O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou, durante pronunciamento divulgado nas redes sociais neste sábado (26), que o país lutará o tempo que for necessário para dar fim à ação russa no território ucraniano.
“Lutaremos o tempo que for necessário para libertar o país. Se as crianças nascem em abrigos, mesmo quando o bombardeio continua, então o inimigo não tem chance nesta indubitavelmente guerra popular”.
A fala se dá ao final de um dia em as forças ucranianas mantiveram o controle da capital Kiev e de outras cidades, como a cidade industrial de Kharkiv, localizada a poucos quilômetros da fronteira russa.
“Em nossa terra há mais de 100.000 invasores atirando violentamente em prédios residenciais”, disse o presidente ucraniano.
“Mantivemo-nos firmes e repelimos com sucesso os ataques dos inimigos. Os combates continuam em muitas cidades e regiões do país (…) mas é o nosso Exército que controla Kiev e as principais cidades ao redor da capital”, completou.
A capital ucraniana sofreu ataques durante a noite, mas se mantém na resistência. O registro de um prédio residencial parcialmente destruído na cidade foi uma das imagens de destaque da guerra neste sábado. Duas pessoas ficaram feridas. Em outro bairro, uma casa foi atingida e três pessoas morreram, segundo o governo ucraniano.
O terceiro dia da ofensiva lançada pelo presidente russo Vladimir Putin começou com notícias sobre a incursão de uma unidade motorizada russa no oeste de Kiev, onde uma guarnição militar foi submetida a bombardeios. Porém, o ataque foi repelido. O objetivo do ataque era obter o controle da “linha vermelha” do metrô que leva diretamente ao coração da cidade, a Praça da Independência (Maidan).
Por esse motivo, a metrópole fechou suas portas até segunda ordem e a Câmara Municipal impôs um toque de recolher das 17h deste sábado até a manhã de segunda-feira (28).
Nas palavras do presidente ucraniano, o exército local “descarrilou” o plano russo contra a capital. “Os ocupantes queriam bloquear o centro do país e colocar marionetes (pró-Rússia) aqui, como em Donetsk. Fizemos descarrilar a ideia deles, eles não tiveram nenhuma vantagem sobre nós”, destacou.
Além de recomendar que os habitantes de Kiev não saiam às ruas ou olhem pelas janelas ou varandas, o Ministério do Interior da Ucrânia acelerou a distribuição de armas entre a população. Mais de 25.000 armas foram distribuídas, às quais devem ser adicionadas milhares de balas, lançadores de granadas e granadas.
“Kiev vai se defender, vai se defender até o fim. Eu vejo com orgulho como as pessoas defendem sua cidade, suas aldeias, suas ruas, suas casas. Todo mundo que pegou uma arma é um homem livre de um país livre. Hoje, a Ucrânia somos nós e nós somos a Ucrânia. Vamos resistir!”, declarou Denis Monastirski, ministro do Interior.
O ministro da Defesa ucraniano, Oleksiy Reznikov, disse hoje que mais de 3.000 invasores foram eliminados e outros 200 foram capturados desde quinta-feira.
Receita para fazer coquetel molotov
Reznikov pediu aos ucranianos que impeçam por qualquer meio o avanço das colunas de tanques russos, que são necessariamente acompanhados por caminhões de combustível.
Para isso, o partido do prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, publicou a receita para fazer um coquetel molotov, que, como lembraram, foi usado pelos finlandeses contra os tanques russos na Guerra de Inverno (1939-1940).
Além disso, Zelensky salientou que continuam a chegar armas defensivas a Kiev vindas do Ocidente, enquanto que, em relação a possíveis consultas com o Kremlin, os assessores do chefe de Estado ucraniano defenderam a necessidade de “negociações plenas” e não exigências de capitulação e ultimatos.
Por fim, descreveram como “mentira” a informação do Kremlin de que o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou a suspensão da ofensiva para dar uma chance ao diálogo com Kiev.
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Ucrânia recebe apoio militar internacional e Alemanha enviará armas pesadas ao país
Neste sábado, o chanceler alemão, Olaf Scholz, anunciou que enviará à Ucrânia 1.000 armas antitanque e 500 mísseis terra-ar.
Em seu Twitter, Scholz afirmou: “O ataque russo marca um ponto de virada. É nosso dever fazer o possível para apoiar a Ucrânia em sua defesa contra o exército invasor de #Putin. É por isso que estamos entregando 1.000 armas antitanque e 500 mísseis Stinger para nossos amigos na #Ucrânia.”
Essa é uma considerável mudança na postura da Alemanha, que vinha resistindo a pedidos de Kiev por armamentos defensivos, e recebendo críticas de autoridades ucranianas por isso.
Outra importante postura anunciada pelo País é o apoio alemão à exclusão da Rússia do sistema bancário Swift.
Além da Alemanha, outros países vêm oferecendo armamentos e apoio militar para a Ucrânia. Na sexta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, instruiu o Departamento de Estado de seu país a enviar $ 350 milhões (o equivalente a cerca de R$ 1,8 bilhão) em armamento para os exércitos ucranianos.
Esse será o terceiro envio de armas norte-americanas para a Ucrânia desde 2021. O valor total das três ações, juntas, ultrapassa $ 1 bilhão (cerca de R$ 5,1 bilhões).
Também na sexta, Emmanuel Macron, presidente da França, afirmou que fornecerá à Ucrânia uma “assistência orçamentária adicional de 300 milhões de euros” (cerca de R$ 1,7 bilhão), além de enviar materiais defensivos. No entanto, ele não deixou claro quais serão os equipamentos enviados.
Já o primeiro-ministro da Bélgica, Alexander De Croo, anunciou no sábado o envio de 3.800 toneladas de combustível e 2.000 metralhadoras para o exército ucraniano.
Além disso, o País enviará 300 soldados para Romênia, para fortalecer sua fronteira ao leste. De Croo acrescentou que o País ainda avalia novos envios de auxílio nos próximos dias.
O conselheiro de Assuntos Internacionais e Defesa da Holanda, Geoffrey van Leeuwen, afirmou, também no sábado, que o País enviará 200 mísseis antiaéreos para a Ucrânia, e informou que outros equipamentos de defesa também estão a caminho. Isso inclui rifles, munição, detectores de minas terrestres e sistemas de radar.
Já a ministra da Defesa da República Tcheca, Jana Cernochová, anunciou o envio de metralhadoras, rifles de precisão, pistolas e munições equivalentes ao valor de 188 milhões de Coroas Tchecas (o equivalente a R$ 44,2 milhões).
O ministro de Defesa da Eslováquia, Jaroslav Nad’, declarou que o País enviará 11 milhões (equivalente a R$ 64 milhões) em munições e combustível.
Com informações do Portal R7 e Estadão Conteúdo