Um dos golpes mais comuns envolvendo aplicativos de mensagens é a clonagem do WhatsApp, ou o chamado “sequestro de perfil de WhatsApp”. O crime pode gerar uma grande dor de cabeça para as vítimas e desafia a polícia para desvendar como esse tipo de quadrilha atua. No Espírito Santo, casos de vítimas desse tipo de golpe surgem a todo momento.
Uma mulher, que preferiu não se identificar, teve o WhatsApp clonado nesta semana. Ela conseguiu avisar os amigos, e um deles, mesmo sabendo que se passava de um golpe, continuou conversando com os criminosos, para tentar saber como eles pediriam o dinheiro.
Os golpistas, utilizando o número da mulher, alegam que precisam fazer uma transferência, mas estão passando por um problema com o aplicativo bancário e pedem que faça o envio do dinheiro por eles. Toda a conversa foi salva, confira:
O amigo da vítima disfarça e diz que não conseguiu fazer a transferência. Então, os criminosos dão outra opção. Eles enviam um código por SMS, dizendo que o número será o protocolo do problema que está tendo com o banco.
Os golpistas insistem e, após o amigo da vítima dizer que não conseguiu acessar o “protocolo”, os criminosos apagam as mensagens e encerram a conversa.
A mensagem enviada por SMS é esta da foto abaixo. Ela contém um link e um código. Através desse sistema os criminosos, conseguem ter acesso ao WhatsApp da vítima e sequestram o perfil do usuário.
Mais vítimas
A administradora Hana Luiza Reinholds, de 33 anos, foi uma das vítimas, em setembro de 2019. Segundo ela, os criminosos se passaram por funcionários de um site. Pouco tempo depois de publicar um anúncio num portal de vendas, recebeu uma mensagem no WhatsApp, dizendo que, para validar a divulgação do produto ela deveria digitar um código, que foi enviado por SMS para o número dela.
Como a foto do contato que estava conversando com ela era a logomarca do site de vendas, a administradora acreditou que fosse um procedimento padrão da empresa e enviou o código que foi passado. Logo depois, a mulher percebeu que perdeu o todo o acesso do WhatsApp e não conseguia mais enviar nenhuma mensagem, descobrindo que havia caído num golpe.
A vítima contou que os criminosos entraram em contato com sua lista de amigos e pediram transferência em dinheiro. Por sorte, ela conseguiu avisar seus colegas e parentes e nenhuma transferência foi realizada.
“Eu fui inocente, mas os criminosos se aproveitam de um sistema que realmente existe, que é o de verificação via Whatsapp. Muitas empresas utilizam esse tipo de procedimento, por isso acabei acreditando. Hoje em dia muita gente precisa do aplicativo para trabalho, estudo, esse tipo de situação é uma dor de cabeça enorme!”, disse Hana.
Uma arquiteta capixaba, que preferiu não se identifcar, acabou perdendo dinheiro num golpe parecido, em dezembro do ano passado. Segundo ela, um cliente entrou em contato pelo WhatsApp, dizendo que precisava fazer um pagamento, mas estava com um problema no aplicativo do banco. Ele então pediu que ela transferisse cerca de R$ 2.400 e que depois acertava as contas com ela. A arquiteta prontamente atendeu ao pedido e acabou transferindo o valor para a conta de criminosos. Só depois descobriu que o número do cliente dela havia sido clonado e ela teria caído no golpe.
A situação da mulher ficou ainda mais complicada, pois ao tentar resolver o problema com o banco, ela acabou tendo a conta bloqueada e cancelada. O caso agora está tramitando na Justiça e a vítima amarga o prejuízo financeiro.
Orientações
Segundo Eduardo Pinheiro, especialista em crimes cibernéticos, as pessoas precisam ficar atentas quando acontecer esse tipo de situação. “Se algum contato te pedir dinheiro via mensagem, ligue e confirme se foi mesmo a pessoa que enviou a mensagem. Os criminosos pedem urgência e isso acaba induzindo as vítimas ao erro”, disse.
Ainda segundo Pinheiro, ao descobrir que caiu no golpe, a vítima pode seguir três passos para solucionar o problema. Confira:
1º passo:
A vítima deve avisar amigos e parentes o mais rápido possível que teve o Whatsapp invadido e que criminosos estão pedindo dinheiro no seu nome. Quanto mais pessoas cientes do crime, menos vítimas serão registradas.
2º passo:
A vítima pode entrar em contato com o Whatsapp através do email [email protected] e explicar o problema. Nesse caso, o perfil da vítima será bloqueado até que a empresa solucione a situação. Geralmente, esse processo dura sete dias.
Para quem quiser solucionar o problema mais rápido, Eduardo Pinheiro sugere que a vítima faça o download do WhatsApp Business, usado por empresas, e solicite ao Whatsapp que recupere seu perfil. Esse processo dura em torno de 10 a 12 horas.
3º passo:
O caso deve ser encaminhado para a polícia. A vítima pode printar e imprimir todas as conversas entre os golpistas e a lista de contatos e levar como provas na Delegacia de Repressão aos Crimes Eletrônicos, que fica na Av. Mal. Campos, 1246, Bonfim. Telefone: 3137-9106.
Verificação em duas etapas
Outra dica também é fazer a validação do aplicativo em duas etapas. Basta o usuário realizar os seguintes passos: abra o WhatsApp; acesse as configurações do aplicativo; toque na opção “conta”; toque na opção “verificação em duas etapas” e, em seguida, no botão “ativar”; informe uma senha numérica de seis dígitos e repita a digitação.
Feito isso, mesmo que alguém clone o chip e instale o WhatsApp, precisará digitar uma senha de seis dígitos para acessar a conta do titular da linha.