Considerada a obra mais ambiciosa e também o mais famoso cartão-postal do Espírito Santo, depois do Convento da Penha, a Terceira Ponte, responsável por interligar os municípios de Vila Velha e Vitória, na Região Metropolitana do Estado, completa 34 anos nesta quarta-feira (23).
Assim como qualquer outro monumento que faz parte das grandes metrópoles, a Terceira Ponte chega a mais de três décadas de existência, tendo visto passar por ela uma parte significativa da história dos capixabas.
A construção da Terceira Ponte, cujo nome oficial é Ponte Deputado Darcy Castello, começou na segunda metade dos anos 1970, mas só foi finalizada quase no início da década de 1990, uma vez o empreendimento foi inaugurado, após inúmeras paradas e retomadas da obra, em agosto de 1989.
Relatos reunidos em arquivos virtuais consultados pela reportagem do Folha Vitória dizem que a ponte, uma das maiores empreitadas arquitetônicas em solo capixaba, viveu seu primeiro impasse já no dia inauguração, uma vez que uma manifestação capitaneada por professores e estudantes da rede pública tirou o brilho do evento organizado para celebrar, enfim, a conclusão do empreendimento.
Desde então, muitos anos, e também muitas águas passaram pela Terceira Ponte, cuja impavidez segue inabalável e o posto de um dos cartões-postais mais bonitos do Brasil permanece livre de qualquer ameaça.
No entanto, problemas estruturais, de segurança e de mobilidade urbana sempre fizeram parte de sua história, fazendo com que ela seja um dos principais desafios para os governantes do Executivo estadual, independentemente do viés político ou ideológico.
Exemplo disso é que o atual governador do Estado, Renato Casagrande (PSB), tem um curto espaço de tempo para achar uma solução para o problema do fim do contrato de concessão com a Rodosol – o certame se encerra em dezembro deste ano -, responsável pela administração da Terceira Ponte e da Rodovia do Sol.
Qual o futuro da Terceira Ponte após fim de contrato de concessão?
O Ministério Público Estadual (MPES) divulgou, no último dia 16, que estava encaminhando ao governo do Estado uma notificação recomendatória, dando ao Executivo estadual o prazo de 30 dias para que seja apresentado um plano de ação contendo as estratégias que serão adotadas visando à exploração e ao monitoramento das vias, pontes e ciclovias hoje administradas pela concessionária Rodosol após o fim do contrato.
Em termos práticos, por meio do documento endereçado ao Executivo estadual, o órgão ministerial quer que o governo diga como ficará a situação da Terceira Ponte, e também da Rodovia do Sol, até que uma nova concessão seja definida.
No documento, assinado pelo promotor de Justiça Rafael Calhau Bastos, da 27ª Promotoria Cível de Vitória, ao qual a reportagem teve acesso, é ressaltado o fato de o Estado ter contratado a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) para serviços de assessoria “especializada para a elaboração de um modelo de seleção destinado à concessão da Rodovia do Sol”.
O que acontece é que o contrato, firmado em julho deste ano, tem duração de 15 meses, fazendo com que o resultado da assessoria prestada pela Fipe seja entregue apenas em outubro de 2024.
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O prazo, entretanto, vai muito além da expectativa apresentada por Casagrande em fevereiro deste ano, durante uma entrevista concedida logo após a posse dos deputados na Assembleia Legislativa (Ales).
Na ocasião, Casagrande confirmou contrato com a Fipe e disse que a previsão era que dali a três meses, após a conclusão dos serviços de assessoria prestados pela fundação, fosse encaminhado ao Tribunal de Contas do Estado (TCES) um novo modelo de concessão da Rodovia do Sol e da Terceira Ponte.
“A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas foi contratada para fazer a modelagem de concessão. Daqui uns dois ou três meses, vamos definir o modelo e encaminhar ao Tribunal de Contas do Estado”, afirmou Casagrande em 1º de fevereiro deste ano.
O MPES, por outro lado, frisa no documento encaminhado simultaneamente à Secretaria de Estado da Mobilidade Urbana (Semobi), à Agência de Regulação de Serviços Públicos do Espírito Santo (ARSP) ao Departamento de Estradas de Rodagem (DER-ES), que a data do fim do contrato de concessão com a Rodosol se aproxima sem que haja respostas claras por parte do Executivo estadual.
“Nesse passo, que não fora exposto até a presente data a forma como se dará a gestão dos bens públicos objeto deste procedimento até que sejam ultimadas as providências para a nova concessão que será realizada, fato que pode acarretar consequências negativas na vida e na segurança dos cidadão. A demora na definição do modelo de gestão temporária da Rodovia do Sol, e notadamente da 3ª Ponte, tem a potencialidade de afetar a capacidade das autoridades em fornecer respostas eficazes e eficientes em casos de acidentes, incidentes ou outras situações de urgências”, diz trecho da notificação recomendatória do MPES.
Procurada pela reportagem no dia em que a notificação do MPES foi divulgada, a Semobi informou que “o governo do Estado está tomando todas as medidas, que serão anunciadas posteriormente”.
Ampliação e inauguração de uma ciclovia
Com a adição de uma faixa em cada sentido, a ponte agora contará com um total de seis faixas, aumentando a capacidade de tráfego de veículos em cerca de 40%.
Também será inaugurada a Ciclovia da Vida, uma estrutura metálica que se estende ao longo da Terceira Ponte, permitindo que ciclistas realizem uma travessia segura entre as duas cidades.
Além de oferecer uma alternativa saudável de mobilidade, a ciclovia também desempenha um papel crucial como barreira de proteção ao suicídio.
As melhorias pretendem contribuir com a redução dos congestionamentos, diminuindo o tempo de viagem, trazendo mais segurança viária e reduzindo o número de acidentes, considerando a faixa exclusiva para ônibus e veículos de serviço, à direita, que também irá comportar motociclistas.
Show de drones e show das águas
A inauguração da Ciclovia da Vida e da ampliação da Terceira Ponte será marcada por um grande festival, batizado de Festival Luzes pela Vida.
O evento vai começar a partir das 16 horas, neste domingo (27), no Cais das Artes, e vai unir música e luzes na celebração do novo marco na mobilidade capixaba.
Durante o evento, realizado pelo Governo do Estado e pela Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio-ES), haverá um show de Luzes no Céu, com 150 drones e um Show das Águas, quando as águas na baía de Vitória serão iluminadas.