Geral

Tragédia de Mariana: Baixo Guandu terá nova captação de água

Infraestrutura está em construção e irá trazer uma alternativa ao abastecimento de água no município, a partir do rio Guandu

Foto: ArcGis Earth/divulgação

Trajeto da tubulação da Adutora Rio Guandu que será implantada pela Fundaça Renova em Baixo Guandu

O município capixaba de Baixo Guandu, no Noroeste do Espírito Santo, receberá uma adutora que irá compor o atual sistema de abastecimento de água na região. As obras da captação alternativa de água no rio Guandu iniciaram neste ano e cerca de 31 mil habitantes serão beneficiados com a obra.

A estrutura é construída pela Fundação Renova, como forma de compensação pelos prejuízos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, distrito de Mariana (MG), em novembro de 2015 e que afetou cidades mineiras e capixabas banhadas pelo rio Doce.

>> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas? Participe da nossa comunidade no WhatsApp ou entre no nosso canal do Telegram!

Atualmente, o município utiliza a água captada do rio como fonte de abastecimento da população. Com a Adutora Rio Guandu, haverá mais uma possibilidade de captação, que será utilizada conforme definição da concessionária municipal.

Serão investidos cerca de R$ 4 milhões nas obras realizadas pela Fundação Renova, que envolve a contratação de uma empresa local e 40 cerca de colaboradores do município para execução. A Prefeitura Municipal de Baixo Guandu e os órgãos ambientais emitiram licença para o projeto. 

“Após estudos técnicos, houve a escolha pelo rio Guandu em razão do manancial ser o mais próximo do município e ter boa vazão de água. Dessa forma, terá volume para complementar o abastecimento da cidade, caso seja necessário, e garantir mais segurança hídrica à população”, destaca Thyago Felix, gestor de projetos e obras da Fundação Renova.

Adutora Rio Guandu

O projeto da Adutora Rio Guandu contempla a infraestrutura de captação de água no rio Guandu, com instalação de sala de painéis elétricos, cabine de medição e bombas flutuantes; a adutora, com a instalação de tubulação com 1 km de extensão, saindo do rio Guandu e levando a água bruta até a Estação de Tratamento de Água (ETA), na sede da cidade, para ser tratada (confira o mapa anexo); e um desarenador, que é um tratamento preliminar para remover excesso de areia da água antes de entrar na ETA.

LEIA TAMBÉM: Justiça determina que Vale e BHP depositem R$ 10,3 bi para ações em cidades do ES

A obra atende à cláusula 171 do Termo de Transação e de Ajustamento de Conduta (TTAC), que determina a construção de sistemas alternativos de captação, adução e melhoria das estações de tratamento de água para as localidades atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão e que captam diretamente do rio Doce. 

A meta é reduzir em 30% a dependência de abastecimento direto a partir do “rio Doce”, como medida reparatória.

Etapas da obra

Atualmente, a obra encontra-se na fase de execução da infraestrutura necessária à captação alternativa com execução de terraplenagem, soldas da tubulação e escavação.

Após a finalização das obras, será realizada a etapa de comissionamento para verificar o funcionamento de todo o sistema, com análises elétricas e hidráulicas. 

A etapa seguinte é definida como operação assistida, quando a equipe técnica do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Baixo Guandu operará o sistema da adutora, com a Fundação Renova acompanhando e dando apoio ao processo. 

A última etapa será a entrega oficial pela Fundação Renova da Adutora Rio Guandu para o município e a comunidade. Após a entrega, o ente municipal assume a operação, conservação e manutenção do novo sistema. A previsão é de que a entrega ocorra até o primeiro semestre de 2024. 

Relembre a tragédia

Em 5 de novembro de 2015, a barragem de Fundão, de responsabilidade da Samarco, se rompeu em Mariana, no estado de Minas Gerais, causando uma grande enxurrada de lama que devastou o distrito de Bento Rodrigues e atingiu 39 municípios, sendo quatro no Espírito Santo: Linhares, Colatina, Baixo Guandu e Marilândia.

Ao todo, 19 pessoas morreram, as comunidades de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo foram arrasadas e os 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro foram lançados no rio Gualaxo do Norte e contaminaram os 670 km do leito do Rio Doce, até o litoral do Espírito Santo, mais especificamente em Regência, no município de Linhares.

Foto: Reprodução TV Vitória

Rio Doce na altura de Colatina poluído pela lama vindo da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em dezembro de 2015

Desde então, pessoas que sofreram prejuízos estão sendo indenizadas pela Fundação Renova, entidade que representa as mineradoras Samarco, Vale e BHP Billiton e que foi criada para lidar com a reparação dos danos causados pela tragédia ambiental.

Os acordos individuais têm valores específicos para cada uma das famílias atingidas e são confidenciais, de acordo com a Fundação Renova.

Tanto tempo depois, o alaranjado da lama já não é mais visto no Rio Doce e nem em Regência. Apesar disso, os vestígios dos rejeitos ainda se fazem presentes e seguem impactando pescadores e moradores que dependiam do rio.