Em cada um dos 25 bairros envolvidos no programa Ocupação Social existe uma rede de solidariedade disposta a colaborar e a mudar a realidade de onde mora. “São lideranças comunitárias e religiosas, comerciantes, jovens, diretores de escola, responsáveis por projetos sociais, moradores mais antigos e tantos outros que compartilham do mesmo interesse: ajudar a melhorar a vida da comunidade”, explica a secretária de Estado Extraordinária de Ações Estratégicas, Gabriela Lacerda.
Um dos trabalhos que o Ocupação Social é de identificar essas pessoas que tem o objetivo de fazer o bem para o próximo e conseguir dialogar com todos eles, de uma forma que seja possível construir uma rede de solidariedade em cada um desses bairros. A previsão é de alcançar cerca de 250 nomes, uma média de dez lideranças por comunidade.
“Essas pessoas são referências nas suas comunidades, seja pelo trabalho diferenciado que já executam à frente de uma escola, unidade de saúde ou CRAS; seja pela capacidade de se articular com os moradores e organizar atividades que atendam à população; seja pelo trabalho voluntário de querer ofertar alguma atividade cultura, esportiva ou educacional, por meio de projetos sociais e de mobilização”, conta a secretária Gabriela Lacerda.
Envolvimento
É o caso do projeto Apollo Criança do Futuro, Judismar Moraes, o Mazinho, de 39 anos. Ele é professor voluntário de futebol, dentro do projeto, e trabalha a semana inteira, de forma voluntária, no campo do Apollo, em Flexal II, Cariacica. “Foi numa conversa com amigos sobre a quantidade de jovens que estavam morrendo, em nosso bairro, que percebi a urgência em fazer algo para ajudar. Nosso campo de futebol estava abandonado, não havia opção de lazer para a criançada. Dali veio a ideia”, lembra Mazinho.
Depois de conversar com alguns moradores e comerciantes do bairro, ele conseguiu recursos para recuperar o campo. “Há mais de um ano eu resgato crianças e jovens de um caminho escuro. E não faço isso sozinho. A Associação de Moradores nos ajudou, os comerciantes, até os meninos que vem jogar bola. Eles ajudaram a arrumar o campo e a recuperar as traves para o gol. Buscamos ajuda na comunidade sempre precisamos viajar para competir. Só com a força de todos conseguimos retomar um projeto que estava parado há anos”, detalha Mazinho, frisando que ainda há muito trabalho pela frente. “Mas não vou desistir”, afirma.
Pesquisa
Assim como ele, tantos outros projetos foram mapeados durante a Pesquisa de Campo do Ocupação Social, desenvolvido pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão do Espírito Santo (Fapes), e as Secretarias de Estado de Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional (Secti) e a Extraordinária de Ações Estratégicas (Seae), e que deve ser concluída ainda neste mês de junho.
A pesquisa percorreu as ruas dos bairros, georreferenciando tudo o que não era residência, ao mesmo tempo em que os bolsistas entrevistavam ao menos um morador de cada rua. “Essas duas ações vão permitir saber melhor sobre as demandas de cada comunidade”, explica Lacerda.
Ação de Governo
O programa Ocupação Social tem como principais metas aumentar a renda dessas comunidades e garantir oportunidades a quem mais precisa, sem esquecer de reduzir os índices de homicídios de jovens. “Nos últimos seis anos o Estado reduziu o número de homicídios, mas um número não mudou: 40% das vítimas são jovens com idade entre 15 e 24 anos. Por isso que o Ocupação Social é um projeto desafiador: além de trabalhar com as comunidades dos bairros com maior concentração de homicídios dos últimos anos, ele é voltado para os jovens, que são quem mais precisa dessas novas oportunidades”, diz a secretária de Estado de Ações Estratégicas, Gabriela Lacerda.
Para conseguir chegar a esses jovens, a Pesquisa de Campo está terminando de ouvir adolescentes e jovens moradores desses bairros, que estão fora da escola, com idade entre 10 e 24 anos. “Sabendo o que eles gostam e quais são suas perspectivas para o futuro nós conseguiremos oferecer atividades mais atrativas. Nós queremos reduzir homicídios de jovens, diminuir a evasão escolar e ampliar o número de jovens estudando e/ou trabalhando. E sabemos que para conseguir alcançar tais metas vamos precisar envolver toda comunidade”, defende a secretária.
E é com a ajuda das redes de solidariedade que o Ocupação Social pretende construir e promover as ações do programa. “Essas lideranças, que atuam como referências nos bairros, já entenderam que segurança pública é um tema que extrapola a polícia. Ela envolve toda a sociedade”, conclui Lacerda.
Esse sentimento de colaboração e de se preocupar com o próximo é tema central do Movimento #CompartilheoBem, em que se acredita que com o comprometimento de todos será possível continuar avançando na redução da violência no Espírito Santo. A campanha convida a sociedade a exercitar a tolerância no dia a dia e a solucionar de forma pacífica alguns conflitos que acontecem em casa, no trabalho e no trânsito.