As praias do litoral norte do Espírito Santo estão praticamente sem a presença de óleo cru. É o que informa as Secretarias de Meio Ambiente dos quatro municípios afetados da região. Em alguns deles já não se vê mais fragmentos há semanas. Enquanto em outros, a quantidade de vestígios diminui a cada dia.
Os primeiros fragmentos, segundo a Marinha do Brasil, apareceram no Espírito Santo no dia 7 de novembro. Mas, em outubro, as prefeituras de Conceição da Barra, São Mateus, Linhares e Aracruz já se articulavam para trabalhar com a redução dos impactos, prevendo a chegada do óleo. Daí, foram montados gabinetes para a gestão de crises.
São Mateus
Primeiro município capixaba a registrar o aparecimento do óleo. Os primeiros fragmentos apareceram em Guriri, no dia 7 de novembro. Depois, o material foi recolhido nas praias de Barra Nova e Urussuquara. No rio Mariricu, que deságua em Barra Nova, também foram encontrados vestígios e a foz chegou a ser bloqueada.
Segundo o secretário municipal de Meio Ambiente, Ricardo Louzada, quase não se vê vestígio de óleo por lá. “Nos últimos dez dias, a Marinha recolheu aqui do nosso litoral somente 500 gramas de óleo. E a equipe da prefeitura coletou uma quantidade ínfima, não chegou a 50 gramas”, informou o secretário.
Ao todo, desde o início dos trabalhos, foram recolhidos 3.750 quilos de material oleado em São Mateus. “É bom lembrar que isso não é somente óleo. Tem muita areia e muito lixo, porque a maré joga o óleo na praia e suja a alga, uma garrafa pet que alguém jogou por ali… Então, esse material é considerado lixo sujo de óleo e é todo recolhido”, explica o secretário.
Linhares
Três dias depois de o óleo ser encontrado em São Mateus, apareceu no litoral de Linhares. Na praia de Pontal do Ipiranga, o fragmento foi visto na manhã do dia 10 de novembro. Depois, o material também foi encontrado em Barra Seca, Povoação, Degredo e Regência.
As praias de Pontal do Ipiranga, Regência e Povoação, estão limpas e não apresentam mais fragmentos de óleo cru, segundo o secretário municipal de Meio Ambiente e membro do Sistema de Comando em Operações (SCO), Fabrício Borghi.
“Hoje, as operações de limpeza e monitoramento se concentram apenas nas praias de Cacimbas e Degredo, e são realizadas por militares do Exército Brasileiro. São pequenas porções de material oleado coletadas diariamente nesses pontos”, informa o secretário.
Desde o início dos trabalhos de limpeza, foram coletados mais de 662 quilos de óleo cru nas praias de Linhares.
Conceição da Barra
Na tarde do mesmo domingo, 10 de novembro, foram coletadas pequenas partes de óleo na Praia do Surf, em Conceição da Barra. Depois, os vestígios apareceram na praia de Itaúnas e em Guaxindiba, no Parque Estadual de Itaúnas.
O secretário de Meio Ambiente do município, André Tebaldi, informou que o balneário continua sendo monitorado. Mas que os fragmentos já não aparecem mais. “Há mais de dez dias que não se coleta nenhum vestígio. Praias limpas, seguras, organizadas e prontas para a temporada 2020”, afirmou Tebaldi.
O município recolheu, até o dia 28 de novembro, 1.590 quilos de resíduos oleados.
Aracruz
No dia 13 de novembro veio o primeiro registro de óleo em Aracruz. Segundo o Ibama, os pequenos resíduos foram recolhidos em Praia Formosa. Depois, os fragmentos foram coletados em outras nove praias, como Barra do Sahy, Putiri, Praia do Curral (Santa Cruz), Praia da Biologia, Praia do Sauê, Mar Azul, Santa Marta, Baleia e Praia dos Padres.
De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente de Aracruz, os últimos fragmentos de óleo foram encontrados há quase uma semana, no dia 5 de dezembro, e em pouca quantidade. O monitoramento das praias do município é feito diariamente pela Marinha do Brasil e, semanalmente, pela Secretaria de Meio Ambiente. De acordo com o município, o esquema de monitoramento vai continuar nos próximos dias.
Foram coletados, aproximadamente, 15 kg de óleo no litoral de Aracruz, desde o início do monitoramento das praias.
Manchas de óleo
O Espírito Santo foi o décimo estado brasileiro a ser atingido pelo óleo e o primeiro do sudeste com o registro de fragmentos. As primeiras manchas apareceram no litoral da Paraíba, no nordeste do país, em 30 de agosto. Depois se espalhou por Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. O Rio de Janeiro foi o último a registrar fragmentos de óleo. A origem do derramamento ainda é investigada.
Há quase dois meses, o Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), formado pela Marinha do Brasil (MB), Agência Nacional de Petróleo (ANP) e Ibama, junto das prefeituras do norte capixaba, acompanham a situação no estado. O processo de limpeza de áreas afetadas tem a ajuda do Exército Brasileiro.
A Marinha informou que pesquisadores e cientistas, que participam do combate às manchas de óleo, vão se reunir nesta quinta-feira (12) para discutir medidas futuras de prevenção e procedimentos que permitam respostas rápidas para incidentes semelhantes. Também devem ser apresentados os últimos dados coletados por pesquisadores brasileiros nas áreas atingidas.
Entramos em contato com a Marinha, para saber até quando os trabalhos seguem no norte do Espírito Santo. Mas, até o fechamento da reportagem, não tivemos resposta.