Geral

Presidente da Ucrânia diz que espera ataque da Rússia; entenda o que acontece no país

Governo de Vladimir Putin deslocou 100 mil soldados para a fronteira com a Ucrânia e está prestes a iniciar conflito com impacto global

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Jair Bolsonaro visita a Rússia nesta segunda-feira (14) no momento mais tenso da região desde a Guerra Fria

Nesta segunda-feira (14), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que foi avisado de que a Rússia atacará o país na próxima quarta-feira (26). “Dizem-nos que 16 de fevereiro será o dia do ataque. Vamos fazer dele um dia de união. O decreto já foi assinado. Neste dia, vamos hastear bandeiras nacionais, colocar fitas azuis e amarelas e mostrar ao mundo a nossa unidade”, disse o presidente, em pronunciamento à população ucraniana.

A declaração do mandatário foi feita em vídeo publicado no seu perfil oficial do Facebook, há cerca de uma hora. “Estamos intimidados com uma grande guerra e definimos mais uma vez a data da invasão militar. Esta não é a primeira vez. Mas nosso estado está mais forte hoje do que nunca”, afirmou. 

A notícia vem horas depois do ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, afirmar que uma saída diplomática ainda é possível. Zelensky ainda disse mais cedo, segundo relatos da imprensa europeia, que não esperava uma invasão russa em breve, e reiterou sua intenção de entrar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), iniciativa a qual os russos são contrários.

No pronunciamento, Zelensky ressaltou que os ucranianos querem resolver o conflito de forma pacífica e através de negociações. Ao mesmo tempo, ele ressaltou que o exército do país está mais bem equipado e preparado para uma guerra armada do que estava em 2014, quando a Rússia tomou a região da Crimeia.

Estados Unidos fecharam embaixada na capital ucraniana

Os Estados Unidos estão fechando sua embaixada na capital ucraniana, Kiev, e realocando suas operações para 340 milhas cerca de 548 quilômetros a oeste, para Lviv (também conhecida como Lemberga), próxima à fronteira com a Polônia. A movimentação se dá à medida que aliados dos americanos alertam para um ataque iminente da Rússia contra a Ucrânia.

Como parte da estratégia, o Departamento do Estado dos EUA ordenou a destruição de equipamentos de rede e estações de trabalho de computadores e o desmantelamento do sistema telefônico da embaixada, de acordo com autoridades norte-americanas familiarizadas com o assunto e comunicações internas analisadas pelo The Wall Street Journal. Esses movimentos tornam a embaixada de Kiev inoperante como uma instalação diplomática.

No último domingo (13), 56 funcionários da embaixada e materiais confidenciais chegaram ao Aeroporto Internacional Dulles, perto de Washington, de acordo com as comunicações internas. O Departamento de Estado disse que adotou todas as precauções necessárias para proteger materiais classificados como parte da retirada. Conflito pode levar Rússia e Ucrânia a uma nova guerra.

Bolsonaro visita a Rússia nesta segunda-feira (14)

O presidente Jair Bolsonaro viaja nesta segunda-feira (14) à Rússia no momento mais tenso da região desde a Guerra Fria. Segundo a inteligência dos Estados Unidos, os russos podem invadir ainda nesta semana a Ucrânia. Apesar do risco de uma nova guerra ser o assunto mais relevante no momento, o tema não deve pautar o encontro entre Bolsonaro e Vladimir Putin, garantiu um senador russo aliado de Putin.

Segundo Andrei Klimov, senador pelo partido Rússia Unida, de Putin, e membro da Comissão de Assuntos Internacionais do Conselho da Federação da Rússia (a Câmara alta), as conversas entre os dois líderes girarão em torno apenas das relações bilaterais, o que não inclui a atual tensão nas fronteiras da Ucrânia.

Entenda o que acontece no país

A crise envolvendo a Ucrânia, Rússia, os Estados Unidos e a Otan já é antiga e tem origem no fim da Guerra Fria. Com o colapso dos regimes comunistas no Leste Europeu, a aliança militar entre europeus e americanos avançou rumo a leste, com países que antes eram da esfera soviética passando à zona de influência ocidental. Putin vê esse avanço como ameaça, em especial se a Ucrânia se tornar parte da Otan.

Fazer parte da aliança é um antigo desejo ucraniano, que vê na estratégia uma forma de se proteger das investidas russas. Uma vez parte da Otan, todo país que sofre alguma agressão recebe a ajuda imediata dos aliados. A Ucrânia se tornou uma candidata em 2018, mas não há uma definição de quando, e se, o país de fato fará parte.

A disputa atual teve início em novembro do ano passado, mas foi acirrada nas últimas semanas, depois de mais uma rodada de negociações frustradas entre representantes das diplomacias americana, europeia e russa.

Em meio às negociações, o vice-chanceler russo, Serguei Ryabkov, chegou a afirmar que não poderia “nem confirmar, nem excluir” a possibilidade de envio de recursos militares para Cuba e Venezuela se as negociações falhassem e a pressão dos EUA sobre a Rússia aumentasse.

No começo desta semana, Moscou também iniciou um deslocamento de tropas para Belarus, na fronteira norte da Ucrânia, sob a justificativa de participação em exercícios militares que serão realizados em fevereiro. Navios de guerra também foram enviados ao Mar Negro, onde a Península da Crimeia tem sua costa.

Governo da Ucrânia pede calma em meio a temores de guerra

O governo ucraniano pediu aos cidadãos no último sábado (12) que permaneçam calmos e unidos, dizendo que as Forças Armadas estão prontas para repelir qualquer ataque ao país em meio à preocupação de que a Rússia possa estar pronta para invadir o país.

“Agora é fundamental manter a calma e a união dentro do país e evitar ações que prejudiquem a estabilidade e semeem pânico”, disse o Ministério das Relações Exteriores em comunicado. “As Forças Armadas da Ucrânia estão constantemente monitorando os desenvolvimentos e estão prontas para repelir qualquer invasão à integridade territorial e soberania da Ucrânia.” 

A Rússia reuniu mais de 100 mil soldados perto de sua fronteira com a Ucrânia e os Estados Unidos disseram na sexta-feira (11) que uma invasão pode ocorrer a qualquer momento. 

LEIA TAMBÉM

>> Voos à Ucrânia são interrompidos e redirecionados diante de aumento de tensão

>> Crise na Ucrânia: Países se preparam para fluxo de refugiados em caso de guerra

>> Ucrânia convoca reunião com Rússia e organização europeia de segurança em 48h

Laís Magesky, editora de distribuição de redes sociais
Laís Magesky

Editora de Distribuição de Conteúdo

Formada em Jornalismo pela Faesa, atua como editora de distribuição de conteúdo e é responsável pelas redes sociais do Folha Vitória, conectando informação de qualidade ao público por meio das plataformas digitais.

Formada em Jornalismo pela Faesa, atua como editora de distribuição de conteúdo e é responsável pelas redes sociais do Folha Vitória, conectando informação de qualidade ao público por meio das plataformas digitais.