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#Saladeparto: selfies com pacientes dando à luz geram polêmica e são condenadas por classe médica

O comportamento do estudante de obstetrícia da Venezuela chocou e despertou a raiva de usuários do Instagram, onde as imagens foram divulgadas. E se fosse no Brasil?

Médicos no Brasil são vedados de aparecer em fotos com pacientes no momento do exercício da profissão Foto: Agência Brasi

Os auto-retratos, conhecidos com selfies, invadiram as salas de parto. Isso mesmo! Médicos do exterior já estão postando fotos durante as cirurgias, e o assunto tem gerado polêmica na internet.

Foi o que aconteceu com o estudante Daniel Sanchez, que divulgou em sua página do Instagram, selfies tiradas durante o exercício de sua futura profissão. Seriam apenas fotos comuns na rede social, se o jovem venezuelano não estivesse prestes a se tornar médico obstetra, e se as imagens não fossem captadas junto às pacientes dando à luz.   

Segundo esclarecimentos feitos pelo próprio médico no Instagram, as fotos foram tiradas com autorização das famílias e não expõem as pacientes por não terem identificação de quem são. A justiça venezuelana estuda o caso e ainda não se pronunciou.

As imagens foram divulgadas por um site da Inglaterra, na última quarta-feira (15), mas após o episódio o estudante modificou as configurações de sua rede social, impedindo a visualização das fotos.

 Fotografar o momento, até o fim do século passado, era função dos pais ou de quem acompanhasse a parturiente na hora de ter o neném. A partir de meados dos anos 2000, um profissional foi inserido no hospital para registrar os melhores momentos da gravidez, geralmente ao fim dos nove meses, no parto e da criança com até dez dias de nascido. Já existe até uma hashtag para isso muito usada nas redes sociais: #deliveryroom, no Brasil, #saladeparto.

Se o estudante fosse brasileiro, sofreria sansões do Conselho Nacional de Medicina. Isso porque no Manual de Ética Médica é proibida a divulgação de imagens de pacientes, ainda que autorizadas, registradas no exercício da profissão. “A publicidade médica, que rege esse tipo de conduta, veda o uso de fotos de pacientes em hospitais ou consultórios para qualquer fim, principalmente junto ao médico”, explicou o corregedor do CRM capixaba, Thales Gouvêa. 

O médico explicou também que a única exceção do uso de imagens por médicos é em caso de estudos em congressos e eventos científicos, “sem expor ou identificar o paciente”, finalizou.

Segundo Gouvêa não há registros deste tipo de caso junto ao CRM-ES.