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Especialista minimiza polêmica em prova aplicada no interior do Estado

Segundo a profissional, isso não quer dizer que os professores estão colocando os artistas no mesmo patamar de um pensador clássico

Psirico e Valesca Popozuda são citados em provas Foto: Reprodução

Duas questões aplicadas em provas de escolas de ensino médio geraram grande polêmica em todo o país. Uma delas aconteceu nesta semana em Pedro Canário, no norte do Estado. Um professor de filosofia utilizou a letra da música “Lepo Lepo”, da banda Psirico, em uma avaliação.

De acordo com a professora de letras da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Cleonara Maria Schwartz, as pessoas interpretam essas abordagens como uma afronta aos pensadores, mas todos que criam algo também são pensadores. “O que tem gerado polêmica é porque os cantores estão sendo chamados de pensadores contemporâneos. Mas isso não quer dizer que esses professores estão colocando os artistas no mesmo patamar de um pensador clássico”, apontou. 

Para a professora, qualquer estilo musical pode ser colocado em uma prova, desde que a questão tenha um fundamento. “O problema não é a música, mas sim a forma de abordagem. Mas as questões elaboradas que foram divulgadas parecem mais uma brincadeira. Não contribui para avaliar se o aluno aprendeu o que foi ensinado. O problema realmente é o formato”, explicou.

Cleonara destacou que na prova onde o professor utilizou a música “Lepo Lepo”, a ideia foi além. “Ele tentou criar uma reflexão, e essa intenção é muito válida, mas o profissional precisa saber o objetivo dessa questão e conferir se o aluno conhece a letra. As avaliações aplicadas precisam mostrar o que o estudante aprendeu do que foi ensinado durante as aulas. E para isso, não vejo problema colocar temáticas musicais, mas com relação ao contexto social, político e econômico”, afirmou.

A Secretaria de Estado da Educação (Sedu) informou que os professores, em suas avaliações, podem usar recursos como música, charge, poesia, desde que contemplem o que está previsto no currículo e que a questão esteja no contexto do que foi ensinado em sala de aula.

“Lepo Lepo” surpreende alunos

Nesta semana, um professor de filosofia da rede estadual de ensino também fez uma prova bastante diferente. Desta vez foi usada a letra da música “Lepo Lepo”, da banda Psirico. O cantor Márcio Victor também foi apontado como “pensador contemporâneo”. Na avaliação, os alunos foram questionados sobre qual alternativa não fazia referência a letra da música.

A prova foi aplicada em uma turma do primeiro ano da Escola Estadual de Ensino Médio Manoel Duarte da Cunha, em Pedro Canário, no norte do Estado. De acordo com o professor Maurício de Menezes, os alunos ficaram muito surpresos. “Alguns acharam que era brincadeira, mas depois perceberam que era sério. Eu sempre acostumei os alunos com dinâmicas bem diferentes durante as aulas. Acredito que isso ajuda a prender a atenção”, comentou.

Valesca Popozuda é citada em prova e gera polêmica

Um caso que gerou muita polêmica foi quando um professor de filosofia citou a cantora Valesca Popozuda como “grande pensadora contemporânea” e fez referência ao hit “Beijinho no Ombro”. A questão, aplicada a alunos do Centro de Ensino Médio 3 de Taguatinga, no Distrito Federal, foi reproduzida e duramente criticada em páginas da internet. A questão perguntava: “Segundo a grande pensadora contemporânea Valesca Popozuda, se bater de frente é: A – tiro, porrada e bomba; B – é só beijinho no ombro; C – recalque; D – é vida longa”. Ela foi elaborada pelo professor Antônio Kubitschek, que leciona Filosofia na escola há 19 anos.