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Solos e florestas são aliados 'perfeitos' contra alterações climáticas, diz ONU

Os ecossistemas como as pradarias são fundamentais para um clima estável, embora sejam muitas vezes ignorados

Foto: Divulgação

O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), publicado nesta quinta-feira (08), garante que solos e florestas são aliados “perfeitos” contra alterações climáticos. O documento da Organização das Nações Unidas diz que eles atuam como sumidouros de carbono, reservatórios naturais que impedem que o CO2 chegue à atmosfera.

O cientista chefe da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, Joseph Orr, aponta que a gestão insustentável os transforma no oposto: em grandes contribuintes para as mudanças climáticas.

Cerca de 70% da área terrestre mundial, que não é coberta por gelo, já estão sendo usados para produzir alimentos, têxteis e combustíveis. Os ecossistemas como as pradarias são fundamentais para um clima estável, embora sejam muitas vezes ignorados.

Atuam como sumidouros de carbono as áreas que, em grande parte, são desprovidas de árvores e arbustos. Elas também permitem que o gado paste sem que seja realizado o corte de árvores. O uso de terras como essas para lavouras representa maior liberação de CO2 para a atmosfera.

“Enquanto é dada muita atenção às florestas, savanas e pradarias são uma paisagem que devemos abordar urgentemente”, afirmou João Campari, líder global para a prática de alimentos da WWF Internacional. “Mais de 50% da conversão para a produção frutífera ocorrem em pradarias e savanas.”

As turfeiras, por exemplo, tipo de área úmida que cobre apenas 3% da superfície terrestre, são outro importante sumidouro de carbono, mas constituem até 5% das emissões globais anuais de CO2. Cerca de 15% das turfeiras conhecidas já estão destruídas ou degradadas.

O documento da ONU destaca como, em uma espécie de círculo vicioso, solos e florestas doentes agravam as mudanças climáticas, que, por sua vez, causam impactos negativos na saúde das florestas e do solo.

As conclusões do IPCC são resultado de dois anos de trabalho de 103 peritos de 52 países, que participaram voluntariamente do estudo. Antes do seu lançamento, o relatório foi discutido com os governos no início de agosto em Genebra, na Suíça, e aprovado por consenso por todos os países que participam do IPCC.

Aquecimento global

O relatório aponta que, se o aquecimento global ultrapassar o limite de 2º Celsius estabelecido pelo Acordo de Paris, provavelmente as terras férteis se transformarão em desertos, as infraestruturas vão se desmoronar com o degelo do permafrost e a seca e os fenômenos meteorológicos extremos colocarão em risco o sistema alimentar.

É um quadro sombrio, mas os autores do IPCC enfatizam que as recomendações do relatório poderiam ajudar os governos a prevenir os piores danos, reduzindo a pressão sobre a terra e tornando os sistemas alimentares mais sustentáveis, enquanto atendem às necessidades de uma população crescente.

“Minha esperança é que este relatório tenha algum impacto sobre como consideramos a terra no contexto das mudanças climáticas e sobre as políticas que promoverão a gestão sustentável da terra e sistemas alimentares sustentáveis”, afirmou Alisher Mirzabaev, coautor do relatório do IPCC.

*Com informações da Agência Brasil