Historicamente, a Quarta-feira de Cinzas marca o fim do carnaval e o início da Quaresma. Durante esse período, que se estende até a Páscoa, de acordo com a tradição católica, os fiéis fazem o compromisso pela abstinência de algo. Mas, quando se trata do consumo de carne durante a Quarta-feira de Cinzas há uma dúvida recorrente: pode ou não pode?
O frei Quércio Patrique de Souza, da Paróquia Santa Clara de Assis localizada em Vila Bethânia, Viana, explica:
“A questão da carne entra na penitência. Para muitos, é difícil deixar de comer carne. Está ligada ao fato da morte de Cristo, uma ofensa a Deus. Entra aí a questão do jejum, do sacrifício. É um sacrifício pessoal que cada um oferece na tentativa de pedir que Deus tenha piedade e perdoe os pecados. É um pedido mais intenso para que a pessoa alcance a graça”, esclareceu o frei Quércio.
>> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas? Participe da nossa comunidade no WhatsApp ou entre no nosso canal do Telegram!
Segundo o sacerdote, a igreja pede que haja a abstinência na quarta-feira de cinzas e na sexta-feira santa, início e final da quaresma. No entanto, muitos fiéis fazem a opção de ficar todo o período sem o consumo de carne.
O padre explica, ainda, que toda e qualquer penitência deve ser realizada com base na realidade de cada cristão, considerando questões como saúde, idade e contexto de vida.
“Não precisa ser só de carne. Podemos escolher algo para tirar nesse período. Depende de cada pessoa. Cada um deve se avaliar e observar o que pode ser colocado no lugar. Idosos ou quem faz dieta pode substituir a carne por outra coisa. Cada um precisa ter ciência da saúde, da idade, do contexto que ela vive. A pessoa tem que tomar cuidado para não escolher nada muito rígido e tomar cuidado com a própria vida. É preciso escolher algo para viver bem a graça de Deus”, disse.
Origem da quarta-feira de cinzas
A quarta-feira de cinzas é inspirada em um antigo ritual judaico, que remete à fragilidade da vida humana, transitória e sujeita à morte. No rito, as pessoas jogavam as cinzas de ervas queimadas sobre a cabeça como símbolo de arrependimento perante Deus.
Atualmente, a Igreja Católica Apostólica Romana trata a quarta-feira de cinzas como um dia para a mortalidade ser lembrada. Missas são realizadas na data, e os participantes, abençoados com cinzas pelo padre que conduz a cerimônia.
A testa dos celebrantes é marcada com o borralho e costuma ser deixada pelos cristãos até ao pôr do sol, antes de lavá-la.
Sua celebração pode acontecer no começo de fevereiro até a segunda semana de março. O posicionamento no calendário varia a cada ano, a depender do dia em que a Páscoa é comemorada.
Chocolates, refrigerantes, bebidas alcoólicas e carne vermelha costumam ser os alimentos renunciados nesse período, que se estende até a Páscoa.