Na Série Ícones do Espírito Santo desta sexta-feira (20), exibido no jornal Fala Manhã, da TV Vitória/ Record, os telespectadores puderam conhecer um dos mais conhecidos patrimônios histórico e cultural do Estado: o Theatro Carlos Gomes. Ele fica no Centro de Vitória e atrai olhares de admiração pelos diversos estilos arquitetônicos que o caracteriza. Isso além do papel que desempenha como divulgador da arte capixaba.
O Carlos Gomes é um lugar para se celebrar a arte e que merece ser aplaudido de pé. Durante o espetáculo o silêncio reina e abrem-se as cortinas. O teatro é o mais antigo do Espírito Santo. Uma história que a Francismara Regozino, grávida de cinco meses, faz questão de acompanhar de camarote. “A conservação me impressionou e os espaços estão bem divididos. A proporção quanto ao camarote e o espaço para o espetáculo”.
Para entender esse roteiro, é preciso voltar às primeiras décadas do século XX. Foi em 5 de janeiro de 1927, no Governo Florentino Avidos, que o Carlos Gomes abriu suas portas pela primeira vez. A inauguração preencheria a lacuna do Teatro Melpômene. Construído em 1895, o Melpômene ficava No Largo da Conceição, atual Praça Costa Pereira, no Centro de Vitória, mais precisamente onde hoje funciona um hotel. O teatro sofreu um princípio de incêndio durante a exibição de um filme. A partir daí, o Melpômene foi interditado e vendido, a André Carloni em 1925. O italiano e arquiteto autodidata aproveitou as colunas de ferro fundido para sustentação do Theatro Carlos Gomes.
André Carloni se inspirou no Teatro Alla Scala, de Milão, na Itália, uma das mais famosas casas de ópera do mundo para projetar o Carlos Gomes. Coincidência ou não, o Alla Scala foi construído em substituição a outro destruído por um incêndio.
O arquiteto da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), Rodrigo Zotelli disse que o teatro italiano foi erguido em um terreno antes ocupado por uma igreja. Onde ficava a igreja de Nossa Senhora da Conceição da Prainha. “Essa região era conhecida como Largo da Conceição exatamente em função dessa igreja. O marco chegava bem próximo, isso antes da construção da Costa Pereira e do Theatro Carlos Gomes. Isso estava muito alinhado com um ideal de modernização da cidade para o que se pensava naquele momento e a construção de um teatro usando as tecnologias mais modernas disponíveis como o uso de argamassas armadas e estruturas de ferro vieram bem a calhar naquele momento”.
Com a crise de 1929, o Carlos Gomes foi arrendado por uma empresa particular e passou a ser utilizado apenas para exibição de filmes. Por 40 anos, as apresentações teatrais aconteciam de vez em quando. Em 1969, a peça Liberdade, Liberdade, estrelada por Paulo Autran, abriu caminho para o movimento pela restauração do teatro. “O movimento começou no início da década de 70, onde a classe artística capixaba se reuniu e propôs uma ação judicial para finalizar o termo de seção do espaço do teatro. Isso culminou em 69 nos início das obras de restauro do teatro”, segundo a diretora do Teatro Carlos Gomes Charlene Bicalho.
A fachada do Carlos Gomes apresenta características de diversos estilos arquitetônicos. Nas colunas, referências ao clássico e neoclássico, no vão central, a sinuosidade e os recortes remetem ao barroco. No coroamento da edificação, destaque para a estátua do deus grego Apolo, protetor das artes. Abaixo das esculturas, o busto de Carlos Gomes, famoso compositor brasileiro, nascido em Campinas, no Estado de São Paulo, e que empresta seu nome ao teatro. O teto do Carlos Gomes é uma obra à parte. A pintura foi feita por Homero Massena, artista mineiro que se radicou no Espírito Santo, durante a reforma do teatro, na década de 1970. A pintura está baseada na vida do compositor Carlos Gomes, que foi representado junto a três dos maiores compositores mundiais que o inspiraram: Wagner, Bach e Verdi. “Foi restaurada relativamente em 2009 e 2010. Foi contratado um atêlier de restauro e que foi bastante interessante porque houve uma parceria com restauradores do Estado.
O teatro foi tombado pelo Conselho Estadual de Cultura em 1983. Com capacidade para 470 pessoas é o espaço mais procurado para apresentações de espetáculos e eventos, no centro da capital. A abertura à visitação é tão democrática quanto à pauta do teatro. “A pauta do teatro atualmente a partir desse ano de 2015 está sendo realizada via instrução informática que é chamada pública de propostas para ocupação do teatro”, finalizou Charlene.