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Tradição e Sabor: Torta Capixaba é fonte de renda e impulsiona turismo no Espírito Santo ​

Produção do prato envolve pescadores, marisqueiros, cozinheiros e produtores de palmito ​

Um dos pratos mais famosos do Espírito Santo, a Torta Capixaba preserva a nossa tradição e promove o desenvolvimento econômico, geração de renda e oportunidades na cadeia de produção de peixes e mariscos na região de Vitória. O prato, que é originário na Ilha, reforça a identidade marítima do estado.

Diversas atividades manuais e artesanais compõem a cultura popular de Vitória, e boa parte delas estão intimamente ligadas à culinária. É o caso das Desfiadeiras de Siri da Ilha das Caieiras e as Paneleiras de Goiabeiras, por exemplo. É a culinária que move a economia da Ilha das Caieiras.

Foto: Emerson Ferreira
Área do píer utilizada pelos restaurantes e barcos usados na pesca

Torta é fonte de renda e desenvolvimento econômico

A Torta Capixaba também impulsiona o turismo. Dados da Companhia de Desenvolvimento de Vitória, CDV, mostram que em 2018, o 14º Festival da Torta Capixaba conseguiu elevar o número de visitantes na Ilha das Caieiras, em Vitória. O evento é promovido pela Prefeitura anualmente.

Nos quatro dias do evento, realizado entre 29 de março e 1 de abril do ano passado, quase 8 mil pessoas frequentaram o Festival. Entre eles, estão moradores e turistas de várias partes do país.

Foto: Prefeitura de Vitória/ André Sobral
Festival da Torta Capixaba é realizado na Ilha das Caieiras, na capital capixaba

Foto: Divulgação/CDV
Dados do Festival da Torta Capixaba em 2018

Segundo a CDV, 38 expositores produziram e venderam no local mais de 4,5 toneladas de Torta. Por causa de problemas no abastecimento de algumas matérias primas da torta, muitos expositores reduziram a produção do prato. Outros expositores substituíram alguns ingredientes. Mas, mesmo assim, o faturamento ficou em torno de R$ 500 mil nos quatro dias de evento. Além disso, o Festival garantiu quase 50% de ocupação na rede hoteleira da capital. 

O diretor presidente da CDV, Leonardo Caetano Krohling, explica que são quase 5 toneladas da Torta produzidas na Ilha das Caieiras durante o Festival. “Boa parte da renda do Festival fica no bairro. É dinheiro que circula lá na região, isso é muito bom para a comunidade”.

Confira a avaliação do evento feita pelo diretor presidente da CDV, Leonardo Krohling

A edição de 2019 do Festiva da Torta Capixaba está confirmada, será realizada entre os dias 18 e 22 deste mês. Como nos anos anteriores, os expositores vão ocupar a rua Felicidade Corrêa de Souza, que fica no bairro.

Fabiana Vaz é proprietária de um dos restaurantes mais tradicionais da Ilha das Caieiras e diz que vê no Festival da Torta Capixaba uma oportunidade para aumentar as vendas e consequentemente o ganho. Ela já está se preparando para o evento, “só de palmito já estou estocando 300 quilos. Essa quantidade só vai dar para começar”, brinca.

Foto: Folha Vitória
Visitantes também podem apreciar outros pratos durante o Festiva

No Festival, o público encontra a Torta Capixaba e, é claro, outros pratos, como moquecas e mariscadas. Além de barracas montadas na rua, restaurantes da região também participam do evento, que conta com programação cultural, com atrações musicais, como samba e chorinho.

 A venda do palmito

Por falar em palmito, ele é um dos principais ingredientes do prato e em breve estará disponível para a compra em vários pontos da Grande Vitória. É tradição de muitas famílias reunir alguns membros para ir à compra do produto in natura.

Os vendedores são cadastrados nas prefeituras e, em todos os municípios, a fiscalização trabalha para que não ocorra a venda ilegal desse ingrediente que dá um toque especial à torta.

Foto: Folha Vitória
Palmito é vendido in natura na Grande Vitória

Segundo as prefeituras da Grande Vitória, a maior parte dos vendedores de palmito vem da região serrana do Espírito Santo e do sul da Bahia. O período é oportunidade para esses produtores comercializarem a produção e terem renda extra.

Os locais da venda contam com uma área adequada para descarga do palmito, além de banheiros equipados, iluminação e limpeza diária.

Desfiadeiras de Siri

É muito comum para quem visita a Ilha das Caieiras, encontrar diversas placas e anúncios oferecendo mariscos frescos para a venda. Essa é uma atividade fundamental para a Torta Capixaba, além de ser fonte de renda para a comunidade local.

Foto: Emerson Ferreira
Trabalho das desfiadeiras é todo feito à mão

Desfiadeira de Siri há mais de 30 anos, Simone Leal, é casada e tem dois filhos. Eles representam uma típica família da Ilha das Caieiras. Enquanto o marido é pescador, ela é responsável por cuidar dos mariscos e do pescado, além de produzir a principal comida típica da região, a Torta Capixaba. “Aqui na Ilha das Caieiras, a maioria dos maridos saem para pescar e as mulheres ficam em casa para manipular os mariscos”. Simone conta que durante o período da Semana Santa, ela e o marido conseguem “tirar o 13º salário”.

Sabores capixabas encantam os turistas

Quem trabalha diretamente com turistas, como o turismólogo Bruno Dias, diz que muitos visitantes vem ao estado em buscas das belas praias e também da culinária. Ele, que recepciona os turistas diariamente no Terminal Rodoviário de Vitória, comenta que a moqueca capixaba é sempre lembrada, mas que ao conhecerem a Torta Capixaba, os turistas viram fãs.