Nesta segunda-feira (14), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que foi avisado de que a Rússia atacará o país na próxima quarta-feira (26). “Dizem-nos que 16 de fevereiro será o dia do ataque. Vamos fazer dele um dia de união. O decreto já foi assinado. Neste dia, vamos hastear bandeiras nacionais, colocar fitas azuis e amarelas e mostrar ao mundo a nossa unidade”, disse o presidente, em pronunciamento à população ucraniana.
A declaração do mandatário foi feita em vídeo publicado no seu perfil oficial do Facebook, há cerca de uma hora. “Estamos intimidados com uma grande guerra e definimos mais uma vez a data da invasão militar. Esta não é a primeira vez. Mas nosso estado está mais forte hoje do que nunca”, afirmou.
A notícia vem horas depois do ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, afirmar que uma saída diplomática ainda é possível. Zelensky ainda disse mais cedo, segundo relatos da imprensa europeia, que não esperava uma invasão russa em breve, e reiterou sua intenção de entrar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), iniciativa a qual os russos são contrários.
No pronunciamento, Zelensky ressaltou que os ucranianos querem resolver o conflito de forma pacífica e através de negociações. Ao mesmo tempo, ele ressaltou que o exército do país está mais bem equipado e preparado para uma guerra armada do que estava em 2014, quando a Rússia tomou a região da Crimeia.
Estados Unidos fecharam embaixada na capital ucraniana
Os Estados Unidos estão fechando sua embaixada na capital ucraniana, Kiev, e realocando suas operações para 340 milhas cerca de 548 quilômetros a oeste, para Lviv (também conhecida como Lemberga), próxima à fronteira com a Polônia. A movimentação se dá à medida que aliados dos americanos alertam para um ataque iminente da Rússia contra a Ucrânia.
Como parte da estratégia, o Departamento do Estado dos EUA ordenou a destruição de equipamentos de rede e estações de trabalho de computadores e o desmantelamento do sistema telefônico da embaixada, de acordo com autoridades norte-americanas familiarizadas com o assunto e comunicações internas analisadas pelo The Wall Street Journal. Esses movimentos tornam a embaixada de Kiev inoperante como uma instalação diplomática.
No último domingo (13), 56 funcionários da embaixada e materiais confidenciais chegaram ao Aeroporto Internacional Dulles, perto de Washington, de acordo com as comunicações internas. O Departamento de Estado disse que adotou todas as precauções necessárias para proteger materiais classificados como parte da retirada. Conflito pode levar Rússia e Ucrânia a uma nova guerra.
Bolsonaro visita a Rússia nesta segunda-feira (14)
O presidente Jair Bolsonaro viaja nesta segunda-feira (14) à Rússia no momento mais tenso da região desde a Guerra Fria. Segundo a inteligência dos Estados Unidos, os russos podem invadir ainda nesta semana a Ucrânia. Apesar do risco de uma nova guerra ser o assunto mais relevante no momento, o tema não deve pautar o encontro entre Bolsonaro e Vladimir Putin, garantiu um senador russo aliado de Putin.
Segundo Andrei Klimov, senador pelo partido Rússia Unida, de Putin, e membro da Comissão de Assuntos Internacionais do Conselho da Federação da Rússia (a Câmara alta), as conversas entre os dois líderes girarão em torno apenas das relações bilaterais, o que não inclui a atual tensão nas fronteiras da Ucrânia.
Entenda o que acontece no país
A crise envolvendo a Ucrânia, Rússia, os Estados Unidos e a Otan já é antiga e tem origem no fim da Guerra Fria. Com o colapso dos regimes comunistas no Leste Europeu, a aliança militar entre europeus e americanos avançou rumo a leste, com países que antes eram da esfera soviética passando à zona de influência ocidental. Putin vê esse avanço como ameaça, em especial se a Ucrânia se tornar parte da Otan.
Fazer parte da aliança é um antigo desejo ucraniano, que vê na estratégia uma forma de se proteger das investidas russas. Uma vez parte da Otan, todo país que sofre alguma agressão recebe a ajuda imediata dos aliados. A Ucrânia se tornou uma candidata em 2018, mas não há uma definição de quando, e se, o país de fato fará parte.
A disputa atual teve início em novembro do ano passado, mas foi acirrada nas últimas semanas, depois de mais uma rodada de negociações frustradas entre representantes das diplomacias americana, europeia e russa.
Em meio às negociações, o vice-chanceler russo, Serguei Ryabkov, chegou a afirmar que não poderia “nem confirmar, nem excluir” a possibilidade de envio de recursos militares para Cuba e Venezuela se as negociações falhassem e a pressão dos EUA sobre a Rússia aumentasse.
No começo desta semana, Moscou também iniciou um deslocamento de tropas para Belarus, na fronteira norte da Ucrânia, sob a justificativa de participação em exercícios militares que serão realizados em fevereiro. Navios de guerra também foram enviados ao Mar Negro, onde a Península da Crimeia tem sua costa.
Governo da Ucrânia pede calma em meio a temores de guerra
O governo ucraniano pediu aos cidadãos no último sábado (12) que permaneçam calmos e unidos, dizendo que as Forças Armadas estão prontas para repelir qualquer ataque ao país em meio à preocupação de que a Rússia possa estar pronta para invadir o país.
“Agora é fundamental manter a calma e a união dentro do país e evitar ações que prejudiquem a estabilidade e semeem pânico”, disse o Ministério das Relações Exteriores em comunicado. “As Forças Armadas da Ucrânia estão constantemente monitorando os desenvolvimentos e estão prontas para repelir qualquer invasão à integridade territorial e soberania da Ucrânia.”
A Rússia reuniu mais de 100 mil soldados perto de sua fronteira com a Ucrânia e os Estados Unidos disseram na sexta-feira (11) que uma invasão pode ocorrer a qualquer momento.
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