O submarino Titan, pertencente à empresa OceanGate, foi declarado desaparecido nesta quinta-feira (22) pela Guarda-Costeira dos Estados Unidos. Segundo informações divulgadas, ocorreu uma implosão instantânea na embarcação, resultando na trágica morte dos cinco tripulantes a bordo.
De acordo com Leandro Tessler, professor do Instituto de Física Gleb Wataghin da Universidade Estadual de Campinas (IFGW-Unicamp), a implosão de um submarino ocorre quando a pressão externa supera a capacidade de resistência da embarcação.
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Sílvio Melo, professor do curso de engenharia naval da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), complementa essa explicação afirmando que a estrutura do submarino é responsável por manter sua integridade frente à pressão externa, já que a pressão interna é igual à pressão atmosférica.
Segundo Melo, o efeito da pressão externa sobre o submarino é similar ao esmagamento de uma lata de refrigerante, o que resultaria no esmagamento dos corpos juntamente com a estrutura da embarcação.
Além do esmagamento, a pressão provoca outros efeitos no organismo humano. Leandro Tessler explica que, ao mergulharmos no mar, a cada 10 metros de profundidade, a pressão aumenta em 1 atmosfera (atm).
A partir de 4 atm, a pessoa começa a sofrer narcose de nitrogênio. Mergulhadores que utilizam suporte respiratório com uma mistura especial de oxigênio e hélio podem alcançar pressões de 10 a 20 atm, havendo relatos de mergulhadores que atingiram 30 atm.
Segundo o Manual MSD de Diagnósticos e Tratamento, a narcose de nitrogênio, também conhecida como “embriaguez das profundezas”, costuma afetar mergulhadores que respiram ar comprimido a partir de 30 metros de profundidade, e geralmente se torna incapacitante a 90 metros. Os sintomas são semelhantes aos da intoxicação alcoólica, incluindo dificuldades de raciocínio, desorientação e euforia.
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Natannael Almeida, professor de física do Colégio Presbiteriano Mackenzie São Paulo e do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP), acrescenta que o corpo humano, sem a proteção adequada e submetido a tais pressões, entraria em colapso completo.
Além disso, outros fatores, como a hipotermia (quando a temperatura do corpo está muito abaixo da condição ideal) e a hipoxemia (falta de oxigenação do sangue), poderiam ter levado a tripulação à morte, conforme lista Almeida.
O professor conclui afirmando que, em caso de implosão com esse nível de pressão, é altamente improvável que haja estruturas corporais intactas que possam ser identificadas, e mesmo se houvesse, os corpos seriam transportados por longas distâncias devido às correntes marítimas.
As informações são do Portal R7