Geral

Projeto de pesquisadores da Ufes é utilizado em tratamento para crianças autistas na Colômbia

A ideia já foi reconhecida pelo Google e por um instituo britânico

Foto: Montagem Folha Vitória

Um projeto desenvolvido por pesquisadores da pós-graduação em Engenharia Elétrica, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), que visa ajudar no tratamento de crianças autistas, está sendo utilizado na Colômbia.

Trata-se de um dispositivo dividido em duas etapas. Um sistema de câmera com inteligência artificial, que ajuda a detectar o foco de atenção da criança para avaliar os fatores de risco do autismo, e um robô no formato de um boneco de pelúcia, que possui motores no rosto que possibilitam diferentes expressões faciais e movimentos nos braços.

O professor responsável pelo projeto, Anselmo Frizzera, explica que a ideia ajuda no diagnóstico e no tratamento do autismo. “A câmera analisa o foco da atenção, que é um fator de risco do autismo, a atenção compartilhada. Ou seja, nesta parte, vamos observar se a criança consegue dividir a atenção dela para mais de uma coisa ao mesmo tempo, caso ela não consiga, pode ser um sinal do autismo”. 

“Assim como a câmera, o robô é uma ajuda a mais durante o tratamento. Ele será utilizado para estimular a parte de atenção, fala e expressões da criança. Nossa ideia era inserir outro personagem menos complexo que uma pessoa, para que exista um canal de comunicação mais simplificado com o paciente”, explicou o professor. 

Repercussão

O projeto foi desenvolvido no laboratório de pesquisa da Ufes, utilizando os recursos locais. O robô foi feito em uma impressora 3D e com materiais disponíveis na instituição e de baixo custo. Os pesquisadores também conseguiram experimentar o dispositivo na clínica de psicologia da Universidade Vila Velha, onde viram na prática a ideia sendo utilizada com as crianças autistas. 

A ideia recebeu apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), por meio de bolsas de financiamento para o estudo e chegou a ser reconhecida pelo Google Research Awards for Latin America, uma premiação do Google para grandes estudos científicos e pelo Newton Fund do Reino Unido

Segundo Frizzera, o dispositivo não será implantado no Brasil. “Nós submetemos o projeto na Colômbia, onde ele recebeu financiamento do Newton Fund, para que a gente realizasse toda a estrutura dele lá. Ele está sendo utilizado por clínicas particulares. Está sendo usado lá fora, porque as pessoas de lá tiveram interesse, incentivaram e queriam utilizar nos tratamentos”, afirmou. 

Tratamento

Foto: Divulgação

O dispositivo é um complemento aos objetos utilizados durante as terapias. A criança é colocada em uma sala fechada, com diversos objetos, brinquedos e a presença de um profissional, como o psicólogo. Neste momento, acontece a intervenção com a câmera e o robô. A câmera irá analisar as reações e atitudes da criança, enquanto o robô deve interagir e estimula-lá.

O professor afirma que o uso do projeto na Colômbia tem gerado bons resultados. “Agora, além dos profissionais e dos objetos, o tratamento contará com o robô como ferramenta adicional para o tratamento da criança. Percebemos grande interesse das crianças em interagiram com o robô. Eles aprendem sobre expressões faciais, tocam no robô e interagem. Não substitui o tratamento, é um elemento a mais”. 

Novas ideias

O professor da Ufes, Anselmo Frizzera, é destaque nos projetos robóticos sociais e já está desenvolvendo uma nova ideia, desta vez para mobilidade. O andador robótico, é um sistema que ajuda a pessoa a caminhar, controlado pela nuvem do próprio servidor e de acordo com o que a pessoa quer. A tecnologia oferece estabilidade na caminhada e uma série de funções: desviar de obstáculo, mapear o ambiente para que a pessoa possa se localizar.