O secretário de Estado da Saúde, Ricardo de Oliveira, é o entrevistado desta semana do jornal online Folha Vitória. Ricardo fala um pouco sobre alguns dos investimentos que o Governo do Estado irá fazer na área da Saúde nos próximos 12 meses, conforme o planejamento estratégico apresentado no mês passado pelo governador Paulo Hartung (PMDB), e também sobre os principais males que têm afetado a população brasileira e capixaba nestes últimos meses: as doenças causadas pelo mosquito Aedes Aegypti e a epidemia de H1N1. Confira!
Folha Vitória: Demanda antiga de Cariacica, um hospital geral começa a finalmente sair do papel. O que isso vai representar para aquela população?
Ricardo de Oliveira: Vai representar melhora muito grande na qualidade de atendimento, não só daquela população, mas para todo o Estado. Principalmente dessa parte Sul, como Viana, Guarapari e todo o entorno. Nossa estratégia é ampliar o acesso. A população tem uma demanda forte então a nossa política é voltada para isso. A outra questão é transparência do acesso. Vamos lançar ainda neste ano o “Portal de filas”. Critica-se muito as filas do SUS. Saber qual sua posição nela é uma informação que não existia. Estamos concluindo agora um portal de filas para que a população possa acompanhar sua posição e pretendemos também qualificar esse atendimento.
FV: Também estão previstos novos leitos no Hospital Estadual de Vila Velha e no Hospital Estadual de Urgência e Emergência. Vai realmente melhorar nas resoluções da demanda?
RO: Vai, porque são obras. O Hospital de Urgência e Emergência vamos licitar e ainda faltam dois anos de obra. Eles [os hospitais] estão sendo feitos por conta dessa percepção da demanda da população de acesso aos serviços de saúde. Isso significa ampliar a infraestrutura, melhorar a eficiência que a gente tem, para ela produzir mais, e no caso da ampliação de consultas e exames criar os centros de especialidades. O de Nova Venécia, por exemplo, vai ampliar em 15 vezes o número de consultas e exames na Região Norte. É um equipamento muito grande com capacidade resolutiva muito grande.
FV: A vacinação contra gripe será retomada na terça-feira (7), a partir da compra de 150 mil doses contra o H1N1. É o número de doses suficientes para atender os grupos prioritários ou ainda vai faltar?
RO: Foi comprado para isso. É importante dizer que não precisa de nenhuma correria porque há vacina para todos nesse grupo, no qual se incluem crianças, idosos e gestantes. De terça até sexta, com tranquilidade, as pessoas desse grupo podem ir aos postos porque as doses estarão disponíveis.
FV: Por falar em grupo prioritário, mortes causadas pelo H1N1 fizeram pessoas fora do grupo de risco procurarem pela vacina, que sumiu dos postos de saúde públicos e particulares. Há realmente motivo para pânico?
RO: Não tem. Nós tivemos uma epidemia, estamos tendo. A epidemia deste ano é forte, comparável à de 2009. Não tem nenhum outro ano para trás igual. Isso tem que ser reconhecido. Nós, quando percebemos o tamanho dela tentamos, junto ao Ministério da Saúde, debater mudança de estratégia, mas não tivemos sucesso porque consideraram como um todo os dados nacionais. Só que no Sudeste a situação foi muito mais complexa que nos outros Estados e infelizmente isso não foi atendido. Mas essa estratégia de antecipar as vacinas aqui no Estado acabou nos ajudando. Em vez de pegar dia 30 de abril pegamos no dia 18. Se a gente for comparar as duas últimas semanas o número de notificações caiu bastante. Saiu de 52 para 13, mas essa notificação já foi muito maior lá atrás, no pico da doença.
FV: A campanha, de uma forma geral, tem dado resultado?
RO: Observamos resultado positivo da campanha de vacinação, quebrando a cadeia de transmissão e diminuindo as notificação da Síndrome Respiratória Aguda Grave, que é o que provoca óbito. E também porque várias pessoas já pegaram H1N1 e deixaram de ser possíveis vetores das doenças, pois poucas evoluem para a gripe e menos ainda evoluem para óbito. E as pessoas vacinadas, que não são escolhidas à toa, são mais suscetíveis de evoluir pra óbito. Se esse grupo é vacinado ele protege a coletividade como um todo, pois deixa de ser grande fator de disseminação da doença. A política está certa.
FV: O medo do H1N1 tirou um pouco do foco a dengue, a febre chikungunya e a zika, que causou milhares de casos de microcefalia em todo o país. Como o Estado tem lidado com essa problemática?
RO: Desde que começou essa crise, estamos nos reunindo toda sexta-feira pela manhã para analisar dengue, zika e chikungunya. Isso desde dezembro. Nos reunimos para analisar números, tomar decisões, alocar recursos onde precisa mais, e etc. Todo esse trabalho feito foi em parte responsável por termos reduzido muito esse problema. Tivemos pico na semana de 22 a 27 de fevereiro de dengue de 3.475 notificações e nós chegamos na semana de 22 a 28 de maio a 217 notificações. E a queda foi assim, semana a semana. Foi um sucesso esse trabalho de combate ao mosquito. Inclusive esta semana não temos nenhum município do Estado, pela primeira vez, com alto risco de infestação de dengue. Zika a mesma coisa. De 14 a 20 de fevereiro tivemos 267 notificações. Nesta última semana chegamos a 4 notificações.