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Série mostra estragos ambientais um ano após chegada da lama no Espírito Santo

Foram 32 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério que vazou da barragem de Fundão e 80% do material poluente ficou em Minas Gerais, o restante desceu até o Espírito Santo

A lama chegou ao Estado no ano passado e deixou um rastro d destruíção. Foto: ​TV Vitória

Nesta segunda-feira (21) completou um ano da chegada da lama no Espírito Santo, tragédia causada pelo rompimento da barragem da Samarco, em Mariana. A onda de rejeitos levou 40 minutos para chegar ao distrito de Bento Rodrigues, localizado a dez quilômetros da barragem em Minas Gerais, e deixou um rastro de destruição também no Espírito Santo. 

Foram mais de 600 quilômetros e duas semanas até a lama, que veio junto com as águas do Rio Doce, chegar ao litoral capixaba. A equipe de reportagem da TV Vitória fez o percurso e conversou com os moradores atingidos pelo desastre. 

A lembrança da dona de casa Maria José de Souza Queiroz é de novembro de 2015 e ela lembra com tristeza as consequências causadas pela tragédia. 

“Uma coisa que a mãe natureza levou tantos anos para fazer e aí vem o ser humano e destrói assim com dias. A gente olha para o rio e não tem como não ficar embargada por dentro. Eu cresci aqui, eu fui menina aqui nestas beiradas por aqui a fora e agora eu nem posso chegar na beirada do rio e nem mexer na água do rio mais. Não tem como olhar o rio do mesmo jeito”.

Onde antes existia a barragem de Fundão, o que era uma planície, se transformou em um imenso vale. Toda a massa armazenada no local se descolou até alcançar a bacia do Rio Doce. Foram 32 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério que vazou da barragem e 80% do material poluente ficou em Minas Gerais, o restante desceu até o Espírito Santo.

Um laudo técnico emitido pelo Ibama aponta para impactos ambientais bastante severos. De acordo com a diretora-presidente do Instituto Estadual do Meio Ambiente (Iema), Andreia Carvalho, quase 1.500 hectares, incluindo Áreas de Preservação Permanente (APP), e vegetação nativa foram destruídos.  “Hoje o grande desafio é conter os rejeitos que já estão nas margens e que ainda o que está dentro do rio sujeito a alguma ressuspensão no caso de chuvas”, disse.

Em Colatina, para tentar preservar as espécies de peixes que viviam no Rio Doce, pescadores realizaram a operação ‘Arca de Noé’, quando peixes resgatados foram soltos em lagoas da região. 

Já no cais do Porto de Linhares, o rio ganhou tanto volume com a passagem da lama que inundou parte do local. Em 2015, a cena atraiu curiosos, mas atualmente, as imagens não são mais as mesmas: a água baixou e ficou a mostra um assoreamento ainda maior que o há antes provocado pela seca. 

Mas foi na pacata Vila de Regência que os estragos se revelaram ainda maiores segundo Antônio de Pádua do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), organismos que vivem no fundo do mar podem ser soterrados. 

 “Ficou evidente que houve mudança na composição dos sedimentos de fundo e isso é uma preocupação porque é um sedimento muito fino se acumulando muito rapidamente e pode soterrar uma infinidade de organismos que vivem no fundo do mar e também se detectou o acúmulo de metais pesados”.

Confira abaixo a reportagem completa