O primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, disse neste domingo que renunciará, em meio a críticas crescentes ao tratamento que seu governo tem dado à investigação do assassinato de uma jornalista que implicou alguns de seus assessores mais próximos em casos de corrupção.
Muscat, que lidera o menor país membro da União Europeia há mais de seis anos, disse que deixaria o cargo em janeiro, quando será escolhido um novo líder para o Partido Trabalhista.
O anúncio foi feito após forte pressão interna e externa devido a lenta investigação sobre o assassinato, há dois anos, de Daphne Caruana Galizia, a jornalista investigativa mais conhecido de Malta. O caso desencadeou a mais profunda crise política do país em décadas.
Em um discurso televisionado, o primeiro-ministro disse que cumpriu sua palavra sobre investigar a morte de Daphne, apontando algumas prisões de alto nível no final de novembro. “Mas nosso país vem em primeiro lugar”, disse ele, prometendo deixar o cargo após 12 de janeiro.
Daphne Caruana Galizia denunciou casos de corrupção entre políticos e empresários de Malta a fez inúmeros inimigos. Ela foi morta em 2017, quando uma bomba colocada em seu carro explodiu. O assassinato atraiu críticas internacionais e levantou preocupações sobre o estado de direito do país. Essas preocupações se aprofundaram quando a investigação esbarrou em nomes ligados ao governo e ficou paralisada por dois anos.
O caso reascendeu nos últimos dias, com a prisão de Yorgen Fenech, um dos empresários mais proeminentes de Malta, formalmente acusado como cúmplice do assassinato. Detido, ele disse à polícia que o cérebro do crime era o ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro, Keith Schembri, que renunciou ao cargo na semana passada.
Antes ser assassinada, Caruana Galizia escreveu que a corrupção estava se tornando endêmica no país, citando Schembri e o então ministro da energia Konrad Mizzi em um dos casos. Mizzi renunciou ao cargo de ministro do Turismo na semana passada
Schembri foi preso também na semana passada e liberado dois dias depois sob alegação de falta de provas. Sua rápida liberação e a falta de investigação aprofundada intensificaram as críticas ao primeiro-ministro de Malta, provocando sua renúncia. Parentes da jornalista e outros críticos disseram que Joseph Muscat deveria renunciar imediatamente.