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Prefeitura abre processo para doação do Clube Saldanha da Gama

A proposta é que o local seja passado para uma pessoa que se comprometa a reformar e restaurar o clube em 10 anos

Saldanha da Gama reformado em 2010
Saldanha da Gama reformado em 2010

A Secretaria de Desenvolvimento de Vitória abriu um processo para a doação ou cessão do Clube Saldanha da Gama, no Forte São João, em Vitória. Na última quinta-feira (25), foi publicado um edital de chamamento de interessados com as regras para o repasse desse imóvel. 

Para isso, é preciso se manifestar até o próximo dia 20. A decisão foi tomada após duas tentativas de venda, no ano passado, não serem concretizadas por falta de interessados.

O edital determina a concessão ou doação do imóvel histórico, de 4031,28 m², com encargo financeiro de R$ 3,5 milhões, desde que a edificação seja restaurada em 10 anos e que seja implantado um equipamento de uso cultural. Assim é preservada a vocação turística e cultural desse prédio.

Os interessados vão poder participar de uma concorrência pública, nos termos da lei orgânica. Caso tenha apenas uma manifestação, será dispensada a concorrência. As instituições que desejam adquirir o Clube devem enviar um ofício à Secretaria de Desenvolvimento da Cidade (Sedec) até o próximo dia 20.

“Após duas tentativas desertas de venda por R$ 5 milhões, estamos em busca de parceiros que desejam transformar o Clube em um espaço cultural, desde que possa fazer reformas e repassar um valor menor ao município. Com o recurso dessa operação, investiremos na restauração de outro prédio histórico, o Mercado da Capixaba”, afirmou a secretária de Desenvolvimento da Cidade, Lenise Loureiro.

Venda

Em junho do ano passado, a prefeitura abriu uma licitação para a venda do local. No entanto, nenhuma empresa compareceu ao certame e a licitação do edifício histórico foi considerada deserta.

Agora, a proposta é que o local seja passado para uma pessoa que se comprometa a reformar e restaurar o clube no prazo de 10 anos e que as atividades realizadas sejam de cunho cultural, para não perder a vocação do imóvel. 

História

O Forte São João foi edificado no período colonial para proteger a cidade dos invasores. A fortaleza teve um papel imprescindível na defesa da Capitania do Espírito Santo, principalmente a partir de 1592, quando o navegador inglês Candish, temido em todo mundo, ameaçava invadir a ilha. Com sua importância nas batalhas, tornou-se testemunho de resistência do povo capixaba, que venceu por duas vezes os holandeses.

Em 1767, a edificação ganhou peças de artilharia e enormes paredes de pedra que transformaram o Forte em uma figura imponente de defesa territorial. O Clube de Regatas Saldanha da Gama comprou a antiga edificação do Forte São João, em 1931. Apesar da prática de esportes ser a sua principal atividade, o Saldanha, a partir da década de 20, passou a investir em festas, concursos e eventos que animavam a elite capixaba.

Sempre contando com a influência de seus associados, passou por muitos reparos e reformas até 1984, quando se tornou um imóvel tombado pelo município. A partir daí, nenhuma obra que descaracterizasse a arquitetura original foi realizada. A muralha do clube é tombada em nível estadual e considerada de interesse de preservação.