Na terceira semana de março, a vazão do Rio Jucu não chegava a seis mil litros por segundo, mas depois da chuva dos dias 18 e 19, a vazão saiu da crítica e mais que dobrou. Contudo, a análise realizada em quatro pontos do rio mostrou que a água está contaminada, com 160 vezes mais coliformes fecais do que poderia
Para o ambientalista Eduardo Pignaton, a vazão pode voltar a piorar assim como a poluição, porque a vazão subiu rápido demais com a chuva.
“O ideal seria termos florestas, mas não temos. Um programa que funcionaria seria o “caixa seca”, o incentivo a micro-barragens para fazer com que essa água demore mais no solo e tenha a oportunidade de penetrar, fazendo a recarga do lençol freático. Hoje, quando chove, a água vem para dentro do rio e daqui a alguns dias teremos a mesma situação de nível baixo”, explicou.
Mesmo que longe da ideal, a captação e distribuição de água à população está garantida por enquanto. Mas, apesar de vivo, o rio não é mais o mesmo.
Há quase 30 anos, praticantes de canoagem e de rafting faziam anualmente a descida do Rio Jucu. Um passeio desde a nascente, na região serrana, até a foz, na Barra do Jucu. Esse é o segundo ano consecutivo que a tradicional descida do rio é cancelada por causa da seca. O segundo motivo, agravado pelo primeiro, é o esgoto. A poluição no Rio Jucu chegou a um nível muito acima do tolerável.
Uma análise, feita pela Associação Barrense de Canoagem, em quatro pontos do rio mostrou que a água está contaminada, com 160 vezes mais coliformes fecais do que poderia. A mesma água onde as pessoas nadam e que mais de um milhão de pessoas bebem.
“Quanto menos chuva tem, mais permanece o nível de esgoto. Então se você tem o mesmo nível de água para meio de esgoto está dentro da capacidade normal do rio. Agora, quando se tem cinco metros de água e três de esgoto, aí teremos mais esgoto praticamente do que água. Agora a situação melhora um pouco, mas o volume de esgoto permanece o mesmo.
Por nota, a Agência Estadual de Recursos Hídricos informou que irá traçar um diagnóstico e definir as ações que deverão ser tomadas para melhorar a qualidade da água do rio Jucu pelos próximos 20 anos. Já a Cesan respondeu que o esgoto no rio vem de duas situações: residências que poderiam estar ligadas na rede de coleta e tratamento mas despejam o esgoto bruto nos mananciais ou imóveis que estão em regiões que ainda não têm rede e não implantam fossa filtro.
A prefeitura de Vila Velha alegou que a responsabilidade pelo Rio Jucu não é do município. A prefeitura de Domingos Martins respondeu que está desenvolvendo o plano municipal de saneamento básico que prevê ações de curto, médio e logo prazos para a questão do esgoto sanitário. Já a prefeitura de Marechal Floriano afirmou que já vem desenvolvendo ações de limpeza do rio Jucu que serão ampliadas este ano.