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"Sonhos foram levados rio abaixo", diz arcebispo de Vitória sobre desastre da Samarco

Os líderes da Igreja Católica no Estado estão preocupados com a situação atual da população da região, que já está alarmada com a possibilidade de desabastecimento

Dom Dario Campos (à esq) e Dom Wladimir Lopes Dias (à dir) vieram falar com arcebispo de Vitória para falar da lama Foto: Divulgação

Os bispos de Colatina, Dom Wladimir Lopes Dias, e o de Cachoeiro de Itapemirim, Dom Dario Campos, se reuniram na tarde desta quinta-feira (12) com o arcebispo de Vitória, Dom Luiz Mancilha para conversar sobre a chegada do rejeito de minério proveniente do rompimento da barragem mineira da Samarco ao Norte do Estado, que atingirá diretamente os municípios de Colatina, Baixo Guandu e Linhares.

Os líderes da Igreja Católica no Estado estão preocupados com a situação atual da população da região, que já está alarmada com a possibilidade de desabastecimento.

Dom Wladimir disse, em coletiva concedida pelos cléricos após o encontro, que a situação, que já não era boa por causa da crise hídrica, ficou ainda pior com essa catástrofe.

“O prejuízo será grande e o próximo ano será bem difícil para o nosso povo. Neste momento queremos contar com a solidariedade para ajudar essas famílias, que a população seja sensível aos apelos que fizermos, principalmente em relação à água. Depois, as autoridades tomarão as providências em relação à empresa, mas agora precisamos de união”.

Já o arcebispo de Vitória, Dom Luiz Mancilha, pediu que a tragédia seja um momento de lição para o futuro, que seja encarado com muita responsabilidade humana e ecológica. “Nós queremos que desse fato se aprenda a lidar bem com a nossa casa comum”, ressaltou o arcebispo de Vitória, que completou: “sonhos foram levados rio abaixo, a Igreja sofre junto com seu povo”.

Os bispos fizeram um apelo para que, caso seja necessário, os fiéis não deixem de apoiar os que mais precisam. “A primeira solução vai ser pedir aos nossos irmãos que levem para a missa uma garrafa d’água”, disse Dom Dario. O bispo de Cachoeiro lembrou, ainda, que há cerca de dois anos o arcebispo de Mariana, Dom Geraldo Lyrio, enviou uma declaração alertando sobre a situação das mineradoras na cidade. 

Segundo o bispo de Colatina, a avaliação da água deve ser feita com muito rigor. “Nós queremos uma análise séria dessa água, porque não sabemos o que tem nela. O povo já está recomendado a não tomar nem ter contato com ela”. Dom Wladimir destacou que na cidade, as pessoas estão desesperadas, “é um pânico pois não sabemos quanto tempo vai durar essa situação de falta de água”.