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Os rodoviários do Espírito Santo decidiram adiar para a próxima terça-feira (26) o início da greve da categoria. A decisão foi tomada durante uma audiência de conciliação, realizada na tarde desta terça-feira (19), envolvendo representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Espírito Santo (Sindirodoviários) e das empresas responsáveis pelos ônibus da Grande Vitória.
Os rodoviários, no entanto, exigiram que os percentuais de coletivos em circulação, estipulados pela Justiça, sejam reduzidos de 90% para 70%, durante os horários de pico, e de 70% para 40% nos demais horários. A solicitação está sendo analisada pela Justiça do Trabalho.
“Para demonstrar a boa fé da categoria, nós lançamos a proposta de que a greve se inicie no dia 26. Aí sim estaremos agindo de boa fé processualmente e mostrando para a sociedade que o sindicato não está brincando. Que está buscando realmente um direito da categoria e que a greve é um instrumento que dá a ele legitimidade para buscar esse direito”, afirmou o advogado do Sindirodoviários, Aides da Silva.
A princípio, os rodoviários haviam decidido iniciar a paralisação nesta terça-feira (19). No entanto, após o desembargador-presidente do Tribunal Regional do Trabalho no Espírito Santo, Mário Ribeiro Cantarino Neto determinar que, até o próximo dia 26, 100% da frota de ônibus têm de estar em circulação, os rodoviários resolveram por enquanto não deflagrar a greve, já que a multa, em caso de descumprimento da decisão, é de R$ 200 mil por dia.
O advogado do Sindirodoviários disse que já entrou com um recurso para derrubar essa liminar. No entanto, o sindicato se comprometeu a iniciar a greve somente no dia 26, independente da possível queda dessa liminar.
“Nosso pedido foi para que cassasse a liminar, mas, em última análise, que fosse levado em consideração o dissídio ajuizado pelo Ministério Público, que está estabelecendo um percentual de trabalhadores em trabalho e outro não”, afirmou.
Reajuste
Sobre a negociação referente ao reajuste salarial da categoria, mais uma vez não houve acordo entre trabalhadores e as empresas de ônibus. O reajuste proposto pelos sindicatos patronais é de 1,83%, mas os rodoviários exigem que os salários sejam aumentados em 5%.
O diretor executivo do Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBus) e do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Espírito Santo (Setpes), Helias Baltazar, afirmou que as empresas atualmente não têm condições de atender às exigências dos trabalhadores.
“Nós informamos que a nossa proposta é aquela que foi colocada ontem [segunda-feira] na reunião de mediação com a desembargadora Ana Paula, de reajuste de 1,83% nos salários e com o atendimento de algumas cláusulas que nós colocamos e encaminhamos para o Sindirodoviários. O Sindicato dos Rodoviários se mantém numa posição intransigente. A negociação da parte deles é só aquilo que eles estão pedindo, diferente do que vem ocorrendo nas negociações no Espírito Santo. Outras categorias profissionais já fecharam convenções coletivas com índice de 2% ou menos”, alegou Baltazar.