Nove terminais de passageiros do Sistema Transcol, na Grande Vitória, estão sem o alvará de funcionamento do Corpo de Bombeiros. Foi o que apontou os documentos que foram obtidos com exclusividade pelo jornalismo da TV Vitória. Além disso, alguns terminais também estão sem extintores de incêndio nos pátios.
São cerca de 670 mil pessoas que utilizam o transporte urbano na região metropolitana do Estado. A maioria não tem como fugir dos terminais. São dez terminais de ônibus e todos os dias passam por eles uma média de 45 mil pessoas. Nos horários de pico, pela manhã e no final da tarde, o movimento é intenso e é nessa hora que mora o perigo.
Não é a primeira vez que a TV Vitória flagra irregularidades nos terminais e ônibus da Grande Vitória. Em 2013, uma investigação revelou que todos os terminais funcionavam sem alvará e também não havia extintor de incêndio em vários pontos. Além disso, os hidrantes estavam em péssimo estado e conservação. E esses flagrantes se repetiram.
O alvará funciona como uma licença concedida pela prefeitura, estado, bombeiros ou órgão específico de atuação de cada estabelecimento. Quando o alvará está vencido, nada garante que as medidas de segurança do local estão de acordo com o que determina o Corpo de Bombeiros.
O engenheiro em segurança do trabalho Jorge Rodrigues analisou as imagens gravadas pelo produtor. “O mais agravante é a ausência de extintores de incêndio. Imagina um incêndio em uma instalação dessa? Se não houver uma condição de combater o foco inicial, e se não tiver pessoas treinadas para usar esses extintores, pode ocorrer um pânico nesse local”, afirmou.
Documentos obtidos, também com exclusividade, revelaram ainda que, após o vencimento, há quase um ano, ainda não foi solicitada a realização de uma nova vistoria. “O que é a negligência? É você se omitir ao fato lógico. Se a lógica é manter todos os equipamentos funcionando com os alvarás em dia, essa responsabilidade é do gestor. Se houver alguma coisa ele pode ser responsabilizado criminalmente”, disse o engenheiro em segurança do trabalho.
Sobre a responsabilidade, o engenheiro disse que o governo não adivinha o que está acontecendo. “Ele precisa ser acionado para fazer as regularizações. O gestor tem que colocar aquele terminal em condições para que receba a vistoria e sem que ela registre irregularidades”.
Outro lado
Na Grande Vitória quem administra os terminais é a Companhia de Transportes Urbanos da Grande Vitória (Ceturb-GV). “Houve alguns problemas internos para contratar a empresa que faria o projeto e daria entrada junto ao Corpo de Bombeiros, mas estamos finalizando o termo de referência e vamos contratar essa empresa para fazer o projeto e vamos dar entrada”, disse o diretor-presidente da Ceturb, Alex Mariano.
Sobre a ausência dos extintores de incêndio nos terminais de São Torquato, Itaparica e Vila Velha ele disse que nesses locais os extintores estão na sala de operação. “Existia muito ato de vandalismo em relação a eles. Pessoas que chegaram a furtar, ligar de uma hora para outra, então foi uma opção que fizemos naquele momento de colocar na sala de operação, pois lá é monitorado todo o terminal e sempre há os operadores”.
O executivo assume que essa história de fato está demorando muito tempo. “Teve um problema na laboração do termo e realmente eu acho um tempo um pouco exacerbado. Todos os terminais têm a parte de hidrante, de protetores atmosféricos, que são chamados para-raios, e eles estão instalados. O que falta na verdade é uma configuração final de indicação do projeto para conseguir a liberação do alvará. Não tem dúvidas de que os terminais estão seguros para os usuários”, destacou.
O Corpo de Bombeiros foi procurado para falar sobre a situação dos nove terminais do Sistema Transcol que estão sem alvará, mas a assessoria informou apenas que a demanda é de responsabilidade da Ceturb.