Quando uma mulher decide ser mãe, começa a ser formada toda uma expectativa em torno deste novo ser que fará parte de vida dela e de toda sua família. Com Fabrícia Tarazona não foi diferente. Ao descobrir que estava grávida do Matheus, logo vieram os sonhos com o futuro, as dúvidas sobre se ele seria um bom aluno, que faculdade iria cursar, se seria seu companheiro e tantas perguntas típicas – e algumas até engraçadas! – que passam a fazer parte do universo da mulher durante a gestação. Isso porque nenhuma mulher engravida achando que sua gestação poderá passar por algum problema, até que acontece o que ninguém imaginava…
“Acontece o que acreditamos que só aconteceria com outras pessoas, menos com a gente… E acabamos descobrindo que aquele ser tão sonhado e desejado terá suas limitações, não será aquele ser ‘perfeito’ como as outras crianças”, descreve Fabrícia.
E foi assim com o pequeno Matheus, hoje com dois anos. Ele nasceu com Síndrome de Down, prematuro, com alguns problemas neurológicos devido a complicações na hora do parto, e problemas cardíacos. No início foi um choque para Fabrícia e seu marido, Jimmy. Ela não teve tempo nem de se recuperar da cirurgia cesariana que foi necessária. Matheus já nasceu no meio de uma luta pela vida, cada minuto era imprescindível para seu tratamento. E na tentativa de encontrar uma explicação, sentimentos diversos começaram a surgir: medo, angústia, revolta, insegurança, tristeza…
Mas, em via de regra, é justamente no meio desse turbilhão de sentimentos que, de um jeito surpreendente, tudo muda. “O nosso olhar muda, a vida ganha outro sentido, nossas atitudes não são mais as mesmas, pois descobrimos que apesar de tudo nos tornamos mães… especiais. Descobrimos uma nova vida, um novo mundo. Porque ser mãe de uma criança especial é abrir mão de tudo em função de seu filho, é mudar os sonhos antigos por novos, é refazer a rota. É não se importar com olhares curiosos e com o afastamento social que inevitavelmente ocorre. É não se importar com a opinião do outro que não conhece, não convive e, portanto, não sabe nada sobre preconceito, diferenças. Ser mãe de uma criança especial é ter um amor incondicional e sentir orgulho, mesmo quando ele não é o mais fofo, o mais bonito, o mais inteligente, o mais…”, desabafa Fabrícia.
E do alto da experiência que adquiriu nesses dois anos, ela dá a dica para quem passa pela mesma situação. “Ser mãe de um filho especial é perceber que até aqui éramos apenas um rascunho e ele, com sua especialidade, nos passa a limpo, nos formata, nos resolve, nos faz melhor. É viver uma luta muito solitária. Temos que lidar com tantos sentimentos ao mesmo tempo… Vivemos numa linha tênue com a perda, sempre estamos sabendo de alguma criança que se foi. Uma rotina louca, que nem sei de que forma conseguimos dar conta. É um amor tão intenso, tão consumidor, tão grande… Deveria existir outro nome pra esse amor, pois é muito especial”.
É claro que as lutas desafiam, as mães especiais são humanas e ficam exaustas em alguns momentos. Mas eles logo são superados ao ver o filho se tornando um vencedor nos pequenos detalhes do dia a dia. “Sou apaixonada pelo sorriso do meu filho, pela sua personalidade, seu esforço para fazer o natural e de seu entendimento, mesmo que ele não fale. Vibro de emoção quando ele supera algum desafio. E agradeço a Deus todos os dias pelo grande privilégio de gerar uma vida, de ser chamada a nutrir, treinar, educar, criar. E juntos vamos caminhando, superando todos os obstáculos, descobrindo as pequenas e boas coisas da vida, construindo novos sonhos e vivendo intensamente cada dia como se fosse único”.