Os primeiros leitos de campanha do Espírito Santo, voltados para o tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus, começarão a funcionar em Vitória na próxima semana. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (05) pelo prefeito Luciano Rezende.
A estrutura foi montada ao lado do Pronto Atendimento de São Pedro e atenderá pacientes com casos confirmados de covid-19. Ela é similar a de um hospital de campanha, mas contará com leitos de observação, para pacientes que precisam ficar no pronto atendimento por um tempo maior que o habitual. Os leitos não são destinados para pacientes graves, mas se eles piorarem, terão acesso rápido a equipamentos importantes, como os respiradores.
Ao todo, foram disponibilizados 20 leitos e quatro respiradores de suporte. Parte dos equipamentos é remanejada e a outra é nova. “Foi um planejamento que nós fizemos, nós nos antecipamos e nós fizemos a aquisição desses quatro respiradores. Ele entra pela classificação de risco, acolhido pelo enfermeiro, e segue para consulta médica. O médico faz a avaliação dele e ele vem ou não para essa estrutura”, explicou a secretária de Saúde de Vitória, Cátia Lisboa.
A maioria dos profissionais que atenderão aos pacientes terá contrato temporário. Ao todo, de 10 a 15 funcionários trabalharão num plantão de 12 horas. O formato de contratação é o mesmo nos últimos meses, para repor os afastamentos.
Desde o início da pandemia, foram 396 servidores afastados por suspeita de covid-19. Desse total, 132 ainda não retornaram. Já no dia 3 de julho está previsto sair o resultado do último concurso público, para dar fôlego ao sistema municipal de saúde.
Colapso
De acordo com o prefeito de Vitória, os leitos de campanha foram criados justamente pela situação crítica dos hospitais do Estado. O risco de um colapso no sistema de saúde estadual é muito alto, segundo Luciano Rezende.
“Chega um momento em que você tem que se estruturar para fases mais agressivas da pandemia. Nós estamos chegando ao limite de leitos hospitalares no Espírito Santo e é hora, então, de nós termos uma ampliação maior. Daí a estrutura dos leitos de campanha, ao lado do PA, que vão ampliar ali 60 leitos, com respiradores e equipe formada, para que as pessoas com sintomas graves possam ser estabilizadas até transferidas definitivamente para um leito de UTI”, destacou Luciano Rezende.
O prefeito, no entanto, destaca que os leitos não substituem a UTI dos hospitais. “Não substitui UTI, mas mantém por muito mais tempo, com muito mais segurança, um paciente que, antes, no PA, não tinha essa estrutura”.
Com as novas vagas, Vitória deve contar com 53 leitos exclusivos para o tratamento do coronavírus, somando com as existentes nos Pronto Atendimentos. A equipe de reportagem da TV Vitória/Record TV esteve nos dois PA’s da capital para acompanhar o funcionamento de ambos.
No PA de São Pedro, o movimento é sempre grande, inclusive do lado de fora, mas não há aglomerações. Os pacientes respeitam o distanciamento social e usam máscara.
Já no PA da Praia do Suá, a movimentação é basicamente de ambulâncias. Poucas pessoas aguardam do lado de fora da unidade, mas, segundo alguns pacientes, na parte de dentro há muitas pessoas com sintomas da covid-19.
Isolamento social
A capital capixaba, segundo dados mais recentes do Painel Covid-19, atualizados na noite desta sexta-feira (05), tem o segundo maior número de casos do Estado: 3.233 registros, além de 121 mortes. Até quinta-feira, Vitória era o município capixaba com maior quantidade de infectados, mas nesta sexta foi ultrapassado por Vila Velha, que atingiu 3.241 casos da doença.
Desde o início da pandemia do novo coronavírus, foram criados 26 decretos na capital para estimular o isolamento social. O último foi na última segunda-feira (1º), instituindo um centro de comando e monitorando o estado de calamidade pública em saúde.
Para o Luciano Rezende, daqui para frente, não há como adotar regras mais rígidas, como o fechamento total do comércio e serviço, se não houver uma decisão em bloco.
“Um bloqueio total é uma operação de guerra, que envolve Polícia Militar, bombeiros, Capitania [dos Portos], bloqueio de avenidas, nenhum movimento, a não ser serviço essencial. Nenhuma prefeitura tem esse aparato. E não adianta uma prefeitura tomar essa medida isoladamente, num conglomerado urbano, porque as cidades se confundem. As pessoas trabalham, moram, visitam cidades próximas. Então isso tem que ser uma ação integrada”, frisou o prefeito.
Com informações da jornalista Andressa Missio, da TV Vitória/Record TV