as dificuldades para conseguir ter acesso a absorventes.
“Eu já passei bastante aperto sem absorvente, sem poder comprar, para sair, ficava com medo de sentar em algum lugar e sujar, nem sentava às vezes quando saía. É muito chato a gente sair, sujar ou alguém falar para a gente que a saia está suja, a gente passa vergonha”, relata.
Hoje, aos 56 anos, a dona de casa não utiliza mais os absorventes, mas recebe os itens por meio da Central Única das Favelas (Cufa) para outras mulheres da família.
Segundo ela, é de vital importância que as pessoas ajudem a instituição para que os produtos possam chegar a quem necessita.
“As pessoas que estão vendo podem ajudar mais a CUFA, fazer doações, porque é uma coisa que nós mulheres precisam muito. Hoje em dia eu não uso mais, mas já usei e sei como é difícil ficar sem o absorvente”.
*Com informações do repórter Rodrigo Schereder, da TV Vitória/Record
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