O Exército da Rússia recebeu ordens, neste sábado (26), para expandir sua ofensiva contra a Ucrânia, alegando que Kiev teria rejeitado negociar uma trégua. O comunicado foi divulgado pelo Ministério da Defesa russo, apesar do crescente protesto internacional em sentido contrário.
“Depois que o lado ucraniano se recusou a negociar, hoje todas as unidades foram ordenadas a desenvolver uma ofensiva em todas as direções de acordo com o plano da operação”, informou.
Na sexta-feira (25), após declarações do governo ucraniano sobre a disponibilidade para negociações, o governo liderado por Vladimir Putin disse que as hostilidades ativas nas principais áreas da operação haviam sido suspensas.
“Em consonância com as negociações esperadas, na sexta-feira à tarde o presidente russo ordenou a suspensão do avanço das principais forças das tropas de Moscou”, segundo o porta-voz russo Dmitri Peskov. “Já que o lado ucraniano rejeitou as negociações, as forças russas retomaram os avanços”, disse ele.
Ainda segundo a nota do Ministério da Defesa russo, com o apoio de fogo das Forças Armadas da Federação Russa, as tropas separatistas da República Popular de Luhansk (LPR) e da República Popular de Donetsk (DPR) estão tendo sucesso na ofensiva contra as posições das Forças Armadas da Ucrânia.
As tropas do LPR expandiram a linha ofensiva e avançaram desde o início da operação até uma profundidade de até 46 quilômetros, tendo capturado os assentamentos de Shchastia e Muratovo.
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Ainda segundo o governo russo, o batalhão de tropas da DPR, avançando na direção de Petrovskoe, avançou mais 10 quilômetros e capturou os assentamentos de Starognatovka, Oktyabrskaya e Pavlopol.
O comunicado aponta que o regime “nacionalista” de Kiev distribui massiva e “incontrolavelmente” armas leves automáticas, lançadores de granadas e munição para os moradores dos assentamentos ucranianos.
“O envolvimento nacionalista da população civil da Ucrânia nas hostilidades levará inevitavelmente a acidentes e baixas. Apelamos aos moradores da Ucrânia para que demonstrem consciência, não sucumbam a essas provocações do regime de Kiev e não se exponham e seus entes queridos a sofrimento desnecessário”, diz o Ministério da Defesa da Rússia.
Ucrânia se mantém na resistência contra as forças russas
Este já é o terceiro dia do conflito armado ordenado pelo presidente russo Vladimir Putin contra o país vizinho. Kiev, a capital ucraniana, sofreu ataques durante a noite, mas se mantém na resistência.
O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, declarou neste sábado que “desmantelou o plano” de invasão da Rússia, e lançou um apelo pela defesa da capital, Kiev, que se tornou o principal alvo das forças de Moscou.
No terceiro dia da ofensiva lançada pelo presidente russo, pelo menos 198 civis ucranianos, incluindo três crianças, foram mortos, e 1.115 pessoas ficaram feridas, de acordo com o ministro da Saúde da Ucrânia, Viktor Lyashko.
“Mantivemo-nos firmes e repelimos com sucesso os ataques dos inimigos. Os combates continuam em muitas cidades e regiões do país (…) mas é o nosso Exército que controla Kiev e as principais cidades ao redor da capital”, disse Zelenski, em um vídeo publicado no Facebook.
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Número de soldados russos na Ucrânia já chega a 100 mil
O encarregado de Negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, afirmou neste sábado que o número de soldados russos em território ucraniano já chega a 100 mil.
Entre as táticas do exército russo, ele alertou sobre o uso de bandeiras e uniformes falsos e que grupos de sabotagem estão antecipando sua entrada na cidade para preparar as operações. Segundo Tkach, a Ucrânia continua aberta ao diálogo.
Tkach apelou aos organismos internacionais por ajuda humanitária, disse que ainda há alimentos, mas combustíveis já estão em falta. “A situação muda a cada minuto”, afirmou.
Com informações do Portal R7 e Estadão Conteúdo