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Queimadas prejudicam a natureza, saúde e a economia no ES

As queimadas destroem o ecossistema local, causam problemas respiratórios e impactos financeiros para pequenos comerciantes que precisam do turismo

Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação
Incêndios no Norte do Estado causam prejuízo ao meio ambiente, mas também para a economia e a saúde

Tosse, irritação nos olhos e na garganta. Esses são apenas alguns dos terríveis incômodos respiratórios provocados pela poluição do ar. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 90% da população mundial respira ar abaixo de níveis seguros. As queimadas e incêndios florestais contribuem para o dado negativo.

 O uso indiscriminado do fogo provoca sérios prejuízos à fauna e flora, reduzindo a cobertura vegetal, diminuindo a fertilidade do solo e comprometendo a qualidade do ar e, consequentemente, a saúde humana, provocando vários tipos de doenças, principalmente respiratórias.

De acordo com dados da Central de Monitoramento no Norte, mais de 3.350 focos de incêndio atingiram regiões do Espírito Santo e de Estados vizinhos em 2021. 

Para especialistas, quando a fonte de poluição são as queimadas, os perigos são ainda mais graves. A fumaça liberada por qualquer tipo de incêndio é uma mistura de partículas e produtos químicos produzidos pela queima incompleta de materiais contendo carbono. Os elementos tóxicos presentes nas queimas agravam doenças respiratórias prévias, como asma, bronquite, rinite e pode até levar à morte. 

Foto: Ministério da Saúde

De acordo com a médica pneumologista Jessica Polese, um dos maiores problemas é a intoxicação por monóxido de carbono (CO). Quando inalado, o gás impede que o sangue leve oxigênio ao corpo, fazendo com os que órgãos deixem de funcionar.

“Em relação as fumaças das queimadas, precisamos ter muito cuidado com a intoxicação por monóxido de carbono. As manifestações são sutis. As pessoas podem ficar com confusão mental e náuseas. Dependendo da quantidade inalada, algumas pessoas podem ficar desacordada e acabam indo a óbito”, explica.

Confira no vídeo os riscos  das queimadas à saúde:

Sintomas de intoxicação por monóxido de carbono

Uma intoxicação leve por monóxido de carbono causa dor de cabeça, enjoos, tontura, dificuldade de concentração, vômitos, sonolência e falta de coordenação. A maior parte das pessoas que sofrem uma intoxicação leve por monóxido de carbono recupera-se rapidamente quando se expõe ao ar fresco.

Uma intoxicação moderada ou grave por monóxido de carbono causa falta de discernimento, confusão, inconsciência, convulsões, dor no peito, falta de ar, pressão arterial baixa e coma. Sob este efeito, a maior parte das vítimas não é capaz de se mover e deve ser socorrida.

Muitas vezes, a intoxicação grave por monóxido de carbono é fatal. Raramente, nas semanas seguintes à recuperação aparente de uma intoxicação grave por monóxido de carbono, surgem sintomas como perda de memória, falta de coordenação, distúrbios de locomoção, depressão e psicose (que são conhecidos como sintomas neuropsiquiátricos tardios).

O que fazer

Para amenizar os efeitos das queimadas na saúde, alguns cuidados são necessários, como evitar, na medida do possível, a proximidade com incêndios, manter uma boa hidratação, principalmente em crianças menores de cinco anos e idosos maiores de 65 anos, e manter os ambientes da casa e do trabalho fechados, mas umidificados, com o uso de vaporizadores, bacias com água e toalhas molhadas.

Também é indicado usar máscaras ao sair na rua, evitar aglomerações em locais fechados, e optar por uma dieta leve, com a ingestão de verduras, frutas e legumes. Fora isso, em caso de urgência deve-se buscar ajuda médica imediatamente.

Meio ambiente e economia, todos perdem com as queimadas

De acordo com dados de um estudo realizado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) de 2016 a 2021, as queimadas e os incêndios florestais no Brasil representaram prejuízos de mais de R$ 1,1 bilhão.

A preservação de áreas naturais possui grande relevância nas atividades turísticas brasileiras, contribuindo diretamente com a geração de renda e empregos em todo o país.

Foto: Divulgação / IEMA
Parque de Itaúnas é o mais visitado do Estado, recebendo cerca de 100 mil pessoas por ano

O Parque Estadual de Itaúnas pertence ao município de Conceição da Barra e está localizado a cerca de 263 km de Vitória, capital do Estado. A Vila, como também é conhecida, atrai pessoas em busca de paz na mata atlântica e é cercada por rio, dunas e restinga.

Os incêndios na região Norte do Espírito Santo são uma preocupação para comerciantes locais, o temor é que a fumaça e o cheiro forte acabe afastando os turistas.

“Os incêndios florestais prejudicam o ecossistema, a biodiversidade e também quem vive nas regiões ou nas proximidades das áreas atingidas. Todo mundo acaba sentindo os efeitos das queimadas e das fumaças. Quem visita também se sente incomodado. Observar o fogo nas matas é impactante e triste. Isso afasta os turistas que pensam duas ou mais vezes antes de escolheram o lugar. Os comerciantes sentem essa abandono. Eles precisam do turismo para movimentar os negócios”, declara Gustavo Rosa, biólogo do Iema.

*Outras consequências da queimada

>Alterações no equilíbrio dos ecossistemas;

>Desertificação ambiental;

>Mudança da temperatura e umidade do solo;

>Diminuição da biodiversidade;

>Emissão de gases poluentes;

>Piora a qualidade do ar;

>Intensifica o efeito estufa e o aquecimento global.

Setor privado no combate aos focos de incêndio

De um lado, os números altos que bateram recorde. Do outro, estão os setores privados e governamentais que, unidos, criaram ferramentas fundamentais para ajudar na preservação do bioma capixaba.

As cidades de São Mateus e Conceição da Barra, no Norte do Estado, contam com grandes áreas de proteção ambiental. A empresa Suzano, maior produtora global de celulose de eucalipto, tem fábrica na região, desenvolveu programas voltados aos cuidados ambientais. Ao todo, 160 profissionais receberam treinamento e atuam diariamente no combate às chamas. 

Foto: divulgação/ Suzano
Brigadistas no combate aos incêndios

O supervisor de inteligência patrimonial da Suzano, Elian Carlos Marques, explicou que foi criada uma central de monitoramento das queimada, que funciona 24 horas. Os brigadistas que combatem os focos de incêndio e as equipes da central estão interligados.

“Somos acionados pela central e, imediatamente, direcionados ao alvo (fogo). Chegamos no local, analisamos a proporção do incêndio, a necessidade do que vai ser usado e começamos o combate. Contamos com soprador, foice e o kit de combate com água. Usamos também o nosso conhecimento técnico”, explica Reinildo da Silva Suanderhus, técnico florestal da Suzano.