Apesar da chuva que chegou ao Espírito Santo nos últimos dias, o secretário de Agricultura, Octaciano Neto, afirmou que ainda é cedo para comemoração. Ele contou, em entrevista ao Folha Vitória, as ações para amenizar os efeitos da crise hídrica no Estado serão reforçadas. No bate-papo, o secretário destacou o projeto de construção de barragens nos municípios do interior. O assunto, inclusive, causou polêmica na Assembleia Legislativa, já que Neto foi atacado pelos deputados estaduais com uma enxurrada de críticas.
Na entrevista abaixo, o secretário deu detalhes de como o Estado pretende enfrentar a crise hídrica.
Confira a entrevista:
Folha Vitória – Semana passada o senhor foi bastante criticado na Assembleia por conta de decisões em relação à crise hídrica. Qual sua avaliação?
Octaciano Neto – Este é um debate natural na Assembleia. Todas as nossas ações têm caráter técnico. O nosso processo de escolha das barragens é onde precisa muito. A escolha foi dos locais onde chove abaixo de 1.100 milímetros por ano, que são basicamente as regiões Norte e Noroeste do Estado. E nós vamos seguir o trabalho técnico.
FV – Várias ações têm sido tomadas pelo governo para enfrentar a crise. Como serão e quais são os investimentos?
ON – Serão construídas 64 barragens, distribuídas no Estado inteiro. Basicamente serão construídas mais no Norte por conta do déficit hídrico. Hoje o problema agudo é mais no Norte. Anunciamos a primeira etapa que contará com 32 barragens na primeira etapa. As 64 barragens deverão custar R$ 60 milhões. Esta primeira etapa, com 32 barragens, deverá custar R$ 20 milhões.
FV – A construção de barragens faz parte do programa estadual de segurança hídrica. Haverá a construção de barragem do Rio Reis Magos?
ON – O Sistema Reis Magos será uma adutora que deverá abastecer a Serra. O sistema de abastecimento é todo interligado. O Rio Jucu abastece Vila Velha, Viana, 95% de Cariacica e a ilha de Vitória. Já o Rio Santa Maria da Vitória, abastece a Serra, a parte continental de Vitória e um pouco de Cariacica. Com o sistema dos Reis Magos, a Serra poderá se beneficiar.
FV – A chuva deu uma aliviada no Rio Jucu. Muda alguma coisa?
ON – A chuva alivia o Jucu. Eu diria que não é momento de comemorar, e sim de agradecer. Não podemos mudar a estratégia. Continuamos considerando o pior cenário. Não vamos parar a campanha. Continuaremos com a proibição de irrigação pela manhã, por exemplo.
FV – Embora a chuva tenha dado uma aliviada no clima quente e seco, as ações têm caráter permanente?
ON – Não vamos parar a campanha por causa da neblina, é assim que se fala dessa chuvinha no interior. Recebi o relatório do Incaper e a chuva, basicamente, caiu um pouco mais do Sul, entre 10 e 30 milímetros nas últimas 96 horas, o que é pouco. O Norte do Estado ainda está chovendo abaixo de 10 milímetros.
FV – São necessárias mais ações? Quais são?
ON – Vamos avançar na infraestrutura cinza, que é a construção de barragens. Mas, por outro lado, vamos investir na infraestrutura verde, que é o investimento em reflorestamento e proteção de nascentes. Se só a infraestrutura cinza resolvesse, São Paulo não estaria com problema hídrico, já que a Cantareira é a maior barragem da América Latina. Tem que investir na infraestrutura verde. O programa Reflorestar vai recuperar 20 mil hectares de floresta nos próximos três anos. E isso já está pactuado com o Banco Mundial.