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Sambista capixaba é chamado de 'macaco' em rede social e caso vai parar na polícia

Um advogado, amigo do rapaz, o orientou a denunciar o caso e ele registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Repressão aos Crimes Eletrônicos

Axel procurou a Polícia Civil após ser vítima de injúria racial Foto: TV Vitória

Um sambista registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil do Espírito Santo após ser alvo de injúria racial em uma rede social. Axel Fernandez disse que foi chamado de “macaco” por um internauta, em um comentário feito em uma postagem. Revoltados, usuários da rede social compartilharam a mensagem agressiva, repudiando a atitude do autor do comentário.

Segundo o rapaz, a revolta e o sentimento de humilhação só foram contidos com o apoio vindo de amigos e familiares. “Fiquei sem chão. Mas minha mãe, minha família, meus amigos, amigos do samba, graças a Deus, todos me apoiaram muito e compraram a briga”, contou.

Um advogado, amigo de Axel, o orientou a levar o fato ao conhecimento da polícia. O rapaz então procurou a Delegacia de Repressão aos Crimes Eletrônicos, onde registrou um boletim de ocorrência.

“Ele foi me instruindo, falou para eu procurar uma delegacia para fazer o boletim de ocorrência e foi o que eu fiz. A gente não pode deixar isso acontecer. A gente tem que fazer a nossa parte para que não façam com outras pessoas. Todo mundo que sofrer injúria racial deve fazer esse boletim de ocorrência e procurar um advogado, porque é a forma que a gente tem para que isso não aconteça mais. Isso tem que acabar. Isso não existe”, desabafou.

Internauta xingou o rapaz de “macaco” em um comentário no Facebook Foto: Reprodução

Outra pessoa ligada ao samba que também sentiu na pele o peso da discriminação foi a rainha de bateria da escola de samba “Chegou O Que Faltava”, Bethyna Casagrande. No ano passado, ela também foi vítima de preconceito em uma rede social.

“Criaram um ‘fake’, no caso um perfil no Facebook, me acusando, falando injúrias sobre mim. Fiquei muito triste e chocada, porque eram muitas ameaças, dizendo que iria acabar comigo, que eu teria que fazer bastante faxina, ou seja, trabalhar no que eu já trabalho, para pagar minha fantasia para 2017”, contou Bethyna na época.

Disque Direitos Humanos

Casos como o do Axel e Bethyna podem ser denunciados por meio do Disque Direitos Humanos, o Disque 100. A ligação é gratuita e o serviço atente todo o país. 

Em 2015, o canal recebeu 160 denúncias e, em 2016, esse número subiu para 291. No entanto, esse aumento não significa que os casos tenham crescido, mas sim que o brasileiro tem denunciado mais. No Espírito Santo, as denúncias ainda são poucas: foram cinco em 2015 e apenas três no ano passado.

Segundo a ouvidora nacional do Disque Direitos Humanos, Irina Bacci, o sigilo e o anonimato do denunciante é garantido. Após a denúncia ser recebida, ela é avaliada e encarregada para a delegacia competente.

“A gente pede à população do Espírito Santo que confie no Disque Direitos Humanos e tenha a certeza de que, ao denunciar, nós faremos de tudo para que essa violação cesse. Estaremos lado a lado com aquele que sofreu a violação, até que ele consiga ter o seu status de cidadania devolvido, que esse é um direito de todo mundo”, ressaltou Bacci.