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Professor da Ufes explica como pressão no mar dificulta resgate de submarino

Busca na região marítima onde o Titanic está afundado exige embarcação especializada devido à profundidade e características do local

Foto: REPRODUÇÃO TWITTER/@TERROR_ALARM

O desaparecimento do submarino Titan, que realizava uma visita aos destroços do Titanic, gerou grande repercussão durante esta semana nas redes sociais. A embarcação desapareceu na segunda-feira (19). Equipes de resgate dos Estados Unidos e do Canadá estão realizando operações de busca. 

Muitas perguntas rodeiam a situação, que acontece a quase 3.800 metros de profundidade. Além disso, as águas são escuras e existe uma intensa pressão atmosférica atuando sobre o submarino. 

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Em entrevista ao Folha Vitória, o professor de Oceanografia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Agnaldo Silva Martins, explica que a pressão na água é muito intensa. “Quanto mais você desce no oceano, maior é a pressão. Estamos acostumados a aguentar a atmosfera, mas no mar não se compara”. 

O especialista explica que a cada 10 metros na água, o indivíduo está exposto ao dobro da pressão atmosférica da superfície. 

“Imagina estando a 3.800 metros, o nosso corpo não aguenta a pressão que é 380 vezes maior”, narra.

Além disso, mesmo o casco do Titan sendo construído com materiais como titânio, capaz de aguentar pressão, em qualquer hipótese, de fissura ou colisão, a estrutura sofreria uma implosão. 

“Nesse tipo de situação, ao contrário de uma explosão, o volume ocupado seria reduzido, como uma garrafa se contraindo. Isso mataria todos os tripulantes presentes na embarcação”, descreve o professor.

Como ocorre a comunicação? 

O especialista descreve que o principal modo de comunicação entre os tripulantes do submarino com os indivíduos na superfície acontece por meio de sons. “Ele não possui Wi-Fi ou sinal eletromagnético, pois eles não passam pela água. Mas é presente uma comunicação que acontece por meio de sonar”, disse. 

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Ele narra que, infelizmente, os piores cenários estão rondando a embarcação. “Eles não realizaram nenhum tipo de comunicação e também não largaram o peso de parte da embarcação para conseguirem ir para a superfície sem motor. Infelizmente é muito estranho”. 

Além disso, ele ressalta que, a procura é longa. “O sonar é bem delicado, em qualquer outro objeto ou embarcação no fundo do oceano é enviado um sinal, ou seja, a procura será bem intensa e longa”, disse o oceanógrafo. 

Buscas pelo submarino continuam 

O modelo do Titan, que segue desaparecido, não possui energia capaz de tirá-lo da água. Ele depende de uma nave-mãe para fazer esse transporte.

Desde o desaparecimento, autoridades norte-americanas e canadenses iniciaram uma operação de busca e resgate e também mobilizaram pelo menos duas aeronaves, outro submarino e boias sônicas para realizar uma espécie de varredura na área.

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Repórter do Folha Vitória, Maria Clara de Mello Leitão
Maria Clara Leitão Produtor Web
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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário Faesa e, desde 2022, atua no jornal online Folha Vitória